De Repente - Capa do livro

De Repente

M.H. Nox

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15
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18+

Summary

Hazel Porter is perfectly happy with her bookstore job and her cozy apartment. But when a frightening encounter throws her into the arms of Seth King, she realizes there’s more to life—WAY more! She is quickly thrust into a world of supernatural beings she didn’t know existed, and Seth is right at the centre: a fierce, strong, gorgeous alpha who wants nothing more than to love and protect her. But Hazel is human. Can it really work?

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Capítulo Um

HAZEL

O ar estava frio e era possível sentir o cheiro fresco e úmido do inverno que se aproximava.

Apertei o cachecol em volta do meu pescoço, tentando afastar o frio. À minha volta, na luz cada vez mais cinzenta, as últimas folhas caíam das árvores, marcando o fim do outono.

Eu estava voltando para casa da livraria onde trabalhava, que ficava a vinte minutos a pé do meu apartamento.

Havia sido um dia agitado. Era início de novembro e as pessoas já estavam começando a comprar os presentes de Natal. Esse alvoroço duraria até janeiro, quando as pessoas iriam trocar os ditos presentes.

Virei a esquina e entrei na rua onde morava, então caminhei a curta distância até meu prédio e dei um suspiro de alívio quando saí do frio.

Eu morava em um prédio de cinco andares, sendo um apartamento por andar. Subi o primeiro lance de escadas, que levava à minha porta.

Endireitei a pequena placa na qual meu nome - Hazel Porter - estava escrito em minha própria caligrafia elegante, antes de virar a chave e entrar. O familiar cheiro de baunilha que saia do meu difusor me acolheu enquanto eu entrava.

Meu apartamento consistia em uma sala de estar, uma pequena cozinha, um quarto e um banheiro. Não era muito grande, mas era meu e era um lar.

Eu havia comprado a propriedade há pouco mais de um ano. Economizei desde os dezoito anos, quando comecei a trabalhar na livraria.

Dez anos se passaram e eu ainda trabalhava lá, não por não conseguir outro emprego, mas porque gostava muito.

Meus pais queriam que eu fosse para a faculdade, mas a ideia de passar mais tempo estudando era inconcebível a Hazel do ensino médio.

Além disso, eu não tinha ideia do que cursar, então foi melhor assim. Eu não tinha jogado dinheiro fora por um diploma com o qual não me importava.

No fim das contas meus pais acabaram aceitando, e embora não nos víssemos com frequência, nos dávamos muito bem, e eu ficava feliz em vê-los sempre que voltavam para a cidade.

Eles haviam se mudado para o sul em busca de climas mais quentes há dois anos.

No pequeno corredor de entrada, deixei minhas chaves na mesinha ao lado da porta, então tirei meu casaco e meu cachecol e os pendurei em um gancho na parede.

Tirei minhas botas e as coloquei ordenadamente na sapateira.

Caminhei em direção à cozinha, acendendo as luzes em meu caminho. Eu estava morrendo de fome, então vasculhei a geladeira e os armários em busca de algo para comer.

Decidi fazer uma omelete simples, sem me preocupar em cozinhar nada extravagante. A geladeira estava um pouco vazia, e fiz uma nota mental para ir às compras no final da semana.

Com um prato cheio na mão, voltei para a sala.

Eu tinha escolhido todos os meus móveis com cuidado, queria criar um espaço relaxante e confortável onde pudesse descansar e me sentir em casa.

Tons neutros, com um toque de cor aqui e ali, compunham a decoração de estilo escandinavo em todos os cômodos.

Me sentei no sofá cinza de três lugares, onde eu preferia sentar ao invés da mesa da cozinha - de quatro lugares - que só era usada nas raras ocasiões em que eu recebia visitas - normalmente meus pais - para jantar.

Peguei um dos meus cobertores, um branco e felpudo, e coloquei sobre minhas pernas cruzadas. Liguei a TV e comecei a comer minha omelete com entusiasmo. Eu estava faminta e ela tinha um gosto celestial.

"Outra morte por animais foi relatada aqui em Pinewood Valley.

"O animal em questão ainda não foi identificado, e os moradores da cidade são aconselhados a tomar cuidado ao fazer caminhadas na floresta até que o animal seja identificado e capturado", alertou o locutor.

Esta era a terceira vez neste mês, reparei. Pinewood Valley era uma cidade cercada por floresta em três lados, a maioria composta por pinheiros, como o nome sugere, e muitos residentes faziam caminhadas e trilhas regularmente.

Ataques de animais sempre eram um risco, mas eram raros, e geralmente aconteciam nas profundezas da floresta, longe da cidade grande.

Era diferente agora. Nos últimos meses os ataques aumentaram de frequência e se aproximaram da cidade. As pessoas estavam preocupadas, e com razão.

Eu imaginei que animal poderia ser enquanto colocava os últimos pedaços de omelete na boca.

Talvez um urso ou um lobo? Tudo que eu sabia era que tinha garras. Todas as vítimas apresentavam cortes profundos e marcas de garras, com a perda de sangue sendo constatada como causa da morte.

Eu estava feliz que fazer trilhas nunca havia sido minha praia.

O resto do jornal não me interessou muito, então mudei para outro canal, no qual passava algum tipo de série de comédia, e, quando me senti pronta para dormir, caminhei em direção ao banheiro para me preparar para deitar, desligando as luzes no meu caminho.

Depois que me acomodei na cama, me afundei nos travesseiros e logo caí em um sono tranquilo.

Acordei na manhã seguinte me sentindo pronta para mais um dia normal de trabalho. Levantei, fiz torradas, escovei os dentes, me vesti e arrumei meus cachos castanho-avermelhados em uma trança jogada nas costas.

Dei uma olhada no espelho e a versão feminina do meu pai me encarou de volta, com cabelo acobreado, olhos azuis e nariz ligeiramente arrebitado.

Eu sempre me pareci com ele - as pessoas me diziam isso há anos - mas a semelhança aumentava à medida que eu envelhecia.

As únicas características que puxei de minha mãe foram lábios ligeiramente mais carnudos e sua constituição delicada. Ser baixinha era uma frustração para mim há anos. Sempre desejei ser mais alta.

Peguei meu casaco e cachecol e me preparei para enfrentar o frio do outono.

Cheguei à livraria com bastante tempo de folga, e aproveitei para preparar um chocolate quente com Crystal na sala de descanso, uma de minhas colegas de trabalho e melhor amiga.

Ela era uma jovem alegre com pele dourada e cachos em um tom ligeiramente mais escuro do que sua pele.

Eu me sentia otimista e tinha certeza de que seria um bom dia.

***

No final da minha jornada de trabalho eu estava cansada, mas contente. Realmente gostava do meu emprego.

Comecei minha caminhada habitual para casa, e tudo estava bem até que dobrei uma esquina e me vi cara a cara com uma figura encapuzada.

Dei um passo para o lado para passar por ele, mas ele estendeu o braço e me parou no caminho. Assustada, me virei para voltar por onde vim, mas ele não estava mais sozinho.

Os dias eram curtos nesta época do ano, e já estava escuro.

Pelo que eu pude observar, não havia ninguém por perto. As pessoas preferiam ficar em ambientes fechados, onde era quente.

Meu coração martelava no peito e eu sentia o pânico crescer dentro de mim.

Os dois homens eram grandes e musculosos, e ambos usavam casacos com capuz que deixavam seus rostos encobertos por sombras.

Eles me forçaram em direção a um beco, certificando-se de que estavam perto o suficiente para que eu não pudesse escapar.

Um deles se aproximou de mim, e eu pude jurar que ele me cheirou. Estremeci e meus pensamentos aceleraram, imaginando diferentes cenários do que poderia acontecer a seguir.

Eu queria gritar por socorro, mas não conseguia encontrar minha voz. O grito estava preso em algum lugar na minha garganta.

"Quem diria... Está sozinha, é?", um dos homens perguntou com uma voz grave, seus dedos agarrando meu queixo e forçando meu olhar para o dele. Eu não consegui ver seus olhos no escuro, mas pude senti-los.

O outro riu de forma ameaçadora enquanto agarrava meus braços e me empurrava contra a parede.

Eu fechei os olhos com força, me preparando para o que quer que eles fossem fazer comigo, pois sabia que não tinha chance contra eles. Meu coração parecia que iria bater para fora do meu peito.

De repente ouvi som de rosnados, e os braços que estavam me prendendo à parede me soltaram.

Um terceiro homem, que era inacreditavelmente maior do que os outros dois, estava parado na minha frente, de costas para mim. Ele vestia apenas um jeans e uma camiseta.

Em meu torpor com a situação, tudo que eu consegui pensar foi em como ele não estava tremendo de frio. Era uma coisa estúpida para me concentrar, eu sei, mas eu acho que eu estava em choque.

"Que diabos vocês pensam que estão fazendo?", ele perguntou aos dois homens, que pareciam diminuir sob o olhar de meu salvador.

Sua voz era áspera, e sua fúria era quase palpável.

Eles não responderam.

"Vocês não são bem-vindos aqui. Este é o meu território." Suas palavras me confundiram, mas eu estava aliviada demais para prestar atenção nelas.

"Agora saiam." Ele rosnou.

Os dois homens encapuzados se afastaram com pressa. Quando começaram a correr, suas formas escuras se fundiram com as sombras e eles desapareceram.

Meu salvador continuou na minha frente com uma postura rígida, ligeiramente curvado, com os braços elevados ao lado do corpo de forma que pareciam as asas de um pássaro protegendo seus filhotes.

Ele não se moveu por vários minutos após os outros dois homens irem embora. Então pareceu relaxar um pouco e virou-se lentamente para mim.

Eu não consegui enxergá-lo muito bem naquele beco sombrio. Seu corpo grande bloqueava a maior parte da luz fraca que vinha da rua atrás dele.

"Você está bem?" Sua voz ainda era áspera, mas um tom de preocupação a suavizou um pouco.

"Eu acho que sim." Respirei.

"Você mora aqui perto?", ele me perguntou.

Eu estava confusa, e tinha quase certeza de que meu corpo ainda estava parcialmente em estado de choque, então demorei um pouco para compreender o que ele estava dizendo e ser capaz de formar palavras novamente.

"A cinco minutos a pé daqui", finalmente consegui dizer.

"Vou acompanhá-la, então. Quero me certificar de que aqueles desgraçados não continuam por aqui."

"Tudo bem", eu disse com uma voz fraca.

Voltei para a calçada. Mas não ouvi o estranho me seguir, então me virei para ver se ele ainda estava no beco e acabei esbarrando em seu peito.

Ele estava caminhando de forma tão silenciosa - seus pés calçados com botas não faziam nenhum som - que eu não percebi que ele me seguia.

"Me desculpe", murmurei, tentando esconder meu leve constrangimento.

"Sem problemas."

Ele segurou meus braços com leveza para evitar que eu caísse com o impacto.

Eu olhei para ele. Perto de mim ele era enorme, mas agora, com o brilho das luzes da rua, eu pude ver seu rosto, e quase engasguei.

Ele tinha cicatrizes com o formato de uma marca de garra, que se estendia de sua testa até a base do pescoço, passando sobre seu olho esquerdo.

Ele tinha um rosto bonito, mas as cicatrizes eram tão chamativas que era difícil reparar em algo além delas à primeira vista.

Combinadas com seu tamanho enorme e sua coloração escura, elas o faziam parecer perigoso.

Seu rosto era emoldurado por cachos escuros bagunçados, e tinha olhos verdes surpreendentemente brilhantes. Ele encontrou meus olhos brevemente antes de desviar seu olhar.

Tirei meus olhos de seu rosto, me virei para frente, e voltei a caminhar em direção ao meu apartamento. Um leve som de passos indicava que ele caminhava atrás de mim, porém era muito silencioso para um homem de seu tamanho.

Meu salvador me seguiu até meu prédio, onde murmurei um agradecimento e ele esperou até que a porta se fechasse com segurança atrás de mim, antes de sair.

Uma vez dentro do meu apartamento, encostei-me na porta, senti meus joelhos cederem e eu afundei no chão enquanto soluços ecoavam por meu corpo, com os eventos da noite finalmente me atingindo.

Só de pensar no que poderia ter acontecido, passei mal. Depois de um tempo o choro parou e eu me levantei, ainda trêmula, e fui até a cozinha para tomar um copo d'água.

Todo esse choro me deixou com uma sensação de desidratação. Fui para o meu quarto pois sentia que não tinha apetite ou energia para fazer muito mais do que vestir o pijama e cair exausta na cama.

Não demorou muito para que o sono me levasse, mas eu continuei acordando a noite inteira, atormentada por pesadelos.

Quando a manhã finalmente chegou, liguei para o trabalho dizendo que estava doente, algo que eu raramente fazia.

Fiquei na cama durante a maior parte da manhã, então me levantei para tomar um banho, impulsionada pela necessidade de lavar as memórias da noite anterior.

Na hora do almoço, sentei-me enrolada em uma das poltronas, com uma toalha enrolada em meu cabelo molhado. Liguei para minha mãe, pois sentia que precisava conversar com ela sobre o que havia acontecido, precisava de conforto.

Ela atendeu no terceiro toque - o que era rápido para seus padrões - e eu comecei a contar tudo enquanto novas lágrimas rolavam pelo meu rosto, embora não tão intensas quanto na noite passada.

Eu tinha chorado mais nas últimas vinte e quatro horas do que nos últimos seis meses.

Pela tarde eu finalmente consegui comer alguma coisa e me sentir mais relaxada, então coloquei um filme familiar na TV e me aconcheguei no sofá.

***

No dia seguinte voltei ao trabalho. Eu ainda estava um pouco abalada, mas estava determinada a voltar ao normal. Eu não me deixaria abater por essa experiência.

No caminho para casa, porém, meus nervos quase me dominaram. Atravessei a rua antes de chegar na esquina daquele beco e caminhei pelo lado oposto até passar por ele em segurança.

Eu sentia como se alguém estivesse me observando das sombras e acelerei meu ritmo, querendo chegar em casa o mais rápido possível.

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