Nascida Humana - Capa do livro

Nascida Humana

A. Makkelie

Fera

"Como assim, nós já a perdemos!?" Blake rosnou alto e estava com problemas para manter o seu lobo sob controle.

Spencer estremeceu e olhou para ele, culpado. "O Dominic... ele deve estar nos rastreando desde que matamos os dois guardas da matilha dele. O cheiro das roupas da garota deve ter provocado os sentidos dele."

"Você realmente pensou que eu já não sabia disso?"

"Por que ela é tão importante assim? Ela é apenas uma humana."

"Tem alguma coisa de especial nela. Tem que existir uma razão pra ela ter sido mantida em cativeiro por aquele bando." A expressão dele mudou.

Spencer suspirou. "Por favor, me diga que ela não é a sua companheira."

"Você sabe que só podemos acasalar com a nossa própria espécie, Spencer. Então não, ela não é a minha companheira."

Era verdade. Um lobisomem só poderia acasalar com outro lobisomem; nunca se ouviu falar de algum lobo que se acasalou com um ser de outra espécie.

"Claro. Mas você tá diferente desde que conheceu essa moça. É quase como se ela fosse, de fato, a sua companheira."

Blake olhou para o beta. "Ela não é a minha companheira. Eu só quero saber qual é a história dela. Uma matilha nunca mantém um humano prisioneiro; é contra as regras. Então, por que correr o risco com ela?"

Spencer assentiu. "Tem cachorro nesse mato. Eu a mordi quando a puxei pra fora da árvore. Eu estava querendo matar, sem saber que você iria querer mantê-la viva."

Blake olhou pro Spencer, e seu corpo se encheu de raiva. "Você fez o quê!?" Blake estava prestes a se transformar. Seus ossos estavam começando a se mover.

"Eu sinto muito. Se ela estiver viva, eu vou tentar encontrar uma maneira de trazê-la de volta pro interrogatório. Mas pode ser difícil se ela estiver dentro da casa da matilha Silver Pine Wood."

Blake suspirou e se acalmou.

"Só dá um jeito. Eu tenho a sensação de que ela é importante demais. Além disso, tente descobrir qualquer coisa sobre a matilha Dark Wood. Talvez eles tenham deixado alguma pista pra trás que possa nos ajudar a descobrir quem ela é."

Spencer assentiu e foi embora.

"E, Spencer."

Ele se virou e olhou para o seu alfa.

"Nunca mais morda um humano novamente. Ou eu vou fazer você se arrepender." Spencer estremeceu e foi embora.

"Não lute contra, Kiara! Você não quer que o seu lobo viva?" O pai dela agarrou o seu braço e a mordeu. Ela gritou de dor enquanto o veneno dele percorria o seu corpo.

Ela caiu no chão e olhou para a sua mãe, chorando. "Essa é a última vez; se ainda assim não funcionar…" Seu pai fez uma pausa.

"Se não funcionar, ela não será mais nossa filha. Ela será uma órfã humana." Sua mãe começou a chorar ainda mais alto, enquanto o seu corpo inteiro começou a se transformar.

Ela sentiu todos os seus ossos quebrando. Sua espinha se rompeu ao meio e...

Kiara gritou e sentou na cama do hospital. Toda a sua cama estava encharcada de suor, e ela sentiu o coração disparar.

Essa foi a primeira vez que ela teve um sonho com os seus pais, mostrando o que eles fizeram com ela.

Normalmente, ela tinha pesadelos com a sua matilha e as sessões de tortura, mas nunca com os seus pais.

Depois que ela se acalmou, ela olhou em volta e viu que estava sozinha. Lenta e dolorosamente ela saiu da cama e caminhou em direção à porta. Eles realmente seriam tão estúpidos assim?

Ela girou a maçaneta da porta e a abriu. A não emitiu nenhum som, e ela viu um corredor vazio. Kiara saiu lentamente da enfermaria. Na verdade, ninguém estava por perto.

Essa era a chance dela!

Ela rapidamente atravessou o corredor e chegou ao centro da casa da matilha. De um lado havia sofás e uma mesa de pebolim, e do outro havia uma mesa grande, maior do que qualquer outra mesa que ela já tinha visto.

Essa matilha deve ser bem grande. ~Seus pensamentos foram interrompidos por vozes atrás dela. Kiara correu até um dos sofás e pulou nele.

Ela tropeçou e caiu com força no chão. Ela mordeu o lábio para não gritar e ouviu vozes, mas elas pararam de falar.

Porra.

Ela fechou os olhos e se concentrou na sua frequência cardíaca. Em poucos segundos, o seu coração diminuiu a velocidade até quase parar, e ela continuou assim.

Depois de alguns momentos, as vozes começaram a falar novamente e lentamente desapareceram. Kiara abriu os olhos e a sua frequência cardíaca voltou ao normal.

Era uma coisa que ela tinha aprendido na matilha. Se parecia que ela estava muito fraca para fazer qualquer coisa, eles às vezes a deixavam em paz.

Eles queriam mantê-la viva o maior tempo possível apenas para que pudessem ter a alegria de abusar dela e torturá-la.

Ela olhou para a sua perna e viu que a sua calça branca ficou mais escura perto da ferida da mordida. Mas ela não tem tempo para se preocupar com isso agora. Ela espiou por cima do sofá e viu que estava sozinha novamente.

Então, ela caminhou lentamente até a porta, e a sorte estava do seu lado. Eles realmente nunca trancam nada por aqui. Estava chovendo, mas ela não se importou.

Tudo o que importava era sair daqui e ir até os humanos para finalmente ser livre.

"Não conseguimos derrotar os bandidos, mas os dois que capturamos devem ter alguma informação. Vamos questioná-los o mais rápido possível."

Dominic assentiu, distraído.

"Nic, você tá bem?"

Dominic olhou para o seu beta e assentiu novamente.

"É a garota, né?"

Dominic suspirou. "Tem alguma coisa sobre ela que eu não consigo identificar."

"Pelo menos você sabe o nome dela e sabe que ela é humana."

"Não posso fazer nada com essas informações, Zack. Eu quero saber por que ela foi capturada pelos bandidos. O que eles queriam com ela? A médica disse que os ferimentos dela foram feitos por um lobo. Então, eles devem ter torturado a moça."

"Pelo menos você sabe que eles não a morderam, ou ela teria se tornado uma fera." Dominic congelou e olhou com olhos arregalados para o seu beta.

"Ela foi mordida sim… Na perna! Ela tinha uma ferida da mordida de um lobo!" Ele rosnou de frustração. "Eu sou um idiota!" Ele se virou e abriu a porta do seu escritório.

Lá estava ela.

Ele poderia sentir o cheiro do sangue dela a um quilômetro de distância. Ela abriu a porta e correu para fora, na chuva torrencial.

Dominic pulou o parapeito e se transformou no ar. Suas roupas rasgadas caíram no chão, e ele correu em direção à porta.

Kiara ouviu uma batida forte atrás dela. Ela se virou e viu um lobo preto correndo na sua direção.

Dominic.

"Ah, não!" Ela começou a correr. Não tinha como ela ser mais rápida que ele, mas ela tinha que tentar!

A floresta não um lugar bom para humanos, mas ela não tinha opção.

Ela correu em direção a alguns arbustos que eram grandes e não deixavam ela passar. Se ela tivesse que dar a volta, ela seria pega.

Vamos nessa.

Ela mergulhou nos arbustos e, ganhando muitos arranhões, saiu no outro lado. Kiara olhou para trás e viu o Dominic dando um pulo.

Ele era tão grande quanto ela, talvez ainda maior. Ela se levantou rapidamente e começou a correr novamente. Ela ouviu o Dominic uivar quando ele aterrissou.

A dor era insuportável, e ela sabia que seria pega. Ela olhou para o lado e viu uma caverna. Sem pensar duas vezes, ela correu. Dominic estava bem atrás dela, literalmente.

Ela se esforçou pela última vez e correu para dentro da caverna. Estava muito escuro lá dentro e ela não conseguia ver nada.

Ao dar mais um passo, ela caiu dentro de um grande buraco e bateu na água. Ela olhou em volta e viu uma luz fraca debaixo da água. Ela ouviu o Dominic uivando.

Kiara respirou fundo e mergulhou. Ela não conseguia ver nada, exceto a luz, que se tornava cada vez mais brilhante.

Ela nadou por um buraco e percebeu que estava em um lago. Então, ela foi rapidamente para a superfície, e emergiu ofegante.

Ainda estava chovendo. Sem saber onde estava o Dominic, ela caiu de joelhos e tentou recuperar o fôlego. Todo o seu corpo doía, e ela não podia aguentar por muito mais tempo.

O veneno da mordida do Spencer começou a funcionar, e ela sentiu o seu corpo se transformando. Ela se deitou e esperou pelo "erro da transformação", como o seu pai costumava chamar, e ela torceu para que o Dominic não a encontrasse.

Ela sentiu os seus ossos se movendo e quebrando. Ela pegou um galho e o colocou entre os dentes. Não importa o que acontecesse, ela não podia gritar. Eles a encontrariam se ela gritasse.

O som de ossos quebrando mostrou ao Dominic a direção em que ela estava. Ele sabia o que estava acontecendo. Ela estava se tornando uma fera.

Um humano que fosse mordido não se tornaria um lobisomem. Essa era apenas uma história falsa que as pessoas contavam umas às outras.

O que a mordida faria era transformar o humano em uma fera, uma criatura que não era nem lobo nem humano, e sim uma coisa intermediária.

As feras eram selvagens e matariam qualquer coisa que cruzasse o seu caminho. Apenas um lobo poderia matá-las.

Depois de tudo o que ele fez para salvá-la, ela não poderia se tornar uma fera assim. Ele não a deixaria se tornar uma fera. Ele precisava saber por que ela era diferente dos outros humanos.

"Por que ela correu?"

"Ela passou por muita coisa. Ela não quer estar aqui."

"Você disse a ela que ela não estaria segura lá fora, e ainda assim ela saiu, de qualquer maneira. Talvez o Blake a tenha transformado em uma lunática."

"Cala a boca, Mike. Ela tá com medo. Ela foi torturada pelo Blake, que é um lobo. Claro que ela não quer ficar com outra matilha de lobos. A gente só tem que encontrá-la antes que ela se transforme."

Mike continuou correndo em direção ao som dos ossos se quebrando e viu que estava se aproximando de um lago. "Por que ela não tá gritando? Isso deve doer pra caramba."

"Eu não sei."

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