De Repente - Capa do livro

De Repente

M.H. Nox

Capítulo Dois

SETH

Seth King estava furioso. Seguiu para a casa da alcateia e foi direto para a sala de reuniões do Alfa. Escancarou a porta e nesse mesmo instante, os olhares ávidos ​​de seu círculo interno encontraram o dele.

"Como diabos eles passaram pelo perímetro?", ele trovejou.

Todos que estavam diante dele abaixaram a cabeça, desviando os olhos, incapazes de encarar seu Alfa.

Era sempre bom ter cautela com um lobisomem enfurecido, mas quando se tratava de um Alfa, era preciso ser estúpido para não ter muito cuidado.

"Deve haver um ponto fraco em algum lugar de nossas patrulhas." Nate, seu Beta, foi o primeiro que se atreveu a falar.

"Então encontre esse ponto fraco." A voz de Seth estava levemente mais calma agora.

Aqueles forasteiros desgraçados quase atacaram uma humana em seu território, e isso era algo que ele não podia permitir.

Além de proteger a alcateia, o Alfa também era responsável pela proteção de todos os humanos e outras criaturas dentro de seu território.

Outros lobisomens invadindo e tentando ferir pessoas na sua área era inaceitável.

"Como chefe da guarda, a tarefa de encontrar o ponto fraco recai sobre você, Thatcher." Ele se virou para o homem em questão e fixou seus olhos escuros nele.

"Sim, meu Alfa", o homem mais velho respondeu com seriedade.

"Você está dispensado."

O homem se levantou, movendo-se rapidamente para fora da sala para que pudesse realizar a tarefa pela qual foi encarregado.

"Vocês dois sabem o que fazer. Juntem-se à patrulha, certifiquem-se de que eles se foram." Ele se virou para olhar os dois homens restantes: o Beta, e o terceiro em comando.

"Eu vou voltar para me certificar de que ela continua segura."

Os dois homens se entreolharam, trocando olhares sagazes, mas não disseram nada, e também partiram para cumprir suas tarefas.

Assim que ficou sozinho, Seth bateu com o punho na mesa redonda no centro da sala, soltando um grunhido, e então respirou fundo para se acalmar.

Em seguida começou a caminhar para os fundos da casa da alcateia, onde parte da parede era cheia de armários de vestiário.

Ele encontrou um vazio e rapidamente se despiu, colocando suas roupas no armário e o fechando com firmeza.

Então saiu correndo em alta velocidade, saltou no ar e, em uma transformação rápida que não durou mais que um segundo, ele não era mais homem, e sim um lobo.

Suas patas estavam se cravando no chão, empurrando-o para frente, de volta para onde ele havia deixado a mulher humana.

Ele se manteve nas sombras, certificando-se de que não seria visto caso alguém saísse para um passeio noturno.

Estar na forma de lobo tornava mais fácil sentir o cheiro do que quer que ele estivesse procurando, fazendo seus sentidos já sobrenaturais serem ainda mais intensificados.

Ele cheirou o ar, se certificando que o fedor dos lobisomens forasteiros não estava em lugar nenhum.

Criou um circuito ao redor do prédio, o qual ele percorreu correndo até que a voz do seu Beta - através do elo mental da alcateia - soou em sua cabeça.

"Tudo limpo, Alfa. O perímetro está seguro, nenhum sinal dos forasteiros."

Ele soltou um suspiro de alívio e deu uma última olhada no prédio dela antes de voltar para a casa da alcateia.

***

Após aquela provação, Seth ficou o dia inteiro ansioso. Ninguém deveria ser capaz de passar por suas fronteiras, muito menos ir tão longe quanto os dois forasteiros haviam ido.

Ele se dirigiu à sua sala de reuniões para dar as instruções diárias.

Nesta manhã o advogado da alcateia estava lá também, além do Beta, o terceiro em comando e o chefe da guarda. Uma vez que Seth se sentou, o resto dos homens se sentaram também.

"Eu inicio agora esta reunião", Seth disse, com a clara autoridade de Alfa manifestando-se em cada palavra.

"Houve uma violação na noite passada", Nate começou falando.

"Dois forasteiros entraram em nossos perímetros", continuou Gabriel, o terceiro em comando.

"O ponto fraco foi localizado e protegido. A segurança geral também foi intensificada e assim continuará pelas próximas semanas, caso eles ou outros tentem cruzar o perímetro novamente", concluiu Thatcher.

Ele estava com raiva de si mesmo por deixar alguém passar despercebido. Sendo chefe da guarda, o acontecimento foi um golpe em seu orgulho.

Este era o tipo de coisa que poderia colocar sua posição na alcateia em dúvida, caso ele não fosse tão respeitado e confiável quanto era.

"Bom. A humana também está segura", Seth disse enquanto se recostava na cadeira, com as pernas cruzadas e os braços apoiados.

"Também precisamos falar sobre esses ataques. Estão ficando cada vez piores e mais próximos de nossa fronteira, embora eles continuem contornando a linha, sempre fora do nosso alcance." A frustração que todos sentiam era evidente na voz de Nate.

"O que devemos fazer, Alfa?", Gabriel perguntou, e todos olharam para Seth.

Uma ruga se formou entre suas sobrancelhas enquanto ele considerava sua resposta com cuidado.

"Nós esperamos. Com sorte, eles se cansarão e seguirão para novos campos de caça. Se formos atrás deles, corremos o risco de sermos levados para o território do Alfa Caleb, e isso significaria guerra."

Então foi combinado que eles esperariam, esperariam, e esperariam, até que quem estivesse lá se aproximasse o suficiente para que eles pudessem atacar e eliminar a ameaça, ou simplesmente partisse.

Após a reunião, o grupo se desfez para cuidar de seus deveres individuais - todos, exceto Nate, que ficou com Seth depois que os outros partiram.

"Desembucha", Seth disse, depois de ver a expressão no rosto de seu Beta.

"Gabriel e eu estávamos conversando", ele começou.

Seth ergueu uma sobrancelha questionadora. "E?"

"Bem, é ela?", finalmente perguntou.

Seth soltou uma leve rajada de ar pelo nariz e passou uma mão pelo rosto.

"Eu não sei. Pode ser."

***

Mais tarde, Seth sentiu seu cheiro em uma livraria, onde descobriu que ela trabalhava.

Tinha sido fácil, considerando seu encontro com ela na outra noite. Seu aroma de baunilha e mel ainda estava forte em sua mente.

Ele ficou perto, a observando com curiosidade. Quando ela voltou para casa, ele a seguiu, com todos os seus sentidos aguçados em alerta máximo, caso houvesse outros intrusos.

Ela estava claramente desconfortável e nervosa, o que fazia Seth querer sair das sombras e confortá-la, alisar a ruga entre suas sobrancelhas e dizer que ela estava segura agora.

Ele esperou até que ela estivesse a salvo em casa, como ele tinha feito na outra noite, antes de vagar de volta para a casa da alcateia, se perguntando como essa humana tinha capturado sua atenção tão completamente.

Ele tinha tido que salvar outras pessoas antes dela, mas ninguém nunca antes o fez se sentir tão protetor.

***

Durante a semana seguinte, ele continuou a observá-la sempre que tinha algum tempo de sobra.

Disse a si mesmo que estava apenas se certificando de que ela estava bem, depois de uma experiência tão traumatizante - e que faria isso por qualquer outro humano.

Mas ele suspeitava, assim como seu Beta e terceiro em comando, que não era só isso.

***

Na sexta-feira seguinte alguns vampiros nômades passariam pela cidade. Eles haviam pedido permissão, a qual foi concedida contanto que eles se comprometessem a não se alimentarem lá.

Com isso, Seth sentia-se cada vez mais inquieto e, quando o dia finalmente chegou, ele se pegou observando-a ainda mais de perto.

Foi para o trabalho dela e manteve a vigilância de uma distância segura, então a seguiu para sua casa, onde ela entrou para pegar algo que acabou sendo um livro, até que sua caminhada os levasse ao parque.

Lá ela se sentou em um banco e pôs-se a ler, completamente concentrada no que fazia.

Ele sabia que se ele analisasse melhor seu comportamento, perceberia que parecia um stalker. Nessa altura do campeonato ele já estava literalmente perseguindo aquela mulher.

Se ela soubesse que ele a estava seguindo, ele tinha certeza que ela ficaria apavorada.

Seth farejou o ar e sentiu o cheiro dos vampiros, então seu corpo ficou rígido por um momento e seus olhos se prenderam à mulher que lia. Eles estavam perto.

Ele seguiu o caminho - forçando-se a não correr - e se sentou no banco em frente a ela, pronto para defendê-la caso fosse necessário.

Puxou seu telefone para verificar se Nate tinha mandado alguma mensagem para ele, já que o elo mental só funcionava quando eles estavam na forma de lobo.

Mensagens de texto eram seu meio de comunicação à distância quando estavam na forma humana.

Ele ouviu o batimento cardíaco dela acelerar e levantou os olhos para encará-la, apenas para encontrá-la olhando de volta para ele, com um traço de admiração e curiosidade claros em seus olhos azuis.

Quando ela percebeu que tinha sido pega em flagrante, rapidamente olhou para baixo, e Seth viu um toque de rubor em suas bochechas. Ele reprimiu um sorriso antes de voltar sua atenção ao telefone.

Nate o estava atualizando sobre os vampiros. Eles tinham vários guardas os seguindo, certificando-se de que eles não tentariam nada estúpido.

Aparentemente eles tinham ligações sentimentais com Pinewood Valley de antes da área pertencer aos lobisomens da Alcateia do King.

Eles haviam parado em alguns locais, mas felizmente, trinta minutos depois, Seth recebeu uma mensagem avisando que eles estavam novamente fora de seu território.

Durante esses trinta minutos de espera, Seth havia tomado uma decisão. Só havia uma maneira de descobrir se suas suspeitas eram verdadeiras, e agora era um momento tão bom quanto qualquer outro para fazê-lo.

Ele se levantou e caminhou de forma hesitante em direção à mulher no outro banco, e então se sentou ao seu lado.

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