Amor à Primeira Parada

Cami

Ele terminou comigo por uma maldita mensagem de texto.

E logo depois eu o vi junto de uma mulher, com o braço em volta da cintura dela, exatamente como ele costumava fazer comigo.

E eu não podia nem negar o quão incrivelmente linda ela era, nível modelo da Victoria's Secret, que era algo que eu estava bem longe de ser.

Ele estava do outro lado da rua, esperando o sinal ficar verde, como se eu não existisse. Ele estava tão focado nela que nem me notou.

Agarrei o meu celular com mais força e tentei não deixar as lágrimas derramarem enquanto as poucas gotas de chuva se transformavam em uma chuva torrencial.

Quando o semáforo ficou verde, caminhei no meio de outras pessoas. Olhei para baixo, deixando meu cabelo cair no rosto, me cobrindo.

Senti as lágrimas começando a cair junto com a chuva forte que já estava me encharcando. As pessoas estavam abrindo os seus guarda-chuvas e algumas começaram a correr, mas eu permaneci imperturbável.

Eu me senti muito entorpecida.

Quando cheguei ao outro lado da rua, olhei para trás e vi o Chad e a nova mulher dele correndo e rindo até encontrarem abrigo no ponto de ônibus.

Meu coração se partiu ao vê-lo tão feliz, sabendo que eu não era a razão dessa felicidade.

Eu não pude evitar o soluço que saiu de dentro de mim. Eu estava chorando no meio de uma rua movimentada, e eu não poderia me importar menos com o que as pessoas estavam pensando naquele momento.

Eu me forcei a desviar o olhar e comecei a correr em direção ao meu apartamento.

Quando cheguei, levantei o capacho, peguei a chave e entrei.

Abri a porta e a bati com força, me apoiando nela e deslizando para baixo até me sentar no chão. Eu, trêmula, puxei os meus joelhos para cima, e deixei a minha cabeça descansar sobre eles.

"QUEM ESTÁ AÍ? EU TENHO UM TACO DE BEISEBOL E NÃO TENHO MEDO DE USAR!"

Assustada com os gritos, olhei para cima e vi o meu melhor amigo em toda a sua glória musculosa, vestindo apenas uma cueca boxer, segurando um taco de beisebol, pronto para atacar.

Esqueci de mencionar que moro com o meu melhor amigo?

"Camila? Quando você..." Os olhos de Hugh se arregalaram quando ele me viu.

Eu corri para ele, jogando os meus braços em volta dele, soluçando.

"Caralho, Cami... O que foi que aconteceu?"

Eu me aninhei em seu peito enquanto ele colocava os braços em volta de mim, acariciando a minha cabeça. Ele me guiou em direção à bancada da cozinha e, sem dizer uma palavra, pegou um cobertor para mim e colocou a chaleira no fogo.

Alguns minutos depois, ele colocou uma xícara de chocolate quente com marshmallows na minha frente.

"O que aconteceu, Cami? Você só deveria chegar na semana que vem" Hugh disse enquanto colocava o taco de beisebol no balcão e apoiava os cotovelos nele.

Peguei o copo com as mãos trêmulas, tomei um gole, e meu corpo foi instantaneamente aquecido.

"C-Chad," eu respondi, sentindo a minha voz tremendo.

"O que tem o Chad?" O tom de Hugh estava ficando perigosamente baixo.

"Eu queria surpreendê-lo para o nosso aniversário de namoro", eu respondi, calmamente.

"E...?" disse ele, incitando-me a continuar.

"Eu estava a caminho do escritório dele quando o vi do outro lado da rua. Eu estava prestes a enviar uma mensagem para ele quando recebi a mensagem dele," eu respondi, brincando com a borda da minha caneca.

"Ele me deu um pé na bunda, Hugh. Ele me largou por mensagem de texto!"

"Como é que é? Ah, eu vou esmurrar aquele filho da pura," Hugh disse enquanto pegava o taco de beisebol.

Meus olhos se arregalaram em alarme, porque eu sabia que o Hugh não estava brincando. Eu imediatamente peguei o taco e o tirei dele. Ele estava tentando agarrá-lo do outro lado quando eu continuei falando.

"Eu nem terminei a história, Hugh..." Suspirei, com as lágrimas ameaçando cair novamente.

"Ele estava junto de uma mulher, e ela... ela era inegavelmente bonita, nível topmodel, Hugh, o que todos nós sabemos que eu estou longe de ser", terminei, soluçando.

Hugh deu a volta no balcão e me abraçou de lado, colocando o queixo no topo da minha cabeça.

"Você é linda pra caralho, Cami. Você não enxerga isso, mas eu enxergo. Se eu não fosse gay, eu super transaria com você," ele disse.

Eu rio. Eu confio que o Hugh sempre estará disponível para dizer coisas assim em momentos como esses. Mas era por isso que ele era o meu melhor amigo, e eu o amava.

"Eu preciso me trocar, estou congelando", eu disse quando me lembrei que estava encharcada em pleno inverno.

"Sim, com certeza. Melhor ainda, tome um banho. Você está fedendo", disse Hugh, franzindo o nariz provocativamente.

Eu dei um tapa no peito dele de brincadeira e fui até o banheiro. Coloquei a água na temperatura mais alta e deixei a banheira se encher de água.

Coloquei uns sais de banho e observei a mistura começar a se dissolver.

Assim como a minha vida amorosa, ~pensei amargamente.~

Quando terminei de tomar banho, vesti as roupas mais confortáveis que encontrei, ou seja, o meu suéter de tricô branco favorito combinado com shorts cinza e meias felpudas listradas.

Sentei na frente da minha penteadeira e comecei a pentear o meu cabelo preguiçosamente. Olhei para o meu reflexo, imaginando o que tinha de errado comigo. Deitei na minha cama, olhando para o teto, com um milhão de pensamentos passando pela minha cabeça.

Não foi assim que eu planejei o meu dia.

Eu tinha voltado pra cidade mais cedo do que o planejado, esperando surpreender o Chad. Eu tinha acabado de completar o meu último ano na escola de confeitaria e tivemos a nossa formatura ontem.

A escola ficava aqui, mas todos os alunos que se formavam tinham que terminar o último ano em um hotel de alto padrão em outro estado.

O hotel de um dos diretores da escola decidiu presentear os alunos nas acomodações da nova unidade, e por isso a cerimônia foi realizada lá.

Meus pais vieram, mas o Chad não, dizendo que estava ocupado com o trabalho. Fiquei triste porque estou estudando há um ano, mas entendi o lado dele. Eu sei o quão importante e exigente era o trabalho dele, nessa grande empresa.

Eu fui compreensiva.

O que me faz pensar como fui ingênua em não perceber a verdade. Ele já tinha me dado outros sinais antes? Provavelmente. Mas eu sabia que o meu amor por ele era mais forte do que as minhas dúvidas.

Estúpida! Estúpida! Estúpida!

Eu não aguento mais. Se eu ficar mais tempo nesse maldito quarto, vou explodir, me perguntando onde foi que eu errei.

Saí da cama, peguei a minha carteira e as chaves e saí do meu quarto.

Desci as escadas silenciosamente e fui até a porta. Coloquei um par de chinelos, abri a porta e a tranquei cuidadosamente para evitar acordar o Hugh.

Desci os pequenos degraus e fui até a garagem.

Tirei a capado meu Fusca azul vintage, entrei e liguei o carro.

Eu nem sabia se deveria estar dirigindo. Eu não estou usando nenhuma droga...

Apenas dirigindo sob a forte influência dos meus pensamentos e emoções.

Porra, quem diabos faz isso? Trair e depois terminar por mensagem de texto?

Babaca de merda.

E eu tive a infelicidade de namorar um escroto pelos últimos cinco anos.

Ele poderia pelo menos ter tido a decência de me ligar! Mas isso é pedir demais, né?

Abaixo o vidro para deixar o ar frio entrar, e eu dirigi pela noite tranquila, lembrando como tudo começou.

O Chad foi o meu primeiro namorado, meu primeiro beijo, meu primeiro tudo.

Ele era um atleta gatão e eu não vou mentir, eu não era super popular, na verdade eu era apenas uma garota normal que "deu sorte" e arrebatou o menino mais cobiçado do colégio Richfield High.

Estávamos indo para universidades diferentes. Ele ia fazer administração, enquanto eu me matriculei na escola de culinária.

E mesmo que fosse esse o caso, prometemos permanecer fortes. Nós suportamos todo o drama de "namorar à distância", "nós vamos fazer dar certo", "você vai ser a única", passamos por tudo isso.

E deixa eu te contar, olhando para trás, eu posso dizer com confiança que não passava de um monte de mentiras.

Antes que eu pudesse evitar, a cachoeira de lágrimas começou a cair novamente. Enxuguei as lágrimas com raiva, mas elas continuaram vindo, borrando a minha visão da estrada.

"MERDA!" Do nada, a porra do semáforo ficou vermelho, e eu pisei no freio bem na hora, me jogando para a frente.

Enviei uma breve oração de agradecimento por me lembrar de sempre usar o cinto de segurança. Olhei para o maldito semáforo.

Já tive semáforos suficientes me dando um ataque cardíaco no dia de hoje, muito obrigada.

Apoiei a minha testa no volante, batendo a cabeça repetidamente enquanto contava os segundos no semáforo.

"Sessenta... porra... cinquenta e nove... porra... cinquenta e oito... porra..."

"Vai ser uma longa contagem regressiva. Tem certeza de que você não está machucando esse volante?