Você Me Deixou

CORAL

Em um vasto gramado em Los Angeles, havia cerca de vinte sicômoros. Além desse jardim, havia também uma enorme mansão, batizada de Giovanni por causa de seus habitantes.

Giovanni era protegida por muitos seguranças, que tinham sempre à mão suas armas de choque para lidar com possíveis intrusos. Esses guardas também carregavam pistolas nos cintos caso precisassem enfrentar ladrões mais agressivos.

Havia também uma garagem que poderia ser facilmente confundida com uma casa. Ela abrigava uma centena de carros diferentes de diferentes marcas e modelos.

A mansão com aparência de palácio pertencia a Nikolai Giovanni, chefe de uma empresa multimilionária chamada Giovanni Co.

Ele governava esta bela mansão com uma bela jovem chamada Coral Giovanni. Embora fosse dona de casa, ela costumava aparecer em várias revistas e jornais.

Eles tinham acabado de tomar um senhor café da manhã, preparado por um dos melhores chefs do mundo, que vinha uma vez por semana e cobrava 10 mil dólares por visita.

Depois do café da manhã na mansão, Coral e Nikolai Giovanni voltaram para o quarto. Era uma bonita manhã de segunda-feira, e Coral se recusava a deixar Nikolai sair para trabalhar.

"Querida, tenho uma reunião hoje. Você poderia, por favor, me deixar ir?", ele disse.

Coral fez beicinho e caiu na cama enorme, coberta com lençóis brancos. Sua mente voltou para a noite anterior de amor que ela e Nikolai tiveram. Ele conhecia seus pontos certos.

"Baby."

Ele tinha sido tão lento e sensual, mas tão erótico que a fez implorar por ele. Ela mordeu os lábios e suspirou suavemente, sua imaginação correndo solta.

"Baby", Nikolai chamou novamente, mas ela ainda estava em seu devaneio. Ele logo adivinhou no que ela estava pensando quando ela se mexeu desconfortavelmente e mordeu os lábios.

Nikolai revirou os olhos e sorriu. Ele achou divertido, mas ela não respondia. Ele vestiu seu terno Armani e foi até o armário pegar os sapatos antes de se sentar na cama.

"Baby", ele chamou novamente enquanto se sentava e começava a vestir as meias.

"Coral!", ele gritou, trazendo-a de volta à terra. "No que você estava pensando?" Ele deu a ela um olhar interrogativo. Ele sabia, mas queria que Coral dissesse.

"Ah, em nada", ela respondeu, corando um pouco e escondendo o rosto.

"Meu amor, sei que a noite passada foi incrível, mas você não precisa ficar pensando nisso. Sou todo seu para sempre, ok?"

Ele acariciou sua bochecha e olhou em seus olhos castanhos claros que o faziam se perder. Ele calçou os sapatos enquanto ela olhava para o lado de seu rosto por um longo tempo.

"Por que você está me olhando assim?", ele perguntou.

"Eu quero um emprego."

Suas sobrancelhas franziram em confusão. Ela havia feito esse pedido a ele um bilhão de vezes e sua resposta era sempre a mesma.

"Não", Nikolai respondeu, desviando o olhar para não ver a decepção em seu rosto.

"Não?" Ela pareceu surpresa.

"Não", ele simplesmente disse novamente.

"Ah, por quê?"

"Porque, baby, você sabe que é perigoso. Por que você insiste em me dar dor de cabeça?"

"Não estou tentando te dar dor de cabeça, Nikolai. É apenas um trabalho, meio período. Todos os meus amigos estão fazendo isso, por que eu não posso? Quer dizer, tenho um diploma de direito enfeitando a gaveta."

"Você se lembra da vida pobre da qual escapei? Seus amigos são dessa vida, são pobres e precisam lutar para sobreviver todos os dias.

"Já você, baby, te dou tudo e você não pode fazer apenas uma coisa – desistir de trabalhar. Agora chega. Estou atrasado para o trabalho e não podemos ter essa conversa agora."

"Tá bom! Por que você está sendo tão rude sobre isso?" Ela estreitou os olhos para ele.

"Desculpe, eu não deveria ter dito isso."

"Nikolai, vai se foder."

"O quê?"

"Vai se foder."

Nikolai riu baixinho e olhou para os olhos raivosos dela encarando-o. Ele a beijou suavemente e se levantou. "Estou indo trabalhar."

"Que tal um bebê?", ela perguntou quando ele pegou o telefone que estava carregando.

Ele congelou e olhou para ela em choque. "De onde vêm todas essas ideias?!"

"Nikolai, estou entediada em casa. Não posso ficar aqui sentada pensando em sexo até você chegar em casa todos os dias e me dar outra sessão. Onde está a normalidade nisso?"

"Coral, já te disse isso várias vezes, não estou pronto para uma criança. Se você não entender em inglês, direi em espanhol: Coral, no estoy listo para un bebe. Temos muito tempo para isso depois. Ainda somos jovens."

Lágrimas encheram seus olhos em seu retorno áspero.

"Inferno, como eu sei que você não agiu pelas minhas costas e parou de tomar suas pílulas só para poder engravidar?"

"Como é?", ela disse, sua voz tremendo um pouco.

"Traga-me suas pílulas."

"O quê?"

"Não me faça repetir."

Coral foi ao banheiro e pegou a caixa de pílulas. Quando voltou para o quarto, jogou a caixa na cabeça dele e foi para a cozinha chorar.

"Sra. Giovanni." Alguém a tocou levemente no ombro, ela olhou para cima e viu uma das empregadas com um olhar preocupado.