FML: Nas Profundezas da Sedução - Capa do livro

FML: Nas Profundezas da Sedução

F.R. Black

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Chapter
15
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18+

Summary

Male agents are nothing new at Fairy Godmother Inc, but Jensen...sorry, 'King', is something completely different. Thrust into a new world with new enemies, captaining a ship on the high seas, will King manage to help his targets find their match, or crash against the rocks? And will his own dark past be put to rest and allow him to find his pirate queen?

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28 Chapters

Chapter 1

Capítulo 1

Chapter 2

Capítulo 2

Chapter 3

Capítulo 3

Chapter 4

Capítulo 4
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Capítulo 1

Livro Sete: Delilah

Agentes masculinos não são uma novidade na Fada Madrinha LTDA, mas o Jensen... melhor dizendo, o 'King', é um cara totalmente fora da casinha. Será que, ao desbravar um novo mundo cheio de inimigos, comandando um navio em alto mar, ele conseguirá encontrar o seu par, ou será que ele só vai se dar mal e se espatifar contra as rochas? E será que o seu passado sombrio será colocado de lado e permitirá que ele conquiste a sua rainha pirata?

Vinte anos atrás

"Jensen, você tá prestando atenção?" a minha mãe sussurra no meu ouvido enquanto eu observo o meu pai interrogar o meu tio Tony, no nosso armazém subterrâneo.

Uma luz brilhante o ilumina enquanto os capangas do meu pai começam a arregaçar as mangas e a se preparar para a surra que eu sei que está por vir.

Eu engulo em seco, balançando a cabeça.

"O que você tá vendo?" Bruna Di King, a minha mãe que é psicóloga, me pergunta. "Me fala a primeira coisa que você notar."

Minha garganta está seca, vendo o pé do meu tio Tony tremendo embaixo da mesa. Então, meus olhos se desviam para a mão dele enquanto o seu dedo mindinho bate no metal da mesa – é um movimento quase indetectável, mas eu percebo.

Ele inclina a cabeça para um lado e depois para o outro e eu olho diretamente para o rosto dele. "Ele tá nervoso."

"Sim, Jensen", ela sussurra, e eu posso sentir uma leve alegria na voz dela. "Mas ele sente culpa? Ou tá só nervoso?"

Respiro fundo enquanto observo o meu pai fazer algumas perguntas para ele. "Não sei."

Mas eu sei, sim. A minha mãe começou a me treinar quando eu era uma criancinha, e agora que já tenho doze anos, entendo mais dessas coisas do que a maioria das pessoas que têm o dobro da minha idade.

Eu gosto do meu tio Tony. Ele é um cara meio cabeça-quente e impulsivo — ou pelo menos, isso é o que o meu pai já me disse muitas vezes. Mas eu sei que, no fundo, ele é legal.

Ele sempre me tratou como um sobrinho querido, me dando sorvete nos dias quentes e bagunçando o meu cabelo quando ninguém mais cuidava assim de mim.

Claro, ele anda com pessoas que o meu pai odeia, mas isso não faz dele um cara mau.

Um dia, ele até me deixou olhar as revistas pornôs dele, me mostrando as coisas que eu deveria procurar em uma mulher e me deixou fumar um cigarro depois.

Ele disse que uma mulher dessas me transformaria em um homem de verdade um dia, e eu acreditei.

Por mais que eu nunca vá contar isso a ninguém, eu até roubei algumas das revistas quando ele estava distraído fumando um baseado com os amigos na cozinha. Elas estão escondidas debaixo do meu colchão e eu já circulei as minhas fotos favoritas com uma canetinha vermelha.

Aquelas mulheres são lindas.

Eu me sinto encantado por elas.

Eu gosto mais das que não sorriem para a câmera – tenho uma quedinha pelas mulheres mais sérias, com expressões raivosas.

Talvez seja o treinamento que a minha mãe fez comigo durante todos esses anos, mas eu me sinto atraído pelos mistérios, pelos segredos. Quero saber o que elas estão pensando e quem são - o desejo de quebrar os segredos delas me consome.

Os olhos do meu tio me deixam curioso - eu os encaro por mais tempo do que deveria.

Sim, eu gosto do Tony. Ele me trata como um ser humano, como um amigo – não como uma criança, mas como se eu já fosse um dos caras do grupo de amigos dele. Mas, não me leve a mal, eu me relaciono bem com outras pessoas, também.

A minha mãe é carinhosa, mas muito profissional, a ponto de pensar que eu não sou o filho dela, e sim um pequeno projeto de pesquisa. No nível pessoal, eu sinto que há uma distância entre nós, como se fosse uma linha que ela nunca cruza, talvez mentalmente ela não consiga.

A Bruna faz o melhor que ela pode, eu sei disso.

Eu não a chamo de mãe - ela insiste que eu a chame pelo nome, ponto final.

Ao observá-la e analisá-la com as habilidades que ela mesma me ensinou, percebi que ela não é uma mulher maternal. Então, o fato de ela deixar eu entrar no mundo dela, e me treinar, é a sua maneira de se conectar comigo.

Bruna aponta. "Ah, não é o suficiente pra tomar uma decisão confiante. Repara melhor, Jensen. O que mais você tá vendo?"

Sinto uma gota de suor escorrer pela minha nuca e não digo nada.

A desaprovação no tom de voz dela é clara, e eu odeio desapontá-la. "Jensen, você tá quebrando a primeira regra. Qual é a primeira regra?"

Eu não estou gostando desse papo.

Não quero colocar o Tony em apuros.

"Jensen", diz ela, com firmeza.

"Não deixar que as emoções atrapalhem o meu julgamento," eu sussurro, me sentindo mal.

"O que mais você tá vendo?"

"Eu não quero fazer isso, Bruna", imploro, não gostando da situação e morrendo de vontade de ir embora daqui.

"O quê. Você. Tá. Vendo?"

Aperto os dentes enquanto olho com mais atenção.

"Quantas vezes ele usou a palavra hmmmm?"

"Seis."

"E a voz dele?"

"Tá aguda e defensiva – aguda demais."

"E os olhos dele, Jensen?"

"Ele não consegue manter contato visual."

"O que mais?"

"Os lábios... ele lambe os lábios demais."

"Por quê?"

Paro por um momento, tentando ser como a Bruna e deixando de fora as minhas emoções, e aperto o maxilar com força. "O sistema nervoso simpático dele tá ativado."

"Ah, sim, e o que mais o sistema nervoso simpático causa numa pessoa culpada?"

"Suor."

"Onde?"

Eu fecho os meus olhos e os abro novamente, observando o Tony com atenção. Depois de alguns minutos, sussurro: "No lábio superior". Vejo um leve brilho quando ele vira a cabeça para a direita.

Solto um suspiro quando o meu pai se vira para nós, com a postura ereta, e ele caminha na nossa direção, olhando para nós. "Bruna. O que você diz sobre o nosso Tony?"

Ele conta com a Bruna para todas as tomadas de decisão.

Ela é a verdadeira manipuladora nesse casamento, agindo como o cérebro enquanto o meu pai usa a força física.

Meu coração bate descontroladamente quando o olhar petrificado do Tony colide com o meu, e meu coração acelera. Por que ele teve que ser tão idiota?! Por que o meu tio Tony foi se meter justo com o inimigo?

Por que, por que, por que, por quê...

"É o Jensen quem vai decidir," minha mãe ordena do meu lado, segurando o meu pescoço, me mantendo firme no lugar.

O quê?

Eu olho para ela, sabendo que ela não pode estar falando sério. "Não," eu sussurro, sentindo as minhas bochechas ficando vermelhas de vergonha e choque.

"Jensen", ela diz com um tom de voz severo e seu olhar corta como se fosse uma faca afiada. "Esse é o seu destino – você vai assumir a minha posição um dia. Você tem que decidir~."~

Sinto os olhares fixos em mim e sei que não posso mentir. A Bruna vai saber. Os homens do meu pai dão risada enquanto observam o pequeno Jensen King, herdeiro dos cassinos do meu pai, agindo como uma cadelinha assustada.

Sinto a minha respiração ficando irregular, e amaldiçoo o meu tio por ter me colocado nessa situação.

***

Atualmente

Eu nunca esqueci aquele dia, pois ele me traumatizou profundamente. Os gritos do Tony enquanto eles o espancaram até o corpo dele virar geleia ainda me assombram de vez em quando.

A Bruna me fez assistir tudo, e quando um jato de sangue atingiu metade do meu rosto e a minha camisa, eu percebi que o meu coração havia endurecido.

As visões da morte do Tony voltam principalmente quando estou sozinho e bêbado, quando a minha mente revela, sem o meu consentimento, memórias que foram enterradas.

Agora, vinte anos depois, aprimorei e aperfeiçoei os meus talentos graças à minha querida e doce Bruna.

Eu assumi o império dos cassinos de Las Vegas do Rau King sendo tão astuto quanto uma raposa, me destacando por ser a cria da Bruna.

Os gritos distantes do Tony agora são apenas um mero arranhão na minha mente, uma ondulação no tempo.

Não significam mais nada agora.

Dou uma tragada forte no meu charuto, me encosto na cadeira e olho em volta da mesa de pôquer mal iluminada do Palms Cassino, na minha sala particular.

Metade das pessoas presentes está morrendo de medo, com olhos esquivos, e a outra metade das pessoas preferiu usar a porra dos óculos escuros.

Ninguém confia em mim. Às vezes, nem eu confio em mim mesmo e eu estou de boa com isso.

1, 2, 3, 4,

As luzes piscam acima da minha cabeça enquanto vejo esses otários suando pelos milhares de dólares que vão perder para mim.

Eu sorrio, olhando para cada um deles, com os meus olhos semifechados enquanto eu sopro a fumaça, sabendo que não tenho nenhuma carta boa na minha mão. Mas eles acham que eu tenho, e é por isso que eu prospero no jogo.

Ou eles estão com muito medo para perceber o meu blefe.

Eu tenho só um par de cinco.

Eu seguro uma risada porque ninguém pode desconfiar da verdade, e é isso que eu faço para canalizar a raiva e o estresse. Adoro ver esses idiotas se cagando de medo.

Não sou conhecido por ser o cara mais normal do mundo, e isso faz com que eu possa agir da maneira que eu quiser enquanto os manipulo mentalmente.

A voz da Bruna sempre ecoa na minha cabeça nas raras ocasiões em que eu deixo as minhas emoções aflorarem.

"Jensen, nunca deixe a sua armadura cair e jamais exponha a sua fraqueza. Você não deve deixar as emoções transparecerem no seu rosto."

O irônico é que foi ela quem criou as minhas emoções loucas e totalmente desequilibradas.

Passei anos vivendo como se eu fosse o ratinho de laboratório dela, sendo treinado com experimentos baseados em traumas. A Bruna acreditava firmemente que a mente se torna invencível depois que é dessensibilizada.

Lembro dela me mostrando um cachorrinho e depois me dizendo que ele morreria se eu não conseguisse interpretar corretamente a linguagem corporal de uma das vítimas dela.

Eu errei e não sei dizer quantas vezes vi criaturas inocentes morrerem por causa das minhas decisões erradas.

Ela queria que eu fosse exatamente como ela, e conseguiu.

Não sinto mais nada, e não tenho certeza se sou capaz de expressar qualquer emoção além de noções narcisistas e egocêntricas sobre o que um ser humano deveria sentir.

Posso me diagnosticar facilmente – sei que tenho "transtorno de personalidade limítrofe".

Eu ouço uma comoção, e a porta da minha sala se abre. Eu levanto as sobrancelhas quando um homem que eu nunca vi antes entra, escoltado pelos meus seguranças.

Será que é um novo jogador?

Quem é? ~pergunto a Billy, o meu primo, com os olhos.~

"King, esse cara disse que tem uma reunião marcada com você..." Billy saca a sua arma, fazendo todos ficarem tensos.

Bom, isso vai ser interessante.

"Uma reunião?" Eu pergunto, apagando o meu charuto, e então aceno para todos na mesa. É um sinal de caiam fora, e a sala fica vazia rapidamente, sem que ninguém fizesse mais perguntas.

Meus instintos entram imediatamente em alerta máximo, embora eu permaneça aparentemente calmo, me encostando na cadeira para lidar com a situação. Os pelos do meu pescoço se arrepiam e eu fico tenso.

Posso sentir as armas que eu levo presas ao meu corpo, nos coldres dos meus ombros, e isso me faz relaxar.

Meus olhos coletam os dados rapidamente.

Esse homem está arrumado demais - quase ao ponto de não se encaixar nesse cassino cheio de bandidos e vigaristas.

Eu posso até sentir o cheiro do perfume dele, o que me passa a sensação de ele ser uma pessoa sincera, embora eu não consiga decifrá-lo direito.

Agora, eu estou curioso.

Eu nunca fico arrepiado assim, então estou surpreso.

A energia dele é potente.

Sento na cadeira enquanto o meu olhar se concentra em seu cabelo loiro, que foi penteado perfeitamente. Parece que ele acabou de sair do cabelereiro.

Nenhum fio de cabelo está fora do lugar, o que me impressiona. A maioria dos homens e mulheres exagera demais para mostrar a sua importância e riqueza.

O cabelo desse cara não está besuntado de gel, ele usou a quantidade suficiente para dar a impressão de perfeição e elegância.

E o terno dele? Eu rapidamente percebo o corte e a qualidade enquanto ele está diante de mim.

Gucci? Não, mas posso dizer que não foi comprado na Shein.

Deve ser italiano ou alguma dessas merdas caras que custam mais do que todas as fichas dessa mesa. Cai perfeitamente no corpo dele, e eu sei que isso exige muito dinheiro e precisão.

Ele conseguiu prender a minha atenção.

"Quem é você, porra?" Eu pergunto casualmente, focando no seu olhar azul vívido e me preparando.

O homem sorri, olha para os meus capangas e depois me encara. "Certamente você recebeu a minha carta ontem, né?"

Franzo a testa, e demoro um pouco para responder. "Carta?" Eu digo, e o estudo, sentindo o meu corpo pronto para reagir se ele tentar fazer alguma coisa. Falo com o Billy, mas mantenho os olhos nesse intruso. "Do que ele tá falando?"

Eu posso sentir o constrangimento na voz do Billy. "Hmmmm... A única carta que recebemos foi uma besteira que não vale o seu tempo."

Eu olho para as feições coradas do Billy e sorrio – já me disseram que esse meu olhar poderia congelar a água.

"Não vale a porra do meu tempo?" Eu levanto a minha mão. "Claramente, esse homem aqui discordaria." Eu olho para ele. "Você tem nome?"

Ele parece estar se divertindo, o que me deixa perplexo. "Você pode me chamar de Encantado."

"Encantado?"

"Isso mesmo."

" Sobrenome ?" Eu digo, lembrando de manter a calma.

"Real," ele responde levemente, fixado no meu olhar enquanto um sorriso surge na boca dele.

"O que você tá vendo, Jensen?" ~Ouço a voz da Bruna na minha cabeça.~

O contato visual dele se mantém firme e estável.

Ele não tem roxos ou arranhões pelo corpo.

A postura dele está relaxada, mas firme.

Os músculos de seu rosto não estão repuxados, o que me daria sinais de possível tensão ou más intenções.

A voz dele é uniforme e tem um certo humor descontraído.

Porra .

Esse cara não está nem um pouco nervoso.

"O que você quer?" Minha voz soa baixa e mortal, é uma voz que eu só uso quando estou prestes a matar alguém.

"Podemos conversar em particular?" Encantado olha para os homens que estão ao seu redor. "Sem ofensas", ele pede desculpas aos meus capangas.

"Chefe..."

"Revistem ele...," eu ordeno, querendo ver o quão corajoso este homem é, "e depois vão embora." Eu posso dizer que esse tal de Encantado ~não seria estúpido o suficiente para tentar me atacar.~

Não usando esse terno.

Eles o revistam em busca de armas, e o Sr. Misterioso do Caralho se senta na mesa de pôquer, na minha frente. Não faço ideia do que ele está tramando - se quer dinheiro, prostitutas ou fazer negócios.

O sotaque dele parece britânico, mas é meio diferente.

"Tudo bem", eu digo, calmamente. "O que te traz aqui essa noite a ponto de você arriscar me irritar? Você tem dez minutos."

"Eu odiaria te irritar, Jensen. Você tá bravo?" ele me pergunta, e pega a pilha de cartas, embaralhando-as enquanto olha para mim.

Se eu estou bravo?

Esse filho da puta me chamou de Jensen.

Meu nome é King.

Ninguém mais me chama pelo meu primeiro nome.

"Ainda não", eu digo, observando-o, tentando entender o seu objetivo. "O que você quer?" Eu mantenho a calma. Ele coloca as cartas de baralho na mesa e tira um envelope brilhante de dentro do casaco, me deixando tenso.

"Que porra é essa?" Eu digo, franzindo a testa. "Que porra é essa?!"

A maldita coisa está brilhando.

Estou imediatamente em guarda, imaginando qual produto químico foi colocado nisso para fazer brilhar tanto. Meu olhar perfura o dele, e eu percebo que ele está tão calmo como sempre.

Sou eu que estou perdendo a calma, não ele.

"Relaxa", diz Encantado, "e lê isso aqui. É uma oferta, estou solicitando os seus serviços."

"Eu não estou oferecendo serviço nenhum. Você sabe quem eu sou, porra?" Eu pergunto. Uma parte de mim fica impressionada com a ousadia dele, e outra parte está admirada.

Encantado embaralha novamente as cartas.

"Você é o Jensen King, filho da Bruna e do Rau King. A sua mãe ainda tá viva, mas sofre de demência e mora em uma casa de repouso, e o seu pai morreu envolvido no crime.

Você tem o dom de decifrar as pessoas, porque é hipersensível aos detalhes. Eu tô aqui pra fazer um acordo com você."

"Então, você fez a uma bela pesquisa," eu digo cuidadosamente, sabendo que não seria difícil descobrir essas informações com um pouco de investigação profissional. Ele claramente tem dinheiro para contratar um detetive.

"Um acordo? E o que você me oferece em troca?"

Encantado se inclina para a frente e distraidamente coloca as cartas viradas para cima.

Eu olho para as cartas e, então, meus olhos disparam para os dele, e sinto o meu pulso acelerando. Estou a dois segundos de pegar a minha arma.

Todas as cartas são ases.

Todas elas.

Como assim?

Eu estava prestando muita atenção e não percebi nenhum movimento rápido da mão dele, não captei o truque. "Me dá essa porra de envelope."

Encantado me entrega e eu começo a ler a carta, imaginando com o que eu estou lidando.

Jensen, você deve olhar para todos os detalhes antes de reagir emocionalmente .

Eu li a carta duas vezes, não acreditando nos meus olhos, com a minha mente tentando entender.

Eu lentamente levanto o meu olhar para ele. "Agora entendo por que essa carta não foi dada pra mim."

Encantado se recosta na cadeira. "O destino quer você, por algum motivo bizarro, e eu levo o destino muito a sério. E... Acho que você é perfeito pra essa missão. Meu sexto sentido é ótimo.

E o meu sexto sentido", ele faz uma pausa com um olhar aguçado, "quase nunca erra."

"Você tá fora de si, porra. Como você descobriu sobre o Tony? Você tem cinco minutos pra me dizer como sabe daquela noite." Sussurro a ameaça e sinto a minha visão querendo embaçar.

"Fada Madrinha LTDA?!"

A carta afirma que eles lamentam a minha educação traumática. Um menino nunca deveria ter a sua infância arruinada desse jeito. Que porra é essa?!

A carta também dizia que o Tony não me culpava pelo que aconteceu. Isso já passou dos limites.

"Jensen," Encantado se inclina para a frente. "Você leu a parte sobre trabalhar como um agente pra nós?"

"Pra encontrar o amor verdadeiro? E competir contra outros homens?!" Eu grito, também me inclinando para frente, sorrindo. "Eu pareço um idiota do caralho pra você? Viajar pra um mundo diferente?"

Esse cara é mais louco do que eu.

"Bom, pra ser claro, sei que a coisa do amor não vai te interessar. Você não é obrigado a se apaixonar, Jensen," Encantado diz, com um olhar firme e confiante.

"Mas, sabe-se lá porquê, o destino quer você. A realidade é mais estranha que a ficção, e você tá prestes a fazer um curso intensivo sobre isso."

Eu engulo em seco.

Meu treinamento diz que ele não está mentindo.

É impossível.

Ele continua. "A minha oferta é essa." Encantado pega um dispositivo e imediatamente uma imagem virtual é projetada no ar.

Meu coração dispara, pois eu nunca vi uma tecnologia dessas. Será que foi feita pelos russos?

"Você reconhece?" Encantado me olha, com a expressão astuta.

Meu coração está batendo forte enquanto olho para a imagem, e então eu franzo a testa. "É o meu..." Faço uma pausa, tentando colocar os meus pensamentos em ordem. "É o meu cofre no Hotel Leão de Ouro."

Olho para o Encantado, sabendo que isso é chantagem. "Me explica o que diabos tá acontecendo?!"

Encantado acena e uma imagem diferente é exibida, e essa cena faz o meu sangue gelar. "Que porra é essa?!"

Vejo um grupo de pessoas vestidas de preto, descendo do teto.

"Eles estão roubando você, Jensen. Os seus quinhentos milhões de dólares, na verdade" diz Encantado, cuidadosamente. "E eles vão se safar."

Eu olho para o Encantado, com ódio, respirando com dificuldade. "Você tá me chantageando?!"

Ele suspira. "Eu nunca faria isso, estou apenas motivando você."

"Esses capangas são seus? Seu filho da puta! Eu vou pegar a minha arma."

"Definitivamente, não." Encantado ri, tirando algo de sua manga, calmo como sempre.

"O dinheiro do planeta Terra não vale nada no meu mundo. Isso não é obra minha, mas você sabe que tem alguns inimigos bem ambiciosos soltos por aí."

Estou a ponto de explodir e me levanto lentamente. "Eu vou te matar."

"Jensen," o Encantado diz calmamente, olhando para mim. "Se você trabalhar pra mim por três meses, eu vou tocar o alarme do quarto agora mesmo e salvar os seus milhões de dólares."

Eu o encaro, tentando conter a minha raiva.

"Jensen, nunca deixe as suas emoções dominarem você. É assim que você comete erros." ~Ouço a Bruna sussurrar na minha mente.~

"Olha só", Encantado acena com as mãos sobre o bloco virtual, "meus agentes estão prontos pra evitar esse assalto, assim que eu mandar. Você decide."

Vejo quatro pessoas muito baixas usando roupas pretas com a sigla "FM" no peito.

FM?

Eu olho para o Encantado, estudando-o, sem saber o que dizer ou pensar.

Pela primeira vez na vida, estou chocado.

"Isso não pode ser verdade," eu sussurro, observando os homens na tela virtual tentando decifrar a combinação do cofre com muitos equipamentos.

Então, meus olhos se arregalam, reconhecendo uma das pessoas com seus longos cabelos loiros saindo da máscara. No pescoço dela, vejo a tatuagem de uma borboleta, e a ficha cai.

Jenna .

Nem fodendo.

A garota com quem estou saindo há seis meses.

"Não tenho o hábito de pregar peças em homens perigosos." Encantado pisca para mim. "Tenho coisas melhores e mais divertidas pra fazer do que irritar o famoso Jensen King."

Eu dou um olhar duro. Não acredito que a Jenna me enganou por seis meses - ela deve ter bolado tudo com aquele primo idiota dela, sem dúvida.

Eu já entendi tudo. Eu estava desinteressado demais para prestar atenção nela, não me importando o suficiente a ponto de ver a sanguessuga bem na minha frente.

A Bruna ficaria muito decepcionada.

Então, um sorriso se espalha pelo meu rosto. "Prova." Eu inspiro fundo. "Como eu sei que você não tá blefando comigo?"

Então, Encantado tira uma caneta do paletó. "Assina o contrato e eu vou fazer mais do que te provar. Eu vou mudar a sua vida."

Franzo a testa, imaginando como esse homem vai provar.

E eu mentiria se dissesse que não estou loucamente curioso, porque ele não está dando a impressão de ser um ladrão mentiroso.

Eu olho para a carta. "Três meses?"

Eu quero rir de como isso é absurdo. Eu poderia simplesmente matá-lo e queimar o corpo dele. Mas, sinceramente, quero ver o que esse maluco vai fazer.

"Faça a ligação pra sua equipe primeiro."

"Não, você assina primeiro."

Ele está confiante. Tão intrigante - a maioria das pessoas geralmente mostra sinais de apreensão ao discordar de mim.

Olho para a carta brilhante e foco no Encantado, depois nos filhos da puta que estão me roubando, na tela virtual. "Vou te esfolar se você tentar me foder."

"Eu não esperaria menos que isso de você", diz ele, e eu ouço a diversão misturada com um tom frio em sua voz.

Estou curioso pra caralho agora.

Eu assino, sabendo que vou acabar me ferrando, de qualquer maneira. Mas um estranho flash de nervosismo cai sobre mim quando eu olho para o homem que me levou a fazer algo que eu nunca faria normalmente.

Quinhentos milhões de dólares é um bom motivo para assinar o contrato, é verdade.

O Encantado sorri e toca em sua orelha, fazendo eu franzir a testa. "Toca o alarme, Chad - e diz pro Steven que ele não precisava chapar a equipe da van com tanta força."

Encantado se vira para mim e sussurra: "Meu time prendeu mais inimigos seus nas caminhonetes pretas que estão a três quarteirões do cassino".

Que porra é essa? ~Meu coração salta enquanto eu o vejo claramente falando com a sua equipe.~

Encantado se vira, esfregando os olhos. "Eles vão ficar drogados por dias, e vai ser difícil pra polícia interrogá-los – pois é – eu sei, apenas diz pro Steve se ligar.

Certo. E fala pro Dion que estamos prontos pra extração. Nosso último jogador tá pronto." Encantado pisca para mim.

"Que porra é essa?" Eu me levanto, sacando a minha arma. "Você tava grampeado?!

Meus homens te revistaram!"

Encantado acena para a tela virtual. "Os seus inimigos vão surtar já, já."

Vejo os homens deles subirem um em cima do outro como se fosse um maldito circo, acionando um dos alarmes que faz disparar todo o sistema de segurança e, como num passe de mágica, eles desaparecem.

Meu coração bate forte enquanto vejo os homens da Jenna enlouquecerem, imaginando quem fez isso, tentando abortar o assalto.

Agora, é cada um por si.

Eu olho para o Encantado. "Você não tava mentindo... Eu paro, sentindo a minha pele começar a formigar. "Como você sabia que eles iriam tentar me roubar?"

Nossa... Isso não pode estar acontecendo.

A carta...

"Respira fundo, Jensen", diz Encantado, enquanto eu olho para ele com os olhos arregalados, sentindo o meu pulso martelando com as novas sensações no meu corpo.

"O que tá acontecendo?" Eu grito, antes que a minha visão comece a escurecer.

Merda!

"Bem-vindo à Fada Madrinha LTDA."

Foi a última coisa que ouvi.

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