Fantasmagoria - Capa do livro

Fantasmagoria

Samantha Pfundheller

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Chapter
15
Age Rating
18+

Summary

New girl Raven Zheng has a secret: she can see ghosts. Local legend Cade Woods has special abilities of his own. After a string of murders, the teens decide to use their gifts to catch the killer. But when she learns of his dark history, Raven wonders if Cade can really be trusted…

Age Rating: 13+

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A Garota Nova

RAVEN

Talvez desta vez seja diferente ~, pensei enquanto olhava para a última caixa de roupas ainda embaladas no meu novo quarto.~

Que mal fazia pensar positivo?

Talvez desta vez nós fiquemos aqui. Eu vou fazer amigos. amigos NORMAIS—

Eu me interrompi. Não adiantava fingir. Ano após ano era sempre a mesma coisa.

Uma nova cidade.

Uma nova lista de nomes e rostos que eu não lembraria... pessoas que não falariam comigo, de qualquer maneira.

Ninguém fala com a garota louca.

E então nós iríamos embora. Apertar o botão de reset e…

"Roupas de Inverno da Raven", dizia a caixa, no rabisco distinto da minha babá Grace. Suspirei.

Será que vamos ficar nesta cidadezinha sombria até o inverno?

Empurrei a caixa para o pé da minha cama.

Eu desenvolvi o hábito de sempre deixar uma caixa empacotada ao longo dos anos, e parecia que esta era a caixa vencedora da vez, apesar de ter sobrado muito espaço no meu closet.

Era estranho ter tanto espaço.

O trabalho do meu pai sempre nos levava às grandes cidades. Eu não morava em uma casa ~de verdadedesde antes da minha mãe desaparecer.~

Desde antes do meu pai decidir que a única maneira de lidar com a dor era se tornando um workaholic.

E ter que pagar outra pessoa para cuidar de sua filha.

Se não fosse por Grace, eu estaria completamente sozinha no mundo. Ao longo dos anos, ela se tornou a irmã mais velha que eu nunca tive, a única pessoa com quem eu podia conversar.

Mas nem mesmo Grace sabia do meu segredo...

Eu pulei quando a luz do meu quarto de repente se apagou e meu quarto mergulhou na escuridão.

O ar agitou-se atrás de mim, arrepiando os cabelos da minha nuca, e a temperatura do quarto caiu consideravelmente.

Eu me virei de forma lenta.

"Grace?"

Não havia nada além de um silêncio obscuro e túmido.

Eu implorei aos meus olhos para se ajustarem à escuridão, mas seu ritmo vagaroso se recusou a obedecer.

Mesmo assim, eu conseguia sentir.

Eu não estou sozinha.

"Raven..." Um sussurro sinistro rastejou pelas sombras.

O ar ao meu redor ficou ainda mais gelado quando uma figura invisível se aproximou.

Eu podia senti-la praticamente em cima de mim.

Enquanto meus olhos relutantes se ajustavam ao breu, finalmente distingui uma massa alta e fina de escuridão, a poucos passos de distância.

"O que foi, você virou alérgica à luz do sol?"

A luz voltou de repente, e Grace estava na porta com os braços cruzados.

Meus olhos voltaram para o meio da sala, para uma figura encapuzada, parada imóvel.

Uma figura que Grace não podia ver, que parecia...

Revirei os olhos.

…a Morte.

Aff, eu devia imaginar.

"Sabe, às vezes eu me preocupo com você, meu bem", Grace continuou, alheia, atravessando o quarto e puxando as cortinas grossas da minha janela.

A luz do sol da tarde invadiu meu quarto.

Grace deu um passo para trás, satisfeita. "Nós precisamos muito substituir essas cortinas. Elas são abomináveis."

Claro que ela não podia ver que eu não estava sozinha.

Ela não podia ver aquilo ~.~

Ninguém poderia, na verdade. Apenas eu.

Porque aquele ser não estava, especificamente falando, vivo.

Assim como os outros – os espíritos que constantemente apareciam em minha vida e pediam que eu os ajudasse a passar para a luz.

Os fantasmas.

Era um pouco confuso quando eu era mais jovem. Quero dizer, todo mundo tem amigos imaginários quando é pequeno.

Mas depois fiquei mais velha. E eles não foram embora.

A única pessoa que acreditava em mim era minha avó Pearl, que meu pai tão carinhosamente ~chamava de "Pérola Maluca".~

Vovó Pearl também podia vê-los, e muitas vezes recitava os antigos contos coreanos de nossos ancestrais — histórias sobre videntes, xamãs e semideuses.

As visitas à casa da minha avó eram poucas e esparsas.

Meus pais não queriam que a cabeça de sua única filha fosse preenchida com o que eles consideravam bobagem.

Aprendi da maneira mais difícil que, se não quisesse passar toda a minha infância em consultórios de psiquiatras, deveria ficar calada. Então foi isso que eu fiz.

Eu também me calei e fingi ouvir quando Grace sentou comigo e me deu seu discurso de sempre sobre a minha necessidade de fazer amigos nesta nova cidade e blá, blá, blá ~.~

"Ah, a propósito, preciso que faça umas coisas pra mim", Grace disse enquanto me entregava um pedaço de papel.

Minha "babá" sempre inventava esquemas transparentes para me incentivar a fazer amigos.

"Ah, sério?" Eu gemi quando olhei para uma lista de compras. "Você não pode fazer isso?"

"Eu tenho que arrumar a cozinha e a sala de estar, meu bem. De qualquer forma, você deveria sair de casa. Vai te fazer bem."

Durante toda a conversa, meus olhos permaneceram grudados naquilo .

"E daí que você pode dirigir e eu não, né?", respondi.

Benefício de ter um pai que insistia em me ensinar ele mesmo, embora mal tivesse tempo de ler o jornal pela manhã.

Com um sorriso, Grace saiu do quarto, fechando a porta atrás de si.

No momento em que fiquei sozinha, peguei a coisa mais próxima de mim – um livro de mistério com capa dura que estava em cima da minha cômoda – e atirei diretamente na Morte.

Bem, através ~dela.~

"Randy!" exclamei. "Qual é o seu problema?"

A figura puxou o capuz para trás para revelar uma cabeça de cabelos loiros avermelhados e um sorriso idiota.

Randy, um fã de suas próprias piadas sádicas, caiu na gargalhada. "Você—você precisava ter visto seu—"

"Eu não estava com medo! E você não é engraçado!"

Deus, às vezes eu gostaria de poder matar os mortos.

Randy enxugou uma lágrima de seus olhos pálidos e suspirou satisfeito. "O que, nada de 'prazer em ver você, Randy'? 'Eu senti sua falta, Randy'?"

Eu conheci Randy um pouco mais de dois anos antes, quando estávamos morando em Dallas, e ele me seguia desde então.

Exceto nos últimos dois meses, quando ele sumiu. Eu apenas deduzi que ele finalmente tinha decidido seguir em frente.

Eu devia ter imaginado.

Mas fiquei feliz em vê-lo, mesmo em sua fantasia barata de Halloween.

Fantasmas normalmente apareciam usando a roupa com que morreram.

E Randy? Bem, ele estava preso vestido como a Morte – foice de plástico e tudo – pelo resto de sua vida após a morte.

Oh, a ironia.

"Eu senti sua falta, Randy", eu disse finalmente, revirando os olhos. "Onde você estava, afinal? E como você fez aquela coisa com as luzes?"

Randy encolheu os ombros. "Eu tenho procurado mais pessoas como eu."

Eu levantei minhas sobrancelhas. "Como assim, pessoas como você ~?"~

"Espíritos que não estão perdidos ou tentando sair daqui. Pessoas que estão por aí há um tempo."

"Por quê?"

"Porque elas podem me ensinar coisas. Como mover objetos no mundo físico."

Ele baixou o olhar. "Bem, elas tentaram ~me ensinar. Essa coisa com as luzes é praticamente tudo o que sei fazer até agora. É patético."~

Ele deu de ombros. "Bem, eu tentei. Acho que vou ter que pensar em outras maneiras de te irritar."

Eu ri.

Mas era ~bom ter alguém com quem conversar.~

"Bem", eu disse, acenando com a lista de compras para ele, "você topa ir ver qual é a desta cidade?"

***

Quinze minutos depois, eu embolsei a lista de compras – que era completamente ridícula, de qualquer forma – enquanto Randy e eu nos dirigimos à única cafeteria que apareceu no Google.

" Isso ~é o centro da cidade? É só isso?" perguntou Randy, incrédulo quando chegamos à Rua Principal.~

O centro de Elk Springs era uma coleção nada assombrosa de lojas familiares, e parecia que só existia uma ~loja de cada tipo.~

Foi quando vimos o garotinho.

Ele não devia ter mais do que cinco ou seis anos, e estava parado na esquina entre a sorveteria e a cafeteria, com um familiar olhar desorientado no rosto.

Havia um corte atravessando a beirada de sua testa, e seu pescoço e torso estavam cobertos de sangue.

"Mamãe?" ele estava chamando, com seus olhos cheios de lágrimas. "Alguém sabe onde minha mãe está?"

Apesar do fluxo considerável de pedestres, ninguém parou.

Porque ninguém podia vê-lo.

Fantasmas de crianças eram sempre os mais difíceis.

Randy geralmente era útil com esse tipo de coisa... falar com pessoas que não sabiam que estavam mortas, ou convencê-las de que a luz brilhante que elas viam era um bom lugar.

Um lugar seguro.

Neste caso, no entanto, sua fantasia - não importava quão barata ou sintética ela fosse - só iria assustar o menino.

"Vou deixar você com isso", disse Randy, me lançando um olhar conhecedor antes de desaparecer.

Corri até onde ele estava na esquina e me ajoelhei, fingindo amarrar meus cadarços.

"Você está perdido?" Eu perguntei ao garotinho suavemente, mantendo minha cabeça baixa.

A última coisa que eu precisava era que as pessoas vissem a nova garota falando sozinha.

"Você consegue me ver?" ele perguntou. "Ninguém... ninguém consegue..."

"Eu sei", respondi. "Eu posso ajudá-lo, se você quiser. Mas você tem que me seguir."

Entrei no beco ao lado do café e esperei atrás de uma lixeira.

Depois de um momento, o fantasma apareceu, fungando.

"Qual o seu nome?" Eu perguntei.

"Charlie."

"E quando foi a última vez que você viu sua mãe, Charlie?"

Ele pensou por um momento. "Ela estava me levando de carro para o treino e - e então estávamos de cabeça para baixo."

Uma lágrima rolou por sua bochecha. "Daí algumas pessoas vieram e tentaram acordá-la, mas ela não acordou. Eles a colocaram dentro de um grande saco preto e a levaram embora."

Pelo menos eles vão ficar juntos ~, pensei.~

Eu nunca desejava a morte de ninguém, mas em casos como esse, quase parecia um destino mais gentil. Uma pequena fresta de esperança.

"Você vê uma luz brilhante em algum lugar?" Eu perguntei a Charlie.

O garotinho assentiu, suas sobrancelhas se unindo. "Ela está me seguindo desde... desde..." Ele parou. "Ouço vozes saindo dela. É assustador."

"Não tenha medo", eu disse suavemente. "Sua mãe está do outro lado dessa luz. Então tudo que você tem a fazer é entrar nela. OK?"

"Você promete?" Charlie perguntou, seu lábio tremendo.

"Eu prometo."

Observei o menino desaparecer de repente no ar, seu corpo ficando cada vez mais fraco e brilhante até desaparecer em um pequeno flash.

Dei um passo para trás e esbarrei em algo sólido.

Na verdade, em alguém ~.~

"Ai!" Eu me virei. "Olhe por onde você—"

Eu parei, hipnotizada pelo par de intensos olhos castanhos escuros que olhavam para os meus, me avaliando.

"... anda", eu sussurrei.

O garoto, cujo rosto estava a poucos centímetros do meu, deu um passo para trás, mas manteve o olhar firme e fixo.

Eu finalmente dei uma boa olhada nele.

Ele parecia ter mais ou menos a minha idade, era alto e magro, com um maxilar afiado, um nariz anguloso e uma pele pálida impecável. Seu cabelo escuro era selvagem e indisciplinado.

Um único arrepio percorreu minha espinha: havia algo nele que era tão...

Ameaçador ~, pensei comigo mesmo.~

Ele parece alguém que olhou a morte nos olhos.

O cara enrijeceu e levantou a mão para varrer alguns fios de cabelo rebeldes de seu rosto.

E foi aí que notei as luvas.

Apesar do calor da tarde de verão, ele usava um par de luvas de couro pretas, que estavam enfiadas nas mangas de sua jaqueta jeans.

Na verdade, não havia um centímetro de pele visível abaixo do pescoço.

De repente, seu rosto se suavizou em um sorriso desorientador e encantador.

"Oi", ele disse, mostrando seus dentes perfeitos para mim. "Desculpe se eu te assustei. Foi um acidente."

"Eu, hmm", eu disse, nervosa. Estendi a mão para colocar meu cabelo preto atrás da orelha, inquieta.

Aja normalmente. Diga algo. Qualquer coisa.

"Oi", eu finalmente respondi.

Sério? Ele nem é TÃO bonito assim.

Tudo bem, ele é, sim. Mas mesmo assim.

"Oi", ele repetiu, sorrindo.

Sua capacidade de alterar completamente sua postura e comportamento em uma fração de segundo era quase inquietante.

"Eu sou Cade, a propósito", ele continuou. "E você é?"

"Raven", eu disse rapidamente. "Raven Zheng."

"Raven Zheng", ele repetiu pensativo. De alguma forma meu nome soava melhor quando ele ~dizia.~

Cade sorriu novamente. "Bem, Raven, posso te perguntar uma coisa?"

"Ah-ok", eu disse lentamente. "Diga."

"Com quem você estava falando?"

Meu estômago pesou. "Eu-eu não estava-" eu gaguejei, me contorcendo sob seu contato visual angustiante.

"Ah... e o que é 'a luz'?"

Merda.

Meu primeiro dia na cidade e eu já tinha sido pega parecendo uma doida.

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