O Rei Sem Rainha

Sempre tive problemas para me ajustar em lugares lotados e não foi nenhuma surpresa que eu não conseguia me misturar durante a hora do almoço.

"Vai melhorar", murmurei para mim mesma.

Ao meu ver, os três primeiros dias em uma nova escola sempre foram os mais difíceis. As pessoas olhavam, sussurravam e espalhavam boatos.

E o primeiro obstáculo foi encontrar algum amigo para não ficar sozinha na hora do almoço.

Deveria ter sido fácil encontrar um amigo na minha cidade natal, mas a maioria das pessoas que vi eram novas na cidade e todos os meus velhos amigos haviam se mudado.

Era como se toda a cidade fosse ocupada por estranhos e era estranho quantas pessoas que eu conhecia não estavam em lugar nenhum.

Algo estava acontecendo com esta cidade.

"Phoebe!" uma voz alta gritou, imediatamente chamando a atenção para mim. Amaldiçoei silenciosamente.

Beatrice me deu um enorme sorriso que tentei retribuir. Ou quase isso. Me conhecendo, provavelmente parecia que eu estava constipada ou algo assim.

"Sente-se conosco." Mais duas pessoas estavam sentadas com ela. Eu não conhecia nenhuma delas.

Ótimo, duas novas pessoas. ~Foi um pouco difícil para mim aceitar que estava conhecendo mais estranhos do que meus velhos amigos de infância.

Fui até eles e sentei-me com Beatrice em frente aos dois estranhos.

"Oi," o cara de cabelo preto que estava sentado conosco me cumprimentou com um pequeno sorriso.

"Oi. Eu sou Phoebe."

Ele acenou com a cabeça. "Eu sou Tyler e esta é Jenny."

A loira me deu um sorriso enorme e eu sorri de volta. "Oi. Prazer em conhecer vocês pessoal. Espero não incomodar todos vocês."

Beatrice deu um tapa na minha mão. "Bobagem, você não está. Agora sente-se conosco como uma boa menina e almoce."

Revirei os olhos para ela, mas fiz o que me foi dito.

"Onde Alex, Monica e Daniel estão? Eles estão por aqui em algum lugar?"

Como é que oito em cada dez pessoas nesta cidade não estão em lugar nenhum?

~

"Uhh... eu acho… que todos eles conseguiram um novo emprego. Sim. Eles conseguiram," Beatrice finalmente me disse. Eu dei a ela um olhar cético.

"Todos os três juntos? E os outros? Eu não vi ninguém aqui. Por que?" Eu não percebi que minha voz estava ligeiramente alta até que alguns alunos se viraram para olhar para mim.

Beatrice olhou para baixo e pude sentir que ela estava inquieta.

Por um longo tempo, ninguém disse nada e então Beatrice finalmente abriu a boca. "Não sei. Sinceramente não sei. Muita coisa está acontecendo."

"Como o que?" Eu queria respostas, sabia que provavelmente parecia paranoica, mas algo em meu interior estava me dizendo que algo estava errado e se eu tivesse aprendido uma coisa na vida é confiar em meu instinto.

Ela olhou para mim e abriu a boca, mas antes que qualquer palavra pudesse sair, Tyler a interrompeu.

"Beatrice." Era obviamente um aviso.

Eu cerrei os dentes em aborrecimento. Agora era oficial, algo estava acontecendo com esta cidade e todos sabiam, menos eu.

***

"Cidade estúpida. Pessoas estúpidas," eu murmurei para mim mesma quando uma garota da minha idade olhou abertamente para mim.

Entendo que não sou bem-vinda aqui, mas as pessoas não podem ser um pouco menos óbvias?

~

O dia inteiro ninguém veio falar comigo. Eu era uma excluída. Me senti como um pária. Eventualmente, minha frustração diminuiu. Talvez eu estivesse exagerando.

Talvez eu só estivesse chateada por morar aqui não corresponder às minhas expectativas.

Mas ainda era estranho quantas pessoas que eu conhecia não estavam mais por perto, e a cidade estava cheia de estranhos.

Claro, eu não conhecia todas as pessoas que viviam nesta cidade, mas ainda assim era estranho.

Chutei uma pedra frustrada, mas me arrependi imediatamente.

Um carro estava na beira da estrada e de alguma forma consegui acertá-lo com a maldita pedra.

Ok, acalme-se, a pedra era muito pequena para danificar um carro. Apenas vá embora com calma antes de se meter em problemas.

~

Sem sorte. Cruzei os dedos quando ouvi passos atrás de mim.

"Ei você!" uma voz gritou. Um arrepio desceu pela minha espinha. Eu me virei para enfrentar a pessoa, preparando um pedido de desculpas, mas o que vi quase me deixou sem fôlego.

Deus, ele é tão lindo.

~

E também, talvez tivesse a ver com o fato de que o homem estranho que vi durante minha aventura na sorveteria estava perto dele.

Eu estava oficialmente ferrada.

Mas o que aconteceu a seguir foi ainda mais estranho.

O belo homem sussurrou: "Minha". Ele se ajoelhou e baixou a cabeça. "Minha rainha." Ele parecia estar atordoado, e eu decidi que ele devia estar fora de si.

Dei a ele um olhar estranho e me virei.

E então eu corri.

Merda, merda, merda, merda!

~

As palavras encheram minha mente como um mantra. Eu podia sentir o ar frio batendo no meu rosto enquanto eu corria. Minhas pernas doíam. Mas não parei de correr.

Algo estava muito, muito errado com as pessoas aqui.