A Assistente do Bilionário - Capa do livro

A Assistente do Bilionário

Sunflowerblerd

Capítulo 3: Amigos bem-intencionados podem, involuntariamente, te destruir

Octavia Wilde tinha 26 anos. Era uma época estranha na vida de uma mulher. Aos vinte e seis anos, você não é exatamente velho, mas definitivamente não é jovem.

A juventude era uma ideia reservada para o período dos dezesseis aos vinte e um.

Cada ano depois disso e antes dos trinta era um estágio nebuloso, onde não se cruzava o limiar da maturidade.

Depois dos trinta, tudo o que você precisava esperar era o lento declínio de sua saúde e todos os outros de alguma forma serem mais jovens do que você.

Octavia tinha um metro e setenta e cinco de altura, a pele escura, cor de chocolate, mas odiava ter a sua aparência comparada à comida. Isso a fazia se sentir objetificada e desumanizada.

Quando ela não estava curvada e vestida com algo diferente da calça de moletom, e fazia algum esforço para ajeitar o cabelo, e estava com uma postura correta, alguém poderia chamá-la de atraente.

Se essa pessoa estivesse sendo generosa.

Em uma noite chuvosa de quinta-feira, Octavia estava sentada à mesinha da sala de jantar, rabiscando em um caderno.

Estava claro que ela não tinha saído o dia todo; sua calça de moletom folgada e enrugada e o casaco desbotado da faculdade pareciam ter sido usados para dormir na noite anterior e, depois, usados para passar o dia.

Porque eles tinham mesmo, é claro.

A campainha tocou.

"Quem é?" ela gritou, sem tirar os olhos do que estava escrevendo.

"É a Gracie!"

"Entre, a porta tá aberta."

Gracie entrou pela porta da frente. "Você realmente deixa a sua porta aberta para quem quer que seja entrar?"

"Normalmente, não. Mas a Sierra estava entrando e saindo, sabe Deus o que aconteceu hoje, e ela ficava me pedindo para abrir a porta para ela porque ela sempre se esquece das chaves em algum lugar.

"Então, decidi deixar aberto", explicou Octavia, a cabeça ainda inclinada sobre o caderno.

Gracie caminhou até onde estava sentada e colocou o laptop que estava carregando na frente dela.

"Aqui está", disse ela.

Octavia então ergueu os olhos e pegou seu laptop. Ela havia ficado separada do dispositivo nas últimas 37 horas enquanto Gracie instalava o hardware que Octavia queria.

Gracie sempre foi a pessoa preferida de Octavia para qualquer coisa relacionada a computadores.

Anos antes, quando Octavia entrou em uma loja de consertos eletrônicos pensada entre uma loja de conveniência e uma lavanderia a seco na parte baixa da cidade, ela se deparou com o olhar impassível de uma garota de vinte e poucos anos.

A garota estava recostada atrás do balcão da loja com seu coturno apoiado em sua frente.

Ela deu a Octavia um olhar preguiçoso, deu-lhe as boas-vindas à loja com uma saudação ainda mais preguiçosa e perguntou com um toque de sarcasmo: "Como posso ajudar?"

Octavia infelizmente tinha derramado café no seu notebook. Gracie inspecionou o dispositivo morto e disse que faria o que pudesse por ele.

Uma semana depois, ela devolveu o computador a Octavia, com as luzes acesas e os programas funcionando.

"Você realmente fez uma meleca aqui, mas eu fui capaz de fazer a minha mágica", Gracie disse, um olhar de triunfo em seus olhos cinzentos e frios.

"Como você conseguiu?" Octavia perguntou, estupefata, mas agradavelmente surpresa.

"Bem..." Gracie começou. Ela deu início a uma longa explicação de todas as peças que precisou recuperar e substituir e um esboço detalhado de seu processo.

Enquanto ela prosseguia, Octavia, ao contrário do público habitual, ouvia com atenção. Ocasionalmente, ela até mesmo concordava, terminando algumas das frases de Gracie.

"Você sabe falar a língua dos nerds", Gracie disse ao final de sua explicação.

Octavia sorriu. "É a minha língua materna."

Eles tinham sido amigas desde então. Gracie passava a maior parte do tempo trabalhando na oficina de seu pai, desde que aprendeu a usar uma chave de fenda em uma CPU.

"Reparos Eletrônicos de Shalhoub seus Filhos" era um negócio próspero, mas o fato era que muito do trabalho de reparo ficava nas mãos da filha de Shalhoub.

Seus filhos passavam a maior parte do tempo reunidos com os amigos na esquina para falar sobre a última partida de futebol e passar uma cantada em qualquer rabo de saia que passasse.

Os pais de Gracie emigraram da Síria antes de se casarem. O próprio Sr. Shalhoub foi um pensador progressista; ele encorajou o interesse de Gracie por eletrônica.

Mas, embora aprovasse que ela trabalhasse em sua loja, ele não parecia sentir necessidade de alterar a placa acima da entrada ou de fazer com que seus irmãos colocassem a mão na massa.

Quando ela não precisava estar no balcão, ela ficava nos fundos, onde prateleiras de metal estavam cheias de discos rígidos empoeirados e CPUs velhas e descartadas. Lá ela consertava tudo o que conseguia.

"Obrigada!" Octavia respirou, abrindo a tela de seu notebook. "Eu estava sofrendo de abstinência. Quanto eu te devo, aliás?"

Gracie acenou para longe. "Nada. É por conta da casa."

Octavia ergueu os olhos. "O quê? Por quê?"

"É a minha boa ação do ano. De nada."

"Gracie, você sabe que posso pagar por, né?"

"Aposto que você pode."

"Não estou quebrada, ainda."

"Eu não pensei que você estivesse. Mas é isso aí, esse é por minha conta. A propósito, parabéns."

"Eu realmente não posso deixar você—" Octavia parou. "Espere, o quê? Por que estou sendo parabenizada?"

"Você tem uma entrevista de emprego na Icarus Tech amanhã de manhã. Parece um bom negócio."

"Como você...?"

"Eu vi no seu e-mail enquanto estava instalando as peças."

"Você leu os meus e-mails?"

"Não. Só esse. Parecia importante, então imaginei que você precisasse saber imediatamente."

Octavia suspirou. "Você é uma verdadeira amiga, Gracie."

"Eu tento, sabe?" Gracie disse enquanto se acomodava na cadeira do outro lado da mesa.

Octavia abriu seu e-mail e clicou em uma mensagem, do remetente "Icarus Tech". Ela passou os próximos segundos lendo.

"Bem," ela comentou quando ela terminou.

"O quê?" Gracie perguntou.

"Diz que querem discutir uma vaga. Quero dizer, 'ela diz.' É de uma pessoa chamada... vamos ver... aqui está: Adelaide Weston. "

"Você conhece essa Adelaide?"

"Acho que não... mas... o nome parece familiar. Oh espere, eu conheci uma Adelaide. Na terceira série. Ela era uma criança estranha. Costumava enfiar alfinetes nas mãos durante a aula de artes."

"Caramba. Potencial acupunturista ou futura serial killer?"

"Pode ser. Mas tenho quase certeza de que o sobrenome dela não era Weston", disse Octavia.

Alguns segundos de silêncio se passaram enquanto Octavia digitava em seu computador.

"Então?" Gracie disse.

Octavia ergueu os olhos.

"O quê?"

"Você vai?"

"Hum... não", respondeu Octavia como se isso fosse óbvio.

"Hmm," Gracie disse, impassivelmente.

Octavia estreitou os olhos para ela. "O que você quer dizer com 'hmm'?"

"Nada."

"Não é 'nada'."

"Por que não seria?"

"Você só diz 'hmm' desse jeito quando acha que algo está obviamente errado, mas não se dá ao trabalho de apontar para quem está fazendo a coisa errada."

Gracie sorriu. "O que pode estar errado?"

"Bem... você acha que eu deveria ir na entrevista. Você acha que eu deveria realmente tentar conseguir um emprego na Igloo Tech ou seja lá como a empresa se chame", disse Octavia.

"Eu acho que você deveria arranjar um emprego, com certeza. E essa parece uma oportunidade perfeita."

Os ombros de Octavia caíram e ela torceu as mãos no colo.

"Odeio empregos das nove às cinco", disse ela.

"Todo mundo odeia. Mas você sabe o que é pior? Ficar sem grana. "

"O meu programa…"

"Você disse que terminou. E a Icarus Tech é enorme. Eu imagino que estar lá pode abrir muitas oportunidades de networking. Você quer juntar algum capital, certo? Qual o melhor lugar para detectar potenciais investidores?"

Octavia franziu a testa. Ela olhou feio para Gracie. "Droga. Eu odeio quando você está certa."

Gracie encolheu os ombros, com indiferença. "Estranho, na maior parte do tempo você parece feliz com a minha presença."

"Tudo bem... acho que eu vou."

"Menina inteligente."

"Mas não estou prometendo nada. Se eu não gostar do que eles têm a oferecer, vou negar qualquer proposta."

"É você quem manda."

Um pensamento ocorreu a Octavia. "Mas se eu acabar conseguindo um emprego... você vai me deixar pagar, certo?"

Gracie ficou momentaneamente em silêncio. "Droga."

Octavia sorriu. "Ha. Eu consigo ganhar em alguma coisa."

"Sim, perdendo seu próprio dinheiro."

"É o princípio da coisa", respondeu Octavia com um sentimento de superioridade. Ela olhou para a tela do laptop novamente e exalou em frustração.

"Caramba. Agora tenho que encontrar as minhas roupas de entrevista. Onde eu guardei?"

"Se vista para impressionar", Gracie gorjeou agradavelmente. "Procure o emprego que deseja. Você sabe, todos aqueles conselhos vagos e ruins."

Octavia bufou. "Pelo amor de Deus. Só de não ir pelada já vai ser o suficiente."

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