Ecos na Penumbra - Capa do livro

Ecos na Penumbra

Elizabeth Gordon

O médico sabe o que é melhor

ROSIE

Rosie lambeu os granulados de arco-íris da metade de baunilha da sua casquinha de morango na barraca de sorvete local.

Antes que ela pudesse engolir, Jackson se inclinou e a beijou. Sua boca estava fria e doce.

"Eca, baunilha", ele brincou. Seu braço estava ao redor de sua cintura, a mão na pele nua de sua barriga. Ele a beliscou.

"Ei!" Rosie gritou, fingindo estar com raiva. "Você me beijou ~!~"

Ela se aproximou do namorado. Depois de todo o drama em sua casa na noite anterior, ela precisava de uma distração.

Jackson sorriu para as mesas de piquenique ocupadas. Eles se sentaram em uma mesa coberta com um pano xadrez vermelho e branco.

Foi a coisa mais legal a se fazer. Rosie se sentia bem sentada ao lado dele e sabia que as pessoas estavam observando.

Eles ficaram sentados lá por um minuto, e Rosie olhou para os olhos castanhos suaves de seu namorado sob seus cabelos escuros e encaracolados. Ela lambeu a casquinha. Tinha gosto de verão.

Rosie estava esperando pela melhor época de sua vida. Primeiro viria o baile, depois a formatura e, em seguida, festa após festa, todos iriam para a faculdade. E Jackson estaria ao seu lado o tempo todo.

Mas pensar em seu próprio futuro brilhante não poderia distrair totalmente Rosie do declínio da saúde mental de sua irmã mais nova.

Ela pensou em trazer à tona suas preocupações com Jackson, mas isso era o melhor no relacionamento deles... eles não precisavam conversar. Eles poderiam apenas existir. ~

"O que você acha de sairmos daqui, amor?" Jackson perguntou.

"Ainda não terminei o meu sorvete", respondeu Rosie.

"É melhor assim, eu gosto de você bem magrinha", ele disse com uma piscadela, mas Rosie corou. "Quero te mostrar um lugar."

Rosie jogou fora seu sorvete e se sentou no banco do passageiro da Ferrari do pai de Jackson. Antes de sair do estacionamento, ele se inclinou e a beijou.

"Para onde você está me levando?" ela perguntou flertando.

"Para o nosso ponto de encontro," ele respondeu.

O coração de Rosie parou.

"Baby, você sabe que ~eu não quero ir para lá," ela começou. "Eu tenho irmãos mais novos, e eles me admiram e—"

Jackson suspirou.

"Tudo bem", ele cedeu. "Meus pais estão fora da cidade. Podemos simplesmente ir para a minha casa."

Eles dirigiram para a casa grande e vazia de Jackson. Eles fizeram amor na sala de estar e o carpete macio deixou uma marca nas costas de Rosie.

Eles não usaram camisinha porque Jackson gostava mais assim, e ele prometeu novamente que ia tirar antes de gozar. Não seria como da última vez.

MELINDA

O consultório do Dr. Mulligan tinha paredes cinzentas.

Melinda acariciou o tecido macio da cadeira para não roer as unhas.

Ela sabia que o Dr. Mulligan escreveria em seu caderno se ela fizesse isso na frente dele.

"Melinda, você poderia me contar sobre o que aconteceu ontem à noite, com as suas próprias palavras?" perguntou o médico.

Ele cruzou os tornozelos. Sua meia direita estava caindo, e Melinda podia ver a sua canela brilhante.

Ela engoliu em seco. Ela não deveria mentir para o Dr. Mulligan.

Mas com o remédio que ele deu a ela, ela deveria melhorar. Sempre que ela dizia a ele que ainda ouvia os sussurros, ela sabia que ele ficava chateado.

Mas, quando ela mentia, ele fazia perguntas até que ela contasse a verdade.

"Bem, os sussurros me acordaram", começou Melinda, "e fiquei com tanto medo que molhei a cama."

Ela mordeu o lábio. Não era mentira.

Dr. Mulligan fez uma pausa, acariciando a sua barba branca.

"Foi só isso, querida?" ele pressionou. "Algo mais aconteceu? Algo mais assustador do que os sussurros? "

Melinda mordeu a unha, mas lembrou-se de não fazer isso e parou.

"Quanto mais você me diz, Melinda, mais rápido podemos resolver esse problema", disse o Dr. Mulligan, seus olhos azuis suaves abaixo das sobrancelhas brancas espessas.

Melinda engoliu em seco novamente.

"Bem, tem outra coisa." Melinda olhou para as próprias mãos. "Havia sombras no meu quarto... que se moviam como pessoas."

As mãos de Melinda começaram a tremer, mas ela continuou.

"Havia cinco delas, e elas tentaram me atacar."

Quando Melinda olhou para cima, o rosto do Dr. Mulligan estava enrugado de preocupação.

"Isso soa muito preocupante, de fato", disse ele.

Melinda acenou com a cabeça.

"Obrigado por sua honestidade, Melinda. Agora eu entendo e poderemos trabalhar juntos para encontrar uma solução".

Os dois sorriram um para o outro.

Quando Melinda saiu da sala, ela desejou ter dito a coisa certa. Ela não queria que o Dr. Mulligan pensasse que ela ainda estava doente.

Mas foi bom contar a verdade. Era bom que o segredo não fosse só dela.

KAREN

Assim que a recepcionista disse a Karen que o Dr. Mulligan estava pronto para recebê-la, ela correu para o consultório dele.

Ela deixou Melinda na sala de espera e fechou a porta atrás dela.

Seu coração bateu forte no peito quando ela se sentou na cadeira. Ela agarrou seus braços, ansiosa.

"Sra. Johnson, receio ter más notícias", começou o médico.

Karen choramingou e depois recuperou a compostura. O médico estava no controle.

"O que a Melinda disse a você?" ela perguntou desesperadamente.

"Parece que mudamos de alucinações apenas auditivas para visuais, também."

"O que isso significa?" Karen perguntou. Ela desejou que o Dr. Mulligan falasse de um jeito compreensível.

"A Melinda está vendo coisas. Coisas que a fazem temer pela sua segurança."

"Ai meu Deus!" Karen chorou.

Sua cabeça estava girando. Esse desastre poderia ser culpa dela? Ela pensou em uma vez quando as crianças eram pequenas, e ela os pegou assistindo aquele antigo filme de terror O Iluminado. ~

Ela pensou em todos os aplicativos aterrorizantes nos dias de hoje em que predadores sexuais podem acessar os dados de crianças inocentes... onde drogas podem ser encomendadas e entregues em um local exato em minutos...

Será que a Melinda foi vítima de tal depravação? Poderia ser essa a causa disso? ~

"Recomendo um aumento na dose de olanzapina para ela", concluiu o Dr. Mulligan.

"É claro", suspirou Karen.

Ela se consolou com o conselho profissional enquanto o Dr. Mulligan redigia uma nova receita.

- Obrigada, doutor - disse Karen com sinceridade enquanto ele lhe entregava o papel.

"Gostaria de vê-la novamente em uma semana", disse Mulligan.

Karen deu um pequeno sorriso e saiu do escritório. Ela marcou uma nova consulta na recepção e depois fez um gesto para a filha. A dupla se dirigiu para o carro.

Enquanto dirigiam, Karen observou Melinda olhar pela janela. O que estava acontecendo naquela cabeça complicada?

"Podemos sair para almoçar?" Melinda perguntou.

"Desculpe, querida", disse Karen. "Hoje não. Vamos parar na farmácia e depois vou te levar de volta para a escola. "

"Tudo bem", respondeu Melinda.

Decepcionar a filha magoou Karen, mas ela seguiu firme e forte. Não era hora de reforçar positivamente o mau comportamento de Melinda.

ROSIE

Rosie se espreguiçou no sofá quando voltou da escola, pensando em Jackson.

Ela estava se perguntando por que ele não a chamou para o baile ainda.

Ela queria mandar uma mensagem para ele - não sobre isso ,~ obviamente, apenas para ver o que ele estava fazendo - mas ela sabia que a sua mãe iria gritar com ela por pegar o seu telefone da tigela azul.

Ugh! ~

Frank Sinatra começou a tocar na cozinha. Rosie sabia que a sua mãe estava tentando fingir que tudo estava normal.

É por isso que ela e o Jacob estavam fazendo lasanha, o prato favorito da família. Bem, na verdade é mais como se o Jacob estivesse fazendo sozinho. Ele era o único bom cozinheiro na casa dos Johnson.

"O jantar está pronto! "~ Karen cantarolou.

"Devo ir buscar a Melinda?" Rosie perguntou ao entrar na sala de jantar. As paredes estavam forradas com papel de parede vermelho e detalhes em folha de ouro. Ela sempre achou isso espalhafatoso.

"A Melinda precisa dormir agora, querida", Karen respondeu, sentando-se em uma das pontas da mesa.

Enquanto Libby, Jacob e o pai ocupavam seus lugares normais, Karen continuou falando.

"O novo medicamento da Melinda vai deixá-la sonolenta por alguns dias", disse ela, com a voz baixando como se estivesse dizendo algo triste a uma criança, "mas logo ela estará novinha em folha!"

Rosie olhou para a sua mãe. Ela se sentia mal pela mulher.

A doença de Melinda era difícil para toda a família, mas Karen levou a pior.

Rosie apoiou o queixo na mão.

"Rosie! Cotovelos para fora da mesa!" Karen gritou.

"Oh. Certo. Desculpa."

Libby revirou os olhos para ela.

A lasanha fumegou em seus pratos. O cheiro chegou até Rosie enquanto o resto de sua família comia.

Essa costumava ser a refeição favorita de Rosie, mas agora a deixava meio enjoada. Ela não suportava mais olhar para aquele pedaço de massa, carne e queijo.

Na verdade, Rosie tentou não pensar nisso. O cheiro forte a oprimiu, assim como a visão de todos comendo.

Ela se levantou da mesa e foi para o banheiro.

"Com licença," ela disse.

Ela não queria chamar a atenção. Agora não.

Quando Rosie estava sozinha no banheiro, ela vomitou.

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