Voraz - Capa do livro

Voraz

Mel Ryle

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Chapter
15
Age Rating
18+

Summary

What do you do when you can’t outrun your past? Fleeing all the way to Scotland, Mia fears she’ll never escape Erik Kingsley’s ravenous gaze. Will she be able to free herself of the man who ruined her life? Or will she be forever in his submission?

Age Rating: 18+

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37 Chapters

Chapter 1

1

Chapter 2

2

Chapter 3

3

Chapter 4

4
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1

MIA

Em algum lugar no norte da Escócia

Tempo presente, agosto de 1990

O cheiro de ferrugem e óleo estava pesado no ar. Meia hora se passou desde que deixaram o porto da cidade, mas elas ainda não viam fim para o balanço do navio.

Sentindo-se confusa na cabine do capitão, Mia decidiu se refrescar e saiu para o convés. A brisa roçou suas bochechas rosadas, trazendo o cheiro do mar, que quase não a incomodava agora.

Havia uma sensação de liberdade no vento. Com os olhos fechados, ela podia facilmente imaginar que era verdade.

Ela estava livre e longe da rua movimentada da cidade, que se enchia de gente em sua rotina diária.

O farfalhar das multidões e o som estridente de buzinas durante a hora do rush eram sufocantes. Costumava dar-lhe conforto estar rodeada de pessoas.

Durante anos, seu trabalho envolveu estar diante de um público. Por um momento, ela ainda podia ouvir o eco dos aplausos. Agora, parecia um sonho.

Então tudo se foi.

Um rugido alto do motor a despertou. Na realidade, ela não estava nem perto da liberdade, embora sua tia não visse a ilha da mesma forma que ela.

Houve outro som gutural do motor enquanto a enferrujada embarcação flutuante as levava para mais perto de seu destino.

Ela permaneceu perto do parapeito da frente sem nenhum sinal de enjoo, ao contrário de sua tia jovem e animada, cujo rosto estava contraído e pálido em comparação com o dela.

Houve momentos em que ela deu sinais de vomitar. No entanto, durante as horas em que estiveram no mar, ela nunca pediu um balde.

"Mia! Mia! Onde você está?" A voz estridente de sua tia foi abafada pelo som das ondas batendo na lateral do barco. "Mia!"

Na terceira vez, Mia ouviu a tia. Ela olhou para a cabine do capitão e a encontrou espiando por cima da porta de aço enferrujada.

"Não se incline muito, ou você pode cair!"

"Estou bem, tia Leanna."

"Por que você não sobe aqui? É muito mais seguro!"

"Estou bem."

"Mia! Suba aqui, sim?"

Mia suspirou em derrota e se afastou da vista. Ela subiu os degraus e se juntou a ela na cabine do capitão.

O rosto pálido de sua tia quase combinava com seu cabelo loiro platinado. Não havia ocorrido a Mia que ela odiava viajar pelo mar. Como ela vinha aqui anualmente, Mia imaginou que ela tivesse superado seu medo.

Seu rosto enjoado era a prova de que não.

"Você precisa de algum remédio, tia?", Mia perguntou, preocupada.

"Estou bem, querida. Vai passar. Além disso, estamos a poucos minutos de desembarcar."

"Ok. Mas se precisar de alguma coisa, é só me dizer."

"Obrigada, Mia."

Mia ficou em silêncio, esperando mais alguns minutos para ter uma visão melhor da ilha. Foi então que ela se levantou em antecipação.

Leanna inconscientemente seguiu Mia até onde ela estava na saída principal. Seu enjoo havia diminuído e suas bochechas lentamente mostravam mais cor.

"Você vai adorar aqui. É tranquilo e longe da vida da cidade", Leanna disse. "O ar é fresco e as pessoas são acolhedoras. Você não precisa se preocupar com quem você era. Aqui, você pode ser você mesma."

"Quantas vezes você já veio aqui, tia?"

"Eu sempre volto a cada dois anos. Mas, nos últimos cinco anos, venho uma vez por ano para ficar três meses."

"Por quê?"

"Porque posso trabalhar aqui em paz. E considero minha casa."

Isso despertou seu interesse. Mia sabia que sua tia tinha várias casas ao redor do mundo, não por causa do seu trabalho, mas porque tinha se casado com um homem rico.

O lugar específico para o qual elas se dirigiam era uma das ilhas ao norte da Escócia.

Havia muitas dessas ilhas, até onde ela sabia, e sua tia Leanna havia batizado o lugar antes de sua partida da América. No entanto, ela não lembrava o nome.

Seria rude perguntar de novo. Então, Mia decidiu entreter sua tia até conseguir desenterrar da sua memória.

"Não vou dizer que minha casa é como a mansão em que você viveu quando criança. É mais uma cabana", Leanna acrescentou. "Mas é aconchegante e tem tudo o que precisamos."

Mia se virou. Seu interesse mudou.

"Você também tem outras casas em lugares que visita regularmente?"

"Sim. Pelo menos cinco nas cidades que gosto e visito com frequência."

"O tio Kevin sabia sobre elas?"

"Sabia. Ele não se importava. Ele gostava porque podia ficar lá quando fazia negócios na cidade." Seus lábios se curvaram em um sorriso triste.

Mia ficou quieta por um momento, se sentindo mal por ter falado dele de repente. "Você se lembra dele sempre que visita este lugar, tia?"

Passaram-se anos desde que o marido de sua tia morreu, deixando-a sozinha, mas rica e bem cuidada. No entanto, após sua morte, ela percebeu que sua tia favorita nunca ficava no mesmo lugar por muito tempo.

Ela estava sempre viajando a lazer ou a trabalho. Ela nunca tinha chamado uma propriedade em particular de casa até agora.

"Sim. Esta era uma das nossas casas favoritas", ela admitiu baixinho. Havia uma expressão distante em seus olhos.

Mia deu a sua tia um sorriso reconfortante e colocou a mão em suas costas, fazendo um carinho acolhedor. "Obrigada por me convidar, titia. Eu realmente fiquei feliz com isso."

Leanna sorriu. A tristeza em seus olhos evaporou. "Acho que este lugar vai te fazer bem, Mia."

"Espero que sim", ela respondeu secamente e voltou sua atenção para a vista da ilha. Ela riu e se afastou ainda mais do convés do capitão.

Como ela esperava, funcionou. O clima entre elas mudou. Mia estava sorrindo de orelha a orelha enquanto estendia a mão para Leanna, que a pegou sem hesitar.

Elas ficaram lá em silêncio, seus corpos balançando no ritmo do barco enquanto se aproximavam do cais.

O porto não era grande como o que embarcaram no continente. Ele era o que você esperaria de uma pequena ilha cujo único meio de transporte eram barcos, e não aviões.

A doca estava ocupada com contêineres e caixas de madeira sendo descarregados do navio. Era também o único barco de passageiros que fazia viagens diárias à ilha.

Depois que o capitão deu o sinal para desembarcar, a energia de Leanna se animou. Suas bochechas recuperaram o rubor rosado e seus olhos azuis brilhavam como o mar calmo ao meio-dia.

Elas suas bagagens, que totalizavam cinco malas entre as duas. As roupas durariam pelo menos duas semanas antes que Mia tivesse que pensar em lavar roupa.

Ela contemplou as tarefas a serem feitas na cabana de sua tia. Ela imaginou o lugar empoeirado e coberto de teias de aranha, sem uso na maior parte do ano.

Quando chegaram ao final do porto, uma mulher desconhecida acenou com entusiasmo em sua direção. Seu cabelo prateado se destacava da matriz opaca de sujeira, madeira e fuligem.

Atrás dela, uma velha caminhonete azul enferrujada estava estacionada. Já que as duas eram as únicas passageiras humanas do único barco no porto, a mulher devia estar acenando para elas, a menos que fosse parente de alguém da tripulação.

Mia olhou ao redor do porto, mas ninguém retornou a saudação da mulher. Foi então que sua tia ergueu os olhos e sorriu. Seu rosto se iluminou e seus lábios se alargaram em um sorriso alegre.

"Adelia!", Leanna gritou quando a velha se aproximou delas, sorrindo também.

"Leanna! Você conseguiu!", Adelia gritou de volta. "Como foi sua viagem? Já que você chegou aqui, deu tudo certo, suponho."

O sotaque escocês da mulher não era tão forte quanto Mia esperava.

Ela tinha ouvido alguns locais com forte sotaque chegando ao aeroporto e a caminho do porto, mas parecia que a amiga da sua tia não era um deles.

"Sim, felizmente", Leanna respondeu secamente, mas seu sorriso nunca deixou seu rosto. "Ah, eu avisei que não estaria sozinha desta vez."

Adelia se virou para Mia. "Sim, estou vendo." Ela estendeu a mão para ela. "Bem-vinda, minha querida. Estou feliz que você se juntou à sua tia para a visita deste ano."

Mia agarrou sua mão estendida e a apertou. "Estou feliz por estar aqui. É um lugar adorável. Muito pitoresco."

"Você ainda não viu o resto da vista. Espere até irmos para a cabana da sua tia. É uma vista de tirar o fôlego", Adelia comentou com um sorriso.

"Agora vem. Vamos colocar isso no carro. É uma longa viagem até lá."

"Sempre é", Leanna concordou com uma risada.

Depois de colocar e proteger as malas na parte de trás da caminhonete, Adelia assumiu o volante. Leanna sentou na frente com ela no passageiro.

Mia não teve escolha a não ser sentar-se na parte de trás com a bagagem que elas não confiavam para ser exposta ao ar úmido, pois sentiram que uma chuva leve cairia em breve.

Conforme a caminhonete subia o terreno da ilha ao longo de uma estrada de cascalho, a jornada foi se tornando mais acidentada. Como Adelia havia prometido, a vista era de tirar o fôlego.

Mia não se importou com o passeio rochoso enquanto seus olhos fixaram-se na janela. Um campo infinito de grama verde corria ao lado delas, com vista para o mar.

Mais à distância, ela distinguiu a forma de outra ilha – ou do continente. A visão distante da civilização real em comparação com aquela terra árida a fez sentir falta da cidade.

Mas ela não estava aqui à força. Ela escolheu estar aqui, para ser cercada pelos belos campos infinitos de grama.

A viagem para a cabana durou uma hora. Mas a viagem não foi ruim, com Leanna e Adelia dando detalhes sobre a pequena cidade e suas pessoas.

Quando elas estavam chegando ao fim da viagem, algo chamou a atenção de Mia. Ela não podia acreditar no que estava vendo e apontou para as duas mulheres.

"Isso é o que eu acho que é?", Mia exclamou em descrença.

"Opa, é, sim", Adelia respondeu com um sorriso.

"Aquele é o Castelo de Kingsley", Leanna pronunciou com orgulho. "É uma atração turística conhecida na ilha, junto com a vista e as fazendas."

"Um castelo em uma ilha? Por quê?"

Antes que Leanna pudesse responder, Adelia retomou a conversa.

"O Castelo de Kingsley foi construído no século XIV por um aristocrata inglês para sua amante."

"Ao longo dos anos, a família usou o castelo como refúgio nas guerras e como casa por um tempo antes de começar a ganhar muito dinheiro."

"Não tenho certeza de que tipo de negócio os tornou ricos. Mas isso os impediu de perder este lugar. Ainda pertence e é gerido pela mesma família que o construiu."

"Atualmente, a família não mantém mais seu título aristocrático. No entanto, o dinheiro permitiu-lhes manter o castelo em boas condições."

"Agora, eles o transformaram em atração turística e também em um tipo de casa de férias."

Leanna acenou com a cabeça junto com a narrativa de Adelia. "Acredite ou não, conheci um membro dessa família e acho que você também já ouviu falar dele, Mia", ela disse vertiginosamente.

"Mesmo? Quem?", Mia desviou os olhos da arquitetura.

Adelia também parecia intrigada, o que pareceu estranho a Mia, visto que Leanna e ela eram conhecidas há muitos anos.

Mia concluiu que o encontro com a pessoa misteriosa era recente – tão recente que fez sua tia pensar na ligação do nome com alguém que ela conhecia. Alguém com esse sobrenome.

"Como é essa pessoa?", Adelia perguntou um momento depois, tirando Mia de seu devaneio.

Leanna parecia presunçosa, lembrando-se de seu encontro com o jovem. "Ele era jovem o suficiente para ser meu filho – perto da sua idade, Mia –, mas mais velho pelo menos cinco ou seis anos."

"Fiquei encantada com sua aparência. Se eu fechar meus olhos, posso vê-lo vividamente: cabelo castanho escuro, queixo forte, maçãs do rosto salientes, sobrancelhas grossas e olhos da cor de safiras."

"Qualquer mulher de qualquer idade o acharia inegavelmente atraente. Além disso, ele parecia muito amigável e centrado." Leanna suspirou, sonhadora.

Mia ouviu a descrição de sua tia sobre o tal Kingsley e sorriu. "Maravilhoso, pelo visto."

Leanna se virou, deu a sua sobrinha um sorriso atrevido e piscou. "Ele realmente era."

Mia revirou os olhos e sorriu. "Meu Deus, tia. Guarde para você, certo?"

Adelia riu e trouxe o assunto de volta. "E qual era o nome dele?"

"Erik Alexander Kingsley."

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