Evie Chase - Por Trás das Câmeras - Capa do livro

Evie Chase - Por Trás das Câmeras

Riss Concetta

No centro do holofote

EVIE

Três anos antes:

Eu não entendi o que estava acontecendo. ~

Minhas bochechas queimaram de vergonha enquanto eu estava lá, segurando a minha bandeja do almoço com mãos trêmulas. ~

O sol bateu em meus ombros, enquanto o vento de setembro enviou um arrepio pela minha espinha. ~

As batidas do meu coração latejavam em meus ouvidos enquanto olhos curiosos se fixavam em mim e risadas deslizavam pela multidão. ~

Tudo que eu fiz foi pisar na grama do pátio, quando todos ficaram em choque. Mesmo com a Valerie bem ao meu lado, eu era a escolhida da vez. ~

O holofote estava sobre mim e não havia como escapar de seu calor escaldante. ~

"Ev-e-lyn," uma voz doce soou quando uma figura loira se levantou de uma das mesas e veio em minha direção. ~

Grace - a garota que uma vez eu tinha visto como uma amiga muito próxima, e que atualmente era a namorada do meu melhor amigo. ~

Espere. O Adam. ~

Onde ele estava? ~

Eu estava com ele quinze minutos antes, caminhando pelo corredor até o refeitório para pegar comida antes de seguirmos nossos caminhos separados. ~

Ele tinha que estar em algum lugar por aqui - era onde ele geralmente almoçava, com seus outros amigos mais populares. ~

O almoço na escola era uma das poucas vezes em que não estávamos juntos. ~

Relutantemente, voltei a minha atenção para Grace. ~

Ela limpou a garganta enquanto puxava um pedaço de papel do bolso de trás. ~

Com um sorriso, ela olhou primeiro para mim e depois para os lados antes de ler em voz alta: ~

"Cabelo negro, olhos cor de chocolate, um amor por você que não consigo disfarçar. Algo sobre nós parece destino, mas tudo que estou sentindo é um coração partido. Se você pudesse ver que somos só você e eu. Eu e você. Se você pudesse ver que eu faço tudo por você mas ela -’" ~

Meu coração foi parar na boca do estômago e eu me encolhi. Eu tentei fazer o meu melhor para fazer ela parar, mas essas eram as MINHAS palavras. ~

Essa era a minha música. ~

"Espere, não. Grace, pare!" ~

Larguei minha bandeja na lata de lixo próxima e corri para arrancar o papel de seus dedos longos. ~

Quando cheguei mais perto, Grace falou a última linha do refrão. ~

"'E, baby, é assim. Você..." Ela soltou uma gargalhada alta. "...pertence a mim". Isso é impressionante, Evelyn", Grace zombou quando ela olhava para mim. "Verdadeiramente inspirador". ~

Seu comentário foi seguido de uma gargalhada. ~

Parecia que alguém havia me dado um soco no estômago. ~

Quando nós duas finalmente ficamos cara a cara, tentei arrancar a página dela, sem sucesso. ~

"Onde você conseguiu isso?" Eu perguntei. ~

Essa música nunca foi feita para ser vista por ninguém - nunca. Nenhuma das minhas músicas foi feita para ser ouvida. ~

Eu as mantive escondidas nas profundezas do meu quarto em um velho caderno, enterrado por baixo de todas as minhas meias. ~

A Grace não deveria nem sonhar que esse caderno existia. ~

Ninguém sabia que ele existia, exceto... ~

Adam. ~

"Sobre quem é, Evelyn?" Grace perguntou. "Oh, espere." Ela ergueu a folha e apontou para o parágrafo escrito acima da música. "Você soletrou tudo bem ali." ~

"Devolva." Tentei pegar o papel dela novamente, mas ela o puxou. ~

"Vou devolver se você disser. Sobre quem você escreveu isso? Quem é o 'amor da sua vida'? O cara que não vê o quanto vocês dois estão 'destinados um ao outro?" ~

Parecia cada vez mais difícil respirar, como se o constrangimento estivesse me sufocando. Eu sabia aonde sentimentos como esses iriam me levar ~

Com medo, examinei a multidão novamente. ~

Onde estava o Adam? ~

Normalmente, nós dois não precisávamos de palavras. Sete anos como melhores amigos e nos conhecemos desde que usávamos fraldas, isso nos deixava totalmente em sincronia, apesar de sermos tão diferentes. ~

Ele era charmoso, confiante e popular, e eu tinha tendência a me enfiar em situações embaraçosas. ~

Eu era muito tímida para o meu próprio bem às vezes, e me considerava com sorte se as pessoas se lembrassem do meu nome verdadeiro. ~

Mas a nossa amizade funcionava. Nós dávamos certo. ~

E agora, eu precisava dele para me apoiar. Eu precisava que ele estivesse lá para mim, como sempre prometemos que faríamos um pelo outro. ~

Onde ele estava? ~

***

Atualmente:

Acordei suando frio no chão do banheiro, com a Pam pairando sobre mim.

Mas havia outra presença - outro par de braços me embalando, me protegendo. Uma mão reconfortante enxugando a minha testa com um pano.

Virei a minha cabeça latejante ...

Mãe. ~

Aconchego e confiança. Ela era ao mesmo tempo, uma mãe, uma gerente e uma série de outras profissões - professora, treinadora de vida, estilista e - atualmente - enfermeira.

Minhas irmãs e eu frequentemente nos referíamos a ela como nossa Admãenistradora. ~Administrar as nossas carreiras era como ela demonstrava o seu amor.

A afeição física, por outro lado, não era uma das tendências naturais de Hillary Chase.

Motivo pelo qual fiquei surpresa ao encontrá-la me balançando ali no chão.

Felizmente, ela estava no mesmo prédio, gerenciando uma sessão separada com a Addison.

Agradeci às minhas estrelas da sorte por ela poder estar lá comigo, mesmo que o mimo e a preocupação atuais parecessem um pouco sufocantes.

"Evelyn", ela sussurrou.

Ela olhou para Pam. "Você poderia nos dar um minutinho?"

Pam reprimiu um suspiro, porque ela ainda estava visivelmente em modo de trabalho, mas saiu respeitosamente.

Enquanto essas duas mulheres compartilhavam o poder sobre a minha carreira, a mamãe sempre tinha a palavra final.

Uma vez que ficamos sozinhas, ela estreitou os olhos para mim e disse severamente: "Vamos cancelar a sua agenda pelo resto do dia. Você pode ir para casa relaxar. Vou pedir pro Mickey te levar."

Freneticamente, tentei me sentar, mas ela me segurou com mais força.

"Mas a estreia—" eu comecei a protestar.

Eu raramente tinha a oportunidade de conversar com a minha irmã mais velha; Eu queria ir vê-la e apoiá-la.

A minha mãe não queria nem saber.

"Evelyn, você está claramente estressada demais para ir em algo assim hoje à noite."

Estressada. Certo. Era só isso , ~duvidei dos meus próprios pensamentos.

"Você está lidando com tantos papéis e responsabilidades agora. Tem o seu próximo álbum, a turnê..."

"Vou lidar com tudo isso quando chegar a hora. Mas, por enquanto, estou bem", eu disse no tom mais convincente que consegui fazer, "e vou para a estreia".

Embora ela estivesse claramente ainda inquieta, a minha mãe afrouxou o aperto o suficiente para me deixar me mexer para longe e me levantar lentamente, me defendendo da tontura.

"Você não parece nada bem," ela comentou enquanto eu caminhava debilmente em direção ao espelho.

Passei a mão pelo meu cabelo, arrumando a minha aparência e decidi não responder.

Eu realmente me sinto bem? ~

Não, mas eu tenho uma obrigação, certo? ~

Não apenas com a minha família, mas com os meus fãs e minha carreira. ~

Idealmente, eu simplesmente seria capaz de me desligar dos meus sentimentos o suficiente para sobreviver à essa noite. Me desassociar, como eu já tinha feito antes.

Se eu pudesse evitar que a minha mente voltasse para aquele dia no pátio do primeiro ano...

Para o Adam. Para a Grace. ~

Por que estou pensando neles? Já se passaram três anos. ~

O que tem de errado comigo? ~

Pam voltou para dentro do banheiro.

"Como ela está?" ela perguntou para a minha mãe, arrancando um gemido de mim.

Às vezes eu odiava como todos elas falavam de mim, ao meu redor, como se eu nem estivesse presente.

Eu tenho dezessete anos! ~Queria gritar. ~ Eu posso falar por mim! ~ ~

"Ela disse que se sente bem o suficiente para assistir à estreia hoje à noite", mamãe relatou, parecendo hesitante.

"Oh, maravilhoso, graças a Deus."

A porta se abriu novamente – quase foi arrancada, na verdade – e o Damon entrou com a câmera na mão.

Ah, fala sério , ~pensei.

Mamãe revirou os olhos, demonstrando o seu aborrecimento. "Jesus!"

"Precisamos refazer todas as fotos que acabamos de fazer", anunciou ele, provavelmente de forma mais dramática do que o necessário.

Pam explodiu. "Você está de brincadeira?! Você acha que temos tempo para isso?! Temos que deixar a Evie pronta para a estreia e..."

"Dê uma olhada bem rápida nos olhos dela nessas fotos", ele persistiu, exibindo a tela da câmera. "O olhar dela está vazio e vago. Parece estranho. Meio esquisito."

Pam suspirou. "Ele está certo", ela admitiu.

Frustrada, mas sempre pronta para a ação, a minha agente juntou as mãos.

"Tudo bem então. Vamos todos correr de volta para a sala e acelerar outra rodada, já pro estúdio, e—"

"Já chega!" Mamãe gritou, de repente.

Ela abriu os braços, acalmando os dois. Até os meus pensamentos zumbidos silenciaram com a sua voz estrondosa.

"É isso. Já terminamos o dia de hoje. Vamos desligar tudo e ir para casa..."

"Não!" Eu me opus com muito mais intensidade do que pretendia.

Todos os rostos se voltaram para mim, assim como fizeram no pátio da escola naquela tarde.

No centro do holofote. A luz me cegando.

Isso parecia me perseguir e me encontrar onde quer que eu fosse, seja em um pátio lotado de adolescentes em Connecticut ou em um banheiro apertado em Los Angeles

Mas, neste caso, gostaria de aproveitar a atenção que estava recebendo. Usá-la para expressar a minha própria escolha, mesmo que essa escolha signifique mais estresse para mim.

Isso era o que beneficiaria mais pessoas em geral.

Além disso, se eu tivesse a esperança de reconstruir a minha rede de apoio desmoronada, eu precisava começar pela relação com as minhas irmãs.

E isso exigiria lealdade, não importa o custo.

"Eu vou para a estreia", eu disse claramente. "Para apoiar a minha irmã."

Mas, no fundo, eu ainda estava cheia de dúvidas. Este tinha sido o pior ataque de pânico que tive em anos.

Eu poderia manter a minha ansiedade sob controle por tempo suficiente para superar essa noite?

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