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Ameaça em Alta Velocidade

Como filha do presidente do motoclube Satan’s Sons, aos 16 anos Abby se recusa a agir como a irmã gêmea e se envolver com os motoqueiros perigosos que a cercam.

Isso até que ela conhece Kade “The Reaper” Wilson, um motoqueiro sem coração conhecido por sempre conseguir o que quer. E o que ele mais quer no mundo, é Abby.

Ele promete voltar para fazer Abby sua assim que ela completar 18 anos, mas a estrada para o felizes para sempre está longe de ser tranquila para estes dois.

Classificação etária: 18+

 

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Resumo

Como filha do presidente do motoclube Satan’s Sons, aos 16 anos Abby se recusa a agir como a irmã gêmea e se envolver com os motoqueiros perigosos que a cercam. Isso até que ela conhece Kade “The Reaper” Wilson, um motoqueiro sem coração conhecido por sempre conseguir o que quer. E o que ele mais quer no mundo, é Abby. Ele promete voltar para fazer Abby sua assim que ela completar 18 anos, mas a estrada para o “felizes para sempre” está longe de ser tranquila para estes dois.

Classificação etária: 18+

ABBY

Todo mundo recebe uma educação.

Todo mundo aprende os fundamentos da vida pelos pais, e às vezes os fundamentos da vida dos pais nem sempre são os melhores.

Aprendi a enrolar um cigarro antes de ser ensinada a amarrar o cadarço.

Suponho que na maioria das famílias isso seria considerado estranho, mas na nossa, era normal.

Meu pai, Jed Harrison, era presidente da Sede do Moto Clube Satan’s Sons.

Ele era um homem duro e grosseiro que esteve ausente durante a maior parte da minha infância.

Minha irmã, Kim Harrison, era alta e loira, e naturalmente atraía olhares. Ela tinha a habilidade de chamar a atenção de qualquer homem e não precisava de esforço para mantê-los hipnotizados.

Ela também era minha irmã gêmea.

Tínhamos características semelhantes—alta, magra e loira, mas se você olhasse de perto, existiam diferenças perceptíveis. Para a maioria das pessoas, as diferenças eram muito pequenas.

O Moto Clube que chamávamos de lar estava localizado no sertão, em aproximadamente quatro hectares no topo de uma grande colina.

O clube não era tradicional.

A casa principal onde morávamos, a garagem e o bar eram cercados com arame farpado, o que passava uma mensagem clara…

Cai fora!

O bar tinha mesas de sinuca, TVs em todas as paredes e quartos no final do corredor para quando os casais não pudessem voltar para a casa principal.

Kim e eu aprendemos o código de irmandade e entendemos o mundo que para a maioria das pessoas era um mistério.

Sabíamos as diferenças entre as mulheres do clube e as “patroas”.

Papai sempre dizia: “A patroa de um irmão sabe apenas o que ele diz a ela”.

Nunca deveríamos interferir. Vimos muitas coisas, mas sempre ficamos de boca fechada.

Papai muitas vezes nos fazia ir para as corridas do clube—as que não eram perigosas. Ele levava nossa segurança a sério e não confiava em ninguém com isso.

Mamãe nos deixou, mas não foi por escolha própria.

O câncer de mama a levou quando Kim e eu ainda éramos pequenas, por volta de dez anos de idade.

Perdê-la não apenas doeu, mas nos destruiu.

Kim e eu já nos demos bem, no entanto, depois da morte de mamãe, não conseguíamos ficar no mesmo cômodo sem querer matar uma à outra.

Papai deu o melhor de si, mas não nasceu para ser pai e, na verdade, ele nunca quis ser um.

Ele deveria ser a figura paterna distante que aparecia de vez em quando, nos dizia que nos amava e partia de novo, mas ele teve de cuidar de nós em tempo integral, e isso realmente foi uma bomba em sua ideia de paternidade.

Então, nós crescemos no clube. Não é o melhor dos lugares para criar duas garotas em desenvolvimento, mas os meninos nos colocaram sob suas asas também, e nunca nos fizeram mal.

Minhas melhores memórias são as de motociclistas—criminosos e tatuados.

Kim se dedicou às compras, ao flerte e à maquiagem. Eu me dediquei à arte e ao estudo, e me afastei o máximo que pude das pessoas.

Kim amava o ensino médio; eu odiava.

Papai, ou “Roach” como era conhecido no clube, não se importava com o que fazíamos, contanto que fôssemos felizes, e acho que à nossa maneira distorcida, nós éramos.

Kim era feliz roubando cigarros das jaquetas dos motociclistas e saindo escondido com garotos. Eu era feliz desenhando no meu quarto.

Os anos passaram lentamente e, em pouco tempo, eu fiz dezesseis anos; ou devo dizer, nós fizemos dezesseis anos.

Meus interesses continuaram os mesmos: eu desenhava e ia para a escola.

Tirando os palavrões e as brigas ocasionais, eu era uma aluna exemplar e a filha que não fazia a cabeça de papai explodir a cada cinco minutos, ao contrário de minha irmã.

O interesse de Kim por garotos havia desaparecido. No começo eu achava que era porque ela já tinha fodido com todos eles.

Mas o verdadeiro motivo era que ela tinha uma queda pelo vice-presidente de papai, Trigger.

Meu pai estava cego para a atração escancarada de Kim por Trigger, mas o resto do mundo não; pelo menos, eu não estava.

Toda vez que eu olhava para cima, parecia que um deles estava lançando olhares sugestivos para o outro.

Eu não sabia o que Kim via nele, muito menos o porquê de ela querer ir tão longe com isso—onde tantas outras mulheres já foram antes.

Ele era um homem, ela era apenas uma menina, mas esses fatores não pareciam impedir nenhum dos dois.

Trigger era o motociclista estereotipado. Quando ele não estava olhando para minha irmã, estava dando uma surra em alguém ou mexendo em sua Harley.

Ele era extremamente alto, tinha músculos enormes, e carregava um olhar de quem estava puto o tempo todo.

Papai disse que Trigger era o melhor vice-presidente que ele poderia ter pedido. Ele era alguém que não se importava em “sujar as mãos”.

Particularmente, eu tinha muito medo dele, e fazia de tudo para evitá-lo.

Ser criada em um moto clube significava duas coisas—eu sabia o que era sexo antes de qualquer outra criança da minha idade, e seria bartender assim que pudesse segurar um copo e servir uma bebida sem derramar.

O que me levou a este ponto da minha vida: servir motociclistas bêbados e mal educados atrás de um bar enquanto Kim se sentava em um canto e observava Trigger com um olhar que dizia “me foda”.

***

Servi Gitz—que na verdade se chama Brad—outra dose forte.

Ele, ao contrário de todo mundo, não estava curtindo a festa animada que papai estava dando para uma gangue visitante.

Ele não saía de perto do bar e também não parava de empurrar o copo vazio de volta para mim.

Gitz tinha vinte e poucos anos; ele usava muitos palavrões e dormia com muitas mulheres do clube, mas uma chamada Lilly sempre teve sua atenção.

Ela foi embora na semana passada—ainda que Gitz tivesse votado contra, papai permitiu que ela saísse do clube após sete anos de serviço.

As mulheres do clube são propriedade dele e, como os motociclistas, passam por um juramento.

No entanto, ao contrário dos motociclistas, elas não são respeitadas e geralmente são chamadas de “vagabundas do clube”.

Imaginei que era por isso que Gitz estava bebendo tanto e ignorando a festa ao seu redor.

Ele não iria admitir em voz alta, mas gostava de Lilly, e foi seu orgulho estúpido que o impediu de torná-la sua patroa.

Pelo que Lilly me contou, esse foi parte do motivo pelo qual ela saiu.

“Abby, querida!” Papai bateu com a cerveja no balcão, com o rosto vermelho e corado de empolgação. “Precisa de uma pausa, meu bem?”

Me tornar bartender não era realmente meu objetivo de vida, mas não lutei contra isso.

“Não, pai, estou bem.” Eu abri um sorriso para ele, enchi o copo de Gitz e, em seguida, tirei algumas cervejas da geladeira.

“Faça uma pausa, querida; você tem enchido o copo de Gitz o dia todo.” Papai acenou com a mão bêbado para eu sair.

Sem querer entrar em uma discussão, saí do caminho e deixei outro cara, Tom, assumir.

“Acho que vou tomar um ar então.”

Eu dei um tapinha no ombro de papai e passei por ele. Quando papai bebia, seu exterior duro lentamente se suavizava.

Era um dos raros momentos em que me lembrava do meu pai de infância. Não o “Roach” que todos conheciam.

Abri caminho através da multidão até empurrar a porta dos fundos e saí para o ar fresco.

O beco mal iluminado ficava centrado entre o bar e a casa principal.

Era onde ficavam as latas de lixo, e não era a porta mais usada, mas foi minha fuga rápida.

Eu estava subindo o beco em direção à casa quando ouvi a porta dos fundos se abrir atrás de mim e alguém sair.

Eu me virei. Ninguém mais usava aquela porta, e eu congelei quando meus olhos pousaram nos dele completamente embriagados.

Meu sangue gelou e eu soube instantaneamente que estava fodida .

REAPER

Um homem bêbado tem uma alma feliz.

Meu pai me criou para acreditar nisso, e lá estava eu, aos vinte anos de idade, cambaleando para fora da porta dos fundos do clube.

O Moto Clube sabe como dar uma festa de boas-vindas.

Eu estava encostado em uma lata de lixo, tentando muito conter o álcool, quando ouvi um grito.

Olhando ao redor do território escuro, não consegui ver nada fora do lugar.

Então, ouvi o grito mais uma vez, seguido por uma conversa abafada.

A batida da música do clube e o barulho alto de homens bêbados abafaram os sons, e eu não podia ter certeza se era minha mente imaginando coisas.

Colocando uma mão na parede, eu segui o som até que a vi…

Gritando e batendo seus punhos minúsculos contra os ombros de um homem enquanto ele agarrava seus quadris.

Pisquei para afastar o borrão que dominava minha visão por conta da bebida, lutando para não desmaiar.

“Eu não sou Kim!” ela gritava, frenética, enquanto batia nele.

Quanto mais ela se movia, mais ela ficava presa.

Ele a prendeu contra a parede, esfregando-se contra ela.

Ele não estava interessado no que ela estava dizendo, e eu sabia que havia apenas uma coisa passando por sua mente.

Dei um passo para trás e pensei em me afastar completamente—não era minha função ficar no caminho.

Mas eu me encontrei indo em direção a eles.

“Me solta, Trigger!” ela gritou. O terror e o pânico em sua voz revestiam cada palavra.

“Ei!” Gritei no beco e sabia que ele tinha me ouvido, mas sendo o idiota bêbado que era, me ignorou. “Você ouviu o que ela disse. Saia de cima dela!”

Trigger tinha esse nome porque era sempre o primeiro a puxar o maldito gatilho. Ele era um completo idiota, e nós já brigamos várias vezes.

“Cai fora, Reaper. Isso é entre eu e minha namorada.” A raiva se espalhou pelo rosto de Trigger enquanto ele disparava as palavras para mim.

Embora o código de irmandade fosse nunca atrapalhar a foda de outro irmão, dei um passo à frente, chegando mais perto dele, como um aviso.

Eu estava prestes a mostrar o porquê me chamavam de Reaper , o Ceifador.

“Ela não está no clima. Agora dê o fora.”

Manter meu temperamento sob controle não era meu forte, e o álcool aumentou minha raiva mais ainda.

Eu olhei para a garota; ela estava apavorada, enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto.

“Eu não sou a porra da Kim,” ela gritou na cara dele, e o empurrou de novo com toda sua força, mas nem mesmo o moveu.

Ela era fraca, pequena e, depois de dar uma segunda olhada, ficou claro que ela também era nova.

Eu já avisei; ele não ouviu.

Deixando meu temperamento tomar conta, avancei e o agarrei pela nuca.

“Você não me ouviu, porra?” Eu disse. “Saia de cima dela!”

Eu o joguei para trás, arrancando suas mãos sujas dela.

Ele estava furioso. Quase pude ver o vapor saindo de suas orelhas.

Eu o desafiei com meus olhos, querendo que ele viesse para cima de mim. Nada como uma briga por uma mulher—embora, neste caso, possa ter sido uma garota.

“Tanto faz.” Ele olhou para ela, com os olhos queimando de raiva. “Eu vou te foder mais tarde, Kim.”

Eu o observei cambalear, como o vice-presidente de bosta que ele era. Eu nunca poderia acreditar que o Presidente realmente respeitava aquele merdinha.

Eu me virei para olhar para ela.

Sua respiração estava pesada quando ela se encostou na parede.

Seus olhos encontraram os meus, e foi isso; ela entrou em colapso.

Suas lágrimas escorriam mais rápido sem parar.

Eu odiava mulheres chorando mais do que odiava a porra da lei, mas não a deixei.

“Fique calma, meu bem. Ele já foi.” Eu coloquei minha mão em seu ombro, me abaixando para olhar em seus olhos embaçados.

Eu não sabia o que diabos estava fazendo. Eu fiquei lá, parecendo mais um novato a cada segundo que passava.

Seus soluços logo se tornaram histeria, fazendo com que sua respiração acelerasse.

Puta merda. O que eu faço?

Eu gostaria de ter prestado mais atenção à porra do Dr. Phil, ou algum outro programa de TV diurno de merda.

Afastei o cabelo loiro de seu rosto liso e pálido.

Nunca tinha visto ninguém chorar tanto quanto ela.

“Fique calma, meu bem.” Eu acariciei seu ombro, parado na frente dela sem jeito.

Eu estava tão longe do meu território; eu deveria apenas ter ficado na porra da lata de lixo.

Ela encostou a cabeça no meu peito e eu passei meus braços em volta dela, enquanto ela continuava a chorar, logo encharcando minha camiseta com lágrimas.

Meu batimento cardíaco disparou.

Esta jovem confiou em mim o suficiente para me deixar tocá-la. Ela nem me conhecia, mas ela estava se agarrando a mim como se não houvesse o amanhã.

Seu pequeno corpo se curvou em meu peito perfeitamente. Eu mantive meus braços em volta dela, sentindo como se a estivesse protegendo de todo o maldito mundo.

“Eu… ele…,” ela gaguejou em meu peito. “Se você não tivesse aparecido…” Ela afastou a cabeça do meu peito e olhou para mim. “Obrigada.”

Eu encarei seus olhos azuis cristalinos, que eram emoldurados por círculos vermelhos e inchados.

“Obrigada, Kade.”

Lágrimas grossas deslizaram por suas bochechas, mas ela manteve os olhos fixos nos meus.

“Você me conhece?” Eu teria me lembrado de tê-la conhecido porque ela tinha um rosto e um corpo que qualquer homem jamais esqueceria.

“Você é o vice-presidente do Moto Clube Ocidental Satan’s Sons.” Ela engoliu em seco. “Todo mundo conhece você.”

“Nem todo mundo, querida.”

Meus lábios se contorceram em um sorriso malicioso, e não pude evitar de enxugar os olhos dela com as costas da manga.

“Você está bem agora?”

Ela assentiu. “Acho que sim.”

Seus longos cílios tremularam para mim.

“Obrigada, Kade. Eu te devo uma.”

Eu poderia contar com uma mão quantas pessoas me chamavam de Kade: minha mãe, meu pai, meu irmão, meu presidente quando ele estava puto e essa doce menina.

Fui chamado de “Reaper” antes mesmo de assumir o cargo de vice-presidente, porque eliminava o peso morto do mundo.

“Você quer que eu te leve para casa?” Perguntei à garota, observando enquanto ela enxugava as lágrimas.

Embora pensando melhor sobre isso, eu estava longe de estar em um estado adequado para dirigir qualquer veículo motorizado.

Como uma menina tão doce veio parar aqui, eu não sabia, mas esperava que isso a ensinasse a ficar bem longe de lugares como este e das pessoas que moram neles.

“Não.” Ela balançou a cabeça. “Eu moro aqui.”

No clube dos Satan’s Sons?

Eu olhei para ela de cima a baixo novamente.

Ela parecia muito jovem para ser uma prostituta do clube ou, como alguns se referem a elas, propriedade do clube.

Ela também não parecia uma.

Ela não parecia o tipo de garota que deveria estar em um clube cheio de motociclistas imundos.

Ela era o tipo de garota com quem um cara como eu nunca teria uma chance.

“Quantos anos você tem?” Eu perguntei a ela. Eu sentia minha curiosidade crescer cada vez que olhava para aqueles olhos azuis cristalinos.

“Dezesseis.” Seus olhos se encontraram com os meus. “Por quê?”

Se você fosse maior de idade, menina… Malditos deuses por criarem tal tentação.

“É um pouco nova para ficar por aqui, não é?”

Coloquei meu braço na parede. Seus olhos não desviaram dos meus nenhuma vez.

Aposto que ela ainda nem sabe o quão poderosas são aquelas joias azuis em seu rosto.

“Como eu disse, eu moro aqui.” Ela fechou os olhos brevemente e então olhou para o chão. “Posso te pedir uma coisa?”

Ela poderia ter me pedido qualquer coisa naquele momento, e eu teria feito.

Que merda está acontecendo comigo?

Eu não podia acreditar na quantidade de poder que ela de repente exerceu sobre mim. Mas ela tinha o tipo de beleza pela qual vale a pena ir à guerra.

Eu só podia imaginar como sua aparência seria à luz do sol.

Eu tinha certeza de que essas sombras escuras e o céu noturno estavam escondendo a maior parte de sua beleza de mim.

“Claro, querida, pergunte à vontade.”

“Não diga ao meu pai.” Ela colocou a mão no meu peito. “Ele adora o Trigger. Kim é uma idiota de merda.”

Quem diabos é Kim?

Ou melhor, quem diabos é o pai dela?

Eu estava prestes a fazer as duas perguntas a ela, mas parei quando alguém chamou meu nome.

“REAPER!” Banger gritou, arrastando sua bunda bêbada até dobrar a esquina.

Rapidamente bloqueei a menina da vista de Banger. “O que foi?” Gritei para ele.

“O Presidente quer falar com você.”

Ele tomou um longo gole de sua cerveja e jogou a garrafa de lado.

Eu olhei de volta para a garota, mas ela não estava olhando para mim; ela olhava para o chão.

A camiseta preta do Metallica agarrada ao seu corpo tinha subido, expondo a pele macia de sua barriga.

“Você ficará bem sozinha?” Eu perguntei. Eu realmente não queria deixá-la, e isso me incomodou.

Por que diabos eu me importava se essa garota estava bem ou não?

Eu já fui um cavalheiro—meu dever com ela havia acabado.

Mas mesmo assim não me mexi.

“Sim.” Seu cabelo loiro caiu para o lado quando ela olhou para mim. “Eu vou ficar bem.”

Eu não acreditei nela, mas Banger gritou para eu me apressar.

Eu assenti lamentando e comecei a caminhar de volta para o bar.

“Queria que você não tivesse que ir tão cedo,” eu a ouvi sussurrar atrás de mim.

Suas palavras me fizeram parar. Eu olhei para ela.

“Sim… e eu queria que você fosse maior de idade.”

“O proibido é sempre mais gostoso.” Os cantos de seus lábios se curvaram para cima e, pela primeira vez, eu a vi sorrir.

Eu soube naquele momento que era algo que eu jamais esqueceria, e eu queria me dar um soco por admitir isso.

Eu concordei, lançando um sorriso antes de caminhar até o beco para encontrar Banger, que reclamava da minha demora.

Eu não olhei para trás, mas eu queria.

 

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2

REAPER

Roach era um homem duro, frio e perverso.

Se você não o conhecesse, não lhe daria uma segunda olhada por medo de que ele pudesse rasgar sua garganta.

Ele era o presidente do Satan's Sons MC. Seu vice-presidente, Trigger, estava sentado ao lado dele, e ambos estavam em frente a mim e ao meu Presidente, Dane.

Algumas outras pessoas também ocupavam a mesa: Banger e Bleach do nosso lado, e Gitz e Cameron do lado deles.

Acendi um cigarro e olhei para Trigger.

“Nós concordamos em ajudar a trocar suas armas, irmão, mas não concordamos em herdar sua guerra com os Soldados.” Roach deu uma longa tragada no cigarro.

“Os Soldados não valem nossas balas”, disparou Banger. “Estamos lidando com isso; não tem nada a ver com vocês.”

“Eles atiraram em minha garagem, irmão. Isso nos torna parte disso,” Roach retrucou.

Parecia que a reunião não resolveria nada.

Todo mundo estava de ressaca e com os nervos à flor da pele.

Antes que os meninos pudessem abrir a boca e começar uma discussão inútil, um grito de gelar o sangue ecoou por toda a sala.

Todos pularam.

“Puta merda; a coisa ficou séria.” Gitz balançou a cabeça e, em um minuto, as portas duplas atrás deles se abriram com a entrada de uma ruiva muito zangada.

“Pai!”

Roach girou em sua cadeira.

“O que diabos você fez com a sua cabeça?!” ele disse, ficando de pé.

Pai?

Roach tem uma filha.

Eu olhei para Dane, mas ele não parecia surpreso.

“Eu não fiz essa merda! Eu acordei com essa merda!” ela gritou. “Foi a porra da Abby!”

Ela estava usando palavrões como um homem e gritando como uma louca. Pelo visto, filho de peixe, peixinho é. Eu me perguntei quanto tempo levaria até que ela também estivesse atirando nas pessoas e chantageando policiais.

“Abby!” Roach gritou.

“Viemos para a merda de uma reunião, não para um drama familiar,” eu sussurrei no ouvido do Presidente.

Eles estavam perdendo tempo. Eu adoraria passar um tempo com os irmãos e tudo mais, mas estava de ressaca, e a última coisa que eu precisava testemunhar ou ouvir era uma criança mimada reclamando com seu velho.

É por isso que se usa proteção antes de entrar em qualquer mulher.

“Irmão, você estará agradecendo a ele em um minuto.” Ele sorriu com um olhar de quem sabia o que estava por vir.

Olhei para trás e lá estava ela, usando a mesma camiseta da noite anterior, só que agora com um short extremamente curto.

Ela cruzou os braços e olhou para a ruiva.

Eu olhei entre as duas e percorri meus olhos sobre o rosto da ruiva.

Elas eram gêmeas—gêmeas idênticas—e a única diferença era o cabelo ruivo.

Puta merda.

Roach é o pai dela.

Roach e Abby estavam em um impasse.

“O que você fez, Abby?” Roach disse, furioso. “Por que você pintou o cabelo da sua irmã?”

“Porque era pintar o meu, pintar o dela ou cortar todo o cabelo dela.” Abby encolheu os ombros, mas manteve o rosto mortalmente calmo.

Era o tipo de calma que você esperaria ver antes de uma tempestade.

“Vermelho, pai, tinha que ser vermelho !” A gêmea malvada bateu o pé, ameaçando chorar.

“Abby, é melhor você começar a se explicar!” Roach ordenou, e eu não pude evitar o brilho no olhar que lancei em sua direção.

Roach era o dobro de dois homens de tamanho normal.

Ele era grande, intimidante, e eu realmente não gostava que ele falasse com ela daquele jeito.

Eu não sabia o porquê isso me incomodava. Acendi um cigarro e não consegui desviar o olhar, mesmo que quisesse.

“Tive vontade,” ela sussurrou para ele com fogo em seus olhos.

“Estamos prestes a assistir um show,” Bleach zombou.

“Às vezes tenho vontade de jogar vocês duas na rua. Não significa que eu faria isso !” ele disparou.

“Está vermelho, pai”, soluçou a ruiva.

“Agora veja o que você fez, Abby,” Roach deu um tapinha nas costas da ruiva.

“Deus me livre dos gritos de Kimberly,” ela disse, olhando para sua irmã.

“CHEGA!” Roach apontou o dedo para ela. “Explique-se, Abby, antes que você acabe indo para a merda da rua.”

“Fala sério, pai. Eu fiz um favor a ela. Agora ela pode foder de novo com cada cara na cidade como uma vadia ruiva.”

“PAPAI!” Kim gritou e recuou o punho para bater na irmã. Roach interferiu, mantendo-as separadas.

“Todos os dias, eu penso… como eu queria ter tido filhos homens, caralho!” ele gritou.

Abby continuou a encarar sua irmã, e eu tive a forte sensação de que sabia o motivo de ela ter decidido atacar o cabelo de sua irmã.

Trigger se recostou na cadeira, sorrindo. “Sabe, Kim. Eu gostei. Faz você parecer mais velha”, ele falou, passando os olhos por Kim.

Kim ficou corada.

Será que Roach aceitaria seu vice-presidente fodendo sua filha menor de idade?

A expressão de raiva no rosto de Roach me deu minha resposta.

“Ela ainda tem dezesseis anos, porra,” Roach disparou para seu VP. “E é melhor você parar de olhar para ela assim antes de eu arrancar seu pau fora.”

Acho que ele não sabia sobre o que seu VP estava fazendo com sua filha, afinal.

Voltei meu olhar para Abby, apenas para ter seus olhos fixos nos meus.

Eu tinha passado despercebido até agora.

Ela engoliu em seco e então seus olhos pousaram no chão.

Meu assento rangeu quando me endireitei.

Eu queria que ela olhasse para mim.

Por que diabos ela não olha para mim?

“Homens. Tudo que eu queria eram filhos homens, merda,” Roach murmurou baixinho, olhando entre suas duas garotas. “Bem, então, como vamos resolver isso?”

“Eu quero matá-la,” Kimberly disse.

“Com o quê, Kim? Um par de seus saltos altos?” Abby zombou.

“Você se acha tão esperta, rata de biblioteca,” Kim disparou, olhando ferozmente para Abby. “Por que você não faz a porra de um favor ao mundo e volta para a merda do seu quarto e fica por lá?”

“Você ao menos sabe como soletrar a palavra favor ?” ela retrucou, provocando sua irmã.

Eu gostava dela. E com certeza gostava daquele fogo em seus olhos.

“Chega!” Roach rugiu por cima de seu discurso. “Estou na merda de uma reunião.” Ele acenou com o braço ao redor da sala. “Este é meu CLUBE.”

As veias de seu pescoço saltaram.

“Calma, pai.” Os olhos de Abby se suavizaram e ela deu um tapinha no braço de seu velho. “Você vai ter um ataque cardíaco.”

“É verdade, pai, relaxa.” Kim deu um tapinha em seu outro braço.

“Eu preciso de um descanso”, ele disse, “das suas besteiras e das suas também.” Ele olhou entre as duas. “Sempre brigando, sempre reclamando. SEMPRE ME COLOCANDO NO MEIO!”

Sua voz foi alta o suficiente para fazer as janelas tremerem, e todos os homens na sala se encolheram, mas Abby e Kim não pareciam nem um pouco preocupadas com isso.

“Olha o que você fez,” Abby lançou para sua irmã.

“O que eu fiz?” Kim retrucou, mordendo a isca. “Você pintou meu cabelo, vadia!”

“Sim, e nós duas sabemos o porquê”, ela disse. “E se você não parar com esse chilique de merda, vou contar ao papai.”

Roach estava firme entre elas enquanto se ameaçavam, agindo como se ele nem estivesse lá.

“Me contar o quê?” ele saltou.

“Você quer matá-lo?” A voz de Kim tinha um tom agudo.

Era como se eu estivesse assistindo a uma porra de filme, embora Abby fosse mais sexy do que qualquer atriz.

Calma, Kade.

Menor de idade, lembra?

Abby era uma gostosa menor de idade na qual eu não tinha o direito de pensar.

“Eu adoraria.” Abby cruzou os braços. “Você sabe que não tenho nada a perder.”

“Você me quer morto, Abby?” Roach entrou na conversa.

“Cale a boca, pai; não estamos falando de você.” Kim ergueu a mão na cara dele.

Trigger parecia muito mais nervoso agora. Ele sabia o que estava fazendo—e com quem estava fazendo—na noite anterior.

Bastava um olhar para as gêmeas e eu poderia distingui-las agora, e não era apenas o cabelo ruivo.

Abby tinha suavidade em seus olhos. Ela era um pouco mais alta; seus seios pareciam feitos sob medida para minhas mãos; e ela tinha uma bunda que todos os homens olhariam quando ela se virasse.

Os seios de Kim eram menores e ela tinha uma bunda reta. Sem mencionar que ela parecia e se vestia como uma prostituta do clube.

Bastava um olhar e você saberia quem era quem.

“Tudo bem. Eu paro.” Kim cruzou os braços.

“Você não precisa. Sério, eu adoraria contar ao papai o que você me disse ontem à noite.”

Abby colocou um pouco mais de pressão na situação até que sua irmã se virou, balançando seus longos cabelos ruivos em seu rosto.

“Desculpe por incomodar você, pai. Nós já resolvemos.” Kim deu um grande sorriso ao pai e, em seguida, estendeu a mão. “Preciso de dinheiro.”

“Para quê?” Roach parecia um pouco mais relaxado.

“Para um novo guarda-roupa. Eu sou ruiva agora.”

“Eu não sabia que vadias vinham em outra cor,” Abby falou.

“Disse a gêmea feia.” Kim revirou os olhos.

Roach colocou um grande maço de dinheiro na mão de Kim. “Pronto. Sumam daqui vocês duas.”

Kim deu um beijo na bochecha de seu pai. “Até mais tarde, pai.”

Ela lançou um olhar furioso na direção de Abby e uma piscadela sugestiva para Trigger, e então saiu.

Abby seguia em sua direção, mas Roach colocou a mão em torno de seu braço, impedindo-a.

“Abby.”

“Sim?” Ela se virou e olhou para ele sem expressão.

“Você vai me dizer o que realmente aconteceu?”

“Não.”

“Alguém te machucou?”

“Não.”

“Você está mentindo?”

“Não.”

Ele acenou, suavizando seu rosto. “Você está mentindo, pequena.”

Eu tinha visto Roach matar um homem a sangue frio.

Eu tinha visto muitos lados desse homem, mas nunca tinha visto o lado suave e gentil.

Eu olhei para Dane, e ele sorriu de volta para mim.

Acho que ser pai faz coisas estranhas com um homem.

“Estou bem, pai. Desculpe por interromper sua reunião.” Um sorriso fraco traçou seus lábios.

Ele a puxou para um abraço, arrancando-a do chão.

Finalmente, ela me olhou nos olhos por cima do ombro do velho.

Seus pés balançaram no ar quando Roach a abraçou.

Droga, ela era linda.

“Você quer ficar para a reunião, pequena?” Ele a colocou no chão, esfregando o topo de sua cabeça. “Estamos falando sobre os Soldados.”

Isso era assunto do clube.

Mulheres não participavam dos negócios do clube.

“Acho que a sala está um pouco cheia. Te vejo mais tarde.” Ela estava bloqueada da minha visão, mas eu ainda podia ouvir sua voz.

“Certo, pequena. Pode ir então.”

Abby fechou as duas grandes portas de madeira atrás dela.

Roach voltou para sua cadeira, afundou-se nela e pegou sua garrafa de cerveja.

“Não tenham filhas. Que isso sirva de lição para vocês, rapazes— ele grunhiu.

Dane resmungou uma risada profunda enquanto os dois compartilhavam alguma piada paternal juntos.

A reunião continuou, mas eu não poderia mentir e dizer que minha mente não estava nos olhos azuis opala e no corpo incrível de uma certa garota de dezesseis anos.

ABBY

Constrangimento é algo a que estou acostumada.

Crescer em torno de tantos homens e ser extremamente atrapalhada são consequência disso.

Mas esta manhã, eu recebi uma dose enorme—quase uma overdose—de constrangimento, pois não só fui criticada por Kim, mas também repreendida por meu pai, na frente do homem em quem eu não consegui parar de pensar a noite toda.

Kade Wilson—também conhecido como Reaper, o Ceifador.

Ele tinha um aspecto de “bad boy”, e até uma santa se apaixonaria por sua aparência—aqueles olhos escuros profundos, aquele sorriso sexy e aquele corpo.

Eu sabia que não eram apenas meus hormônios desejando-o, porque qualquer mulher com um par de olhos estaria fazendo o mesmo.

Eu estava cantando desafinado, alto, uma música do Metallica quando meu pai invadiu meu quarto.

“Pai, já ouviu falar em bater?” Eu disse antes de me abaixar e pegar meu pincel.

Ótimo, outra mancha no meu tapete.

“É melhor começar a explicar por que diabos acabei de receber uma carta da escola, Abby.” Ele chacoalhou um pedaço de papel na minha cara.

Eu o tirei de suas mãos e li a carta bem escrita, que detalhava uma suspensão—minha suspensão.

“Eu não fiz nada.” Eu estava pasma.

A carta afirmava que eu estava sendo suspensa por maltratar um professor. Claro, eu posso ter sido um pouco cabeça-dura às vezes, mas não conseguia me lembrar de uma ocasião em que tivesse maltratado um professor.

“A carta está me dizendo o contrário”, papai grunhiu, sem acreditar na minha negação.

“Eu não fiz isso.” Devolvi-lhe o pedaço de papel. “Eles devem ter confundido Kim e eu, porque eu nem mesmo tenho a Sra. Matthews como professora!”

Eu observava enquanto papai pensava sobre isso.

Finalmente, ele soltou um suspiro profundo e se virou bruscamente. “KIMBERLY!” Ele fechou minha porta ao sair furioso pelo corredor.

Kim foi suspensa.

De novo.

Que surpresa.

Eu olhei de volta para minha pintura. Havia algo errado e eu não sabia dizer o que era, mas faltava alguma coisa na obra de arte abstrata. Talvez eu só precisasse de uma pausa.

Eu estava limpando o pincel na pia do meu banheiro quando ouvi as botas grandes de papai entrarem no meu quarto.

“Abby, não estou encontrando Kim.”

Eu olhei para o meu espelho e vi o reflexo do meu pai olhando atrás de mim.

“Bem, eu não tenho a menor ideia de onde ela está.” Eu poderia adivinhar, no entanto; era o mesmo lugar que Trigger estava.

Eu gostava da minha irmã—só um pouquinho—e sabia que contar a papai que Kim estava saindo com Trigger faria da vida dela um inferno.

“Você se cortou?” Papai se aproximou, olhando para a pia cheia de líquido vermelho.

“Não, é só tinta.” Mostrei a ele os pincéis limpos. “Eu não sou tão estúpida, pai.”

“Que bom. Não quero que você faça nenhuma dessas merdas de corte com navalhas. É muito bonita para cicatrizes.” Ele bagunçou meu cabelo. “Vou dar uma saída. Volto antes da festa hoje à noite.”

“Hum, pai,” eu me virei. “O Moto Clube Ocidental ainda está aqui?”

“Eles não foram embora, mas devem ir em alguns dias.”

Ele estreitou os olhos, olhando para mim com desconfiança. “Por quê?”

“Apenas me perguntando para quantos vou ser bartender hoje.”

Escondi meu verdadeiro motivo por trás de um sorriso.

Kade ainda estava aqui.

Ele não tinha ido embora, o que significava que talvez eu pudesse me redimir.

Eu não queria que ele me olhasse como se eu fosse uma garotinha.

 

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Classificação etária: 18+ (Aviso de conteúdo: violência, abuso sexual, estupro, tráfico de pessoas)

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Classificação etária: 18 +

Disclaimer: observe que esta história não está diretamente conectada a O Roubo do Alfa, que é uma adaptação imersiva e reinventada de Alfa Kaden. Esta história faz parte da versão original do autor da série Alfa e você pode apreciá-la como uma história independente!

Nota: Esta história é a versão original do autor e não tem som.

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