Mesa Onze

ELNORA

"Este é um clube privado, senhorita", disse o homem corpulento que guardava a porta preta. Suas sobrancelhas grossas e indomáveis franziram de uma forma inquietante.

Dando um passo para trás, Elnora olhou ao redor da rua antes de verificar o endereço que Marcy havia enviado.

Era um local notável para um clube, mas era o lugar certo. Após outro olhar rápido para cima e para baixo na rua, ela voltou sua atenção para os seguranças.

"Tenho certeza de que estou no lugar certo", afirmou Elnora.

"Senhora, a menos que seu nome esteja na lista, ou que saiba a senha, a senhora não vai entrar", disse o outro segurança vestido todo de preto.

Senhora? Como se ela tivesse 100 anos?

Elnora olhou para ele, apoiando as mãos nos quadris. Chega de encontros às cegas, e chega de permitir que Marcy marque encontros que possam levar ao seu assassinato.

Embora já pudesse ter chamado um táxi e evitado o constrangimento, ela não saía de sua cobertura há meses; precisava disso.

Marcy era sua amiga mais antiga e sócia na empresa de segurança cibernética que elas fundaram logo após a faculdade. Ela era uma ótima amiga, e muito mais carinhosa do que sua mãe, que estava mais preocupada com sua própria vida amorosa.

"É um encontro às cegas", Elnora bufou.

Um de que ela estava arrependida, e que ela só concordou para que Marcy a deixasse em paz por um tempo. Mais importante, um de que ela precisava para desestressar.

Para sua surpresa, isso pareceu chamar a atenção dos guardas. Eles trocaram um olhar, e o menor dos dois puxou um iPad.

Ele ficou mexendo no aparelho por um minuto, em seguida, acenou com a cabeça para seu colega, que abriu a pesada porta preta.

"Aproveite sua noite, signorina", acrescentou ele com um sorriso torto.

Elnora hesitou por um minuto contra o som sutil da música antes de entrar. Passando pela entrada iluminada de azul, ela seguiu cautelosamente até chegar a um concierge.

"Você é o ~encontro às cegas?", perguntou o concierge esguio, com uma sobrancelha arqueada e uma incredulidade que a fez bufar.

Elnora tirou mechas caramelo do rosto. Levou uma boa hora para deixar o cabelo perfeitamente cacheado para esta noite; ninguém iria arruinar o seu humor.

"Apenas me leve para a minha mesa", ela disse a ele, enquanto o cheiro quente de charutos a cumprimentava, misturado com um aroma intenso de uísque envelhecido.

No fundo do salão havia uma plataforma onde uma banda de jazz ao vivo tocava uma música baixa e suave.

"Por aqui, senhorita." O concierge pegou um cardápio e a conduziu até o pub.

Ela a seguiu, desfilando com elegância e graça em seu vestido vermelho decotado nas costas. O ambiente era um clube de cavalheiros, com luzes amarelas fracas e decoração vintage.

Eles chegaram a uma mesa em frente a uma lareira, bem centralizada e de onde ela podia ver tudo, especialmente os cavalheiros bem-vestidos no bar avaliando-a.

"Mesa onze." O concierge sorriu para ela. "Seu garçom estará com você em breve."

Com uma sacudidela de cabelo esnobe, Elnora abaixou-se na cadeira e cruzou as pernas, mostrando as panturrilhas longas e bem tonificadas das quais ela se orgulhava.

Quando o concierge saiu, ela espiou ao redor. Além da cantora loira platinada, ela era a única outra mulher no lugar.

Ela se esquivou e voltou-se para o cardápio, finalmente vislumbrando o nome do estabelecimento no luxuoso couro preto do menu: l'Éclipse.

"O quê?", Elnora meditou. Ela estava no lugar errado?

"Eu tive um DB4 uma vez."

Seus olhos cor de avelã se ergueram e se arregalaram. O homem era sexy de uma forma que a deixou sem fôlego, sacudindo seu coração e prometendo um sabor selvagem – e Elnora gostou disso.

Vestido com um smoking sob medida, ele sorriu e sentou-se na frente dela.

"Desculpe?", Elnora se perguntou, seus olhos grudados nas esferas verdes de seu olhar encantador e firme. "DB4?"

"Ah, você deveria ter visto. O Aston Martin DB4 era um clássico e, depois que o restaurei, tornou-se um troféu glorioso."

Ele cruzou as pernas enquanto divagava, ajustando as mangas do smoking com uma elegância que a deixou com água na boca.

"No entanto, nunca se comparará ao seu requinte, bela." Seu olhar cintilou sobre ela em avaliação e as bochechas de Elnora queimaram.

Ele era muito mais lindo do que ela esperava. Deveria ser ilegal ter essa aparência.

Obrigada, Marcy.

Com uma pequena risada, ela passou os dedos pelo cabelo e se apoiou contra a mesa, bebendo a deslumbrante beleza de seus olhos.

"Mason." Ele se espreguiçou, estendendo a mão sobre a mesa.

A mão de Elnora se moveu antes que ela pudesse pensar, envolvendo-se no calor que ele oferecia contra o calor que apertava seu estômago de desejo.

Então ele apenas olhou para ela, um sorriso sensual brincando em seus lábios carnudos. Ela se perguntou o quanto eles seriam macios quando ele lhe desse um beijo de boa noite.

Como se pudesse ler seus pensamentos, ele sorriu, exibindo belos dentes brancos que ela imaginou mordiscando sua pele nua.

Elnora retirou a mão e balançou a cabeça com um pequeno suspiro.

"Acho que você não tem nome", disse Mason com um sorriso tímido.

Ela mordeu o lábio com uma pequena risada enquanto se perguntava por que ele estava em um encontro às cegas. Ele parecia capaz de conseguir a mulher que quisesse. Uma analista de sistemas introvertida era muito sem graça para ele. Qual é a dele?

"Elnora", disse ela.

Ele assentiu, ainda olhando para ela como se estivesse tentando descobrir alguma coisa.

Ela olhou em volta, procurando o garçom. Uma ou duas doses do uísque mais forte da casa a ajudariam nesse encontro. Talvez uma garrafa inteira, porque seu coração batia forte sob seu olhar inflexível.

"Exótico." Sua voz, tão suave e nítida, lambeu um ponto atrás de seu pescoço que ela não conseguia alcançar.

Elnora apertou as pernas com mais força, desejando uma noite interminável e imprudente de paixão em seus braços; debaixo dele, acima dele, em qualquer lugar.

Ela queria experimentá-lo, e talvez eles pudessem pular qualquer outra etapa e apenas aliviar todo aquele fogo.

Mas Marcy insistiu para que ela não transformasse isso em apenas mais uma aventura. Elnora suspirou e sentou-se ereta na cadeira. Ela estava acostumada a encontros impulsivos e sem compromisso, e Mason era um excelente espécime para isso.

No entanto, ele veio quando ela não podia... Bem, ela podia, ela apenas teria que esconder isso de Marcy, e essa era a tarefa impossível.

"Este lugar foi uma escolha interessante", disse ela. "Você vem sempre aqui?"

"Não particularmente." Seu tom dizia que ele não iria elaborar mais do que isso.

Ele era o tipo de homem que sempre conseguia o que queria – quem ele queria – e um encontro às cegas com uma estranha estava fora do seu elemento natural.

"Acho que a gente deveria ir embora." Ele sorriu um pouco como se estivesse oferecendo algo e tivesse certeza de que ela sabia o que era.

Mas Elnora o ignorou. A última coisa que ela queria era que ele soubesse o efeito que tinha sobre ela.

"Suponho que você está acostumado com as mulheres caindo aos seus pés?"

Seus olhos brilharam, queimando com uma intensidade recém-descoberta que a aqueceu. "De jeito nenhum. Prefiro minhas mulheres em pé, muito safadas e dominadoras."

Elnora observou enquanto ele se encostava na mesa, mais perto dela. Seus olhos semicerrados para ela com uma ponta perigosa, e ela se sentiu tentada a sentir sua barba por fazer e bem cuidada.

Ela estava curiosa sobre ele, e enquanto ela daria qualquer coisa para que ele a possuísse rápido e forte até que seus dedos se dobrassem, ela ainda não podia.

"Pretendo passar meu tempo com você, Elnora." Mason levantou-se e foi até ela.

Com um sorriso, ele estendeu a mão para ela. Elnora deslizou a mão na dele, e ele a puxou para cima, seu olhar procurando o dela. O nome dela em seus lábios chiou como gelo em uma fornalha escaldante.

Então Mason se inclinou para baixo e aqueles lábios carnudos roçaram levemente contra sua orelha. Seus olhos se fecharam contra o cheiro de sua colônia, e ela rolou a língua sobre os lábios manchados de rosa.

"As melhores coisas devem ser saboreadas", ele ronronou, sua respiração quente contra sua pele.