Dia dos Namorados Nada Clichê

LAUREN

"O que eu prefiro," disse Lauren com a voz calma e clara, "é qualquer coisa que não seja um homem como você, que presume ser o presente do mundo para as mulheres. Você acha que sabe o que todas nós queremos na cama apenas por experiência própria."

Ela levantou um dedo indicador para ele. "Novidade, bonitão. Somos todas diferentes e estamos todas procurando por algo diferente."

A sobrancelha dele se ergueu e o sorriso aumentou. Ele tirou o braço do encosto do assento e se inclinou para frente, passando a mão no queixo antes de olhar nos olhos dela.

O olhar delicioso que ele deu a ela quase a fez cair de joelhos, mas ela lutou contra os pensamentos cheios de luxúria de sua mente, recusando-se a ser tão fraca. E daí se ele preenchia todos os requisitos físicos que ela havia criado para seu príncipe encantado? Emocionalmente, ele era um gnomo.

Ela olhou para ele mais uma vez e, quando ele ficou em silêncio, ela bufou, levantando-se para se afastar.

A mão dele, que era maior do que parecia quando não a estava tocando, envolveu o pulso dela. Ela respirou fundo e afastou o braço. Ele a soltou, mas sua pele ainda formigava com a marca do toque dele. Ela engoliu com força, fingindo que aquilo não a estava fazendo pegar fogo até a alma.

"E o que você está procurando?" perguntou ele, com uma voz tão profunda e rouca que parecia ter saído de vídeos pornográficos ou, no mínimo, de algum audiolivro sensual.

Ela poderia ficar ouvindo aquilo o dia todo.

Afastando os olhos de seus lábios beijáveis, ela encontrou o olhar dele, mas a maneira como ele a estava encarando a fez repensar sua resposta. Ela queria dizer a ele que o que ela estava procurando não era da conta dele, mas toda a hostilidade de antes em seu rosto havia desaparecido.

A pergunta dele era genuína.

Já que ela não iria contar a ele que era viciada em trabalho, sem vida social, e que estava procurando alguém que não se importasse com isso a ponto de compartilhar uma vida com ela, ela decidiu que a melhor resposta seria ir embora antes que as coisas fossem mais longe.

"A saída," disse Lauren. "Boa noite." Ela se virou para ir embora, olhando por cima do ombro com um sorriso presunçoso. "Senhor," acrescentou ela, e depois atravessou pelas mesas em direção à porta.

Os olhos dele fizeram buracos nas costas dela durante todo o caminho.

Ela saiu do restaurante, respirando calmamente o ar fresco. O vento a machucava, mas era um alívio bem-vindo sobre o calor que a sufocava. O corpo dela ainda estava incomodado com a presença dele, mas ela ignorou, tirando-o da mente.

A vida noturna de Nova York fervilhava ao seu redor enquanto ela se recompunha. As luzes de centenas de arranha-céus faziam a escuridão parecer viva. Lauren se concentrou em uma única luz acima da cabine do manobrista antes de caminhar em direção a ela.

Entregando o tíquete de estacionamento ao manobrista, ela esperou com os braços cruzados contra o vento. Olhou para baixo, evitando olhar para todos os casais felizes que caminhavam de braços dados em todas as direções, jogando na cara dela que ela não tinha tanta sorte.

O confronto com Sr. a distraiu do encontro de merda, mas o ar fresco trouxe clareza à sua mente. Sua noite inteira tinha sido uma merda.

Ela havia levado um pé na bunda, no Dia dos Namorados, encontrou o cara mais atraente que já tinha visto na vida — que acabou se revelando um babaca — e passou a agir como uma adolescente perto dele, primeiro babando, depois batendo os pés e depois saindo com uma provocação.

A vergonha e a autopiedade aqueceram suas bochechas, e ela respirou fundo, lembrando-se de que poderia ter sido pior.

De fato, já havia sido pior. No que diz respeito aos encontros desastrosos do Dia dos Namorados, estar de pé era moleza em comparação com o que a maldição havia lhe proporcionado antes.

O encontro em que o cara tentou sair com Lauren e sua esposa, mas confundiu os horários, foi pior. O encontro em que o cara a deixou por causa de um aperitivo foi pior. E o encontro em que o cara transou com a garçonete no banheiro, não em uma cabine, foi pior.

Estar de pé era, na verdade, um alívio, porque assim sua noite poderia terminar sem ficar ainda pior.

O manobrista finalmente trouxe o carro e ela entrou no momento em que seu telefone tocou. Lauren colocou o cinto de segurança e respirou fundo, preparando-se para qualquer desculpa que seu par tivesse preparado.

As unhas de Lauren pressionaram a capa do celular enquanto ela o apertava. Era mais um Dia dos Namorados em que ela estava solteira e irritada. Ela ligou o carro e acelerou, apertando o volante com mais força.

Ela bloqueou o número de Trent e jogou o telefone no banco do passageiro. Desviando para a rua, ela dirigiu o mais rápido que pôde para o conforto de sua casa, sua cama e seu fiel BOB.

Pelo menos ele nunca a decepcionou, ao contrário de todos os homens de sua vida, a começar pelo pai. Talvez ela devesse simplesmente parar de tentar, parar de namorar e parar de acreditar em todos os filmes da Hallmark que dizem que o amor verdadeiro é real e possível de ser alcançado.

Em vez dos 90% que ela dedicou à sua carreira, talvez ela devesse começar a dedicar 100%.

Mas o rosto do Sr. veio à mente. Ele a fez sentir coisas que ela achava que Hollywood havia inventado. Ele era a causa da esperança de um final feliz que se agitava em seu estômago.

E o que você está procurando? ~A voz grave dele reverberou na mente dela, destruindo as respostas que ela teria dado a ele até que só restasse uma.

Lauren estava procurando por ele.