Brigando com o Destino - Capa do livro

Brigando com o Destino

Mackenzie Madden

Capítulo 2

ANNA

Quanto Anna acordou na manhã seguinte, estava um silêncio absoluto. Ela ficou deitada sob o edredom por um minuto, apreciando a ausência de barulho.

Anna abriu os olhos e olhou ao redor do quarto escuro.

Como o covil foi construído sob a montanha, a luz natural não chegava até ali. No entanto, considerando o silêncio que isso também proporcionava, Anna achava que a falta de janelas não era um sacrifício tão grande assim.

Anna sentou-se contra a cabeceira da cama, sorrindo enquanto observava o quarto esparso. Não era nada demais, basicamente uma quitinete com cozinha e banheiro.

Aparentemente, era um espaço padrão dado aos membros do bando não acasalados, e Anna não estava reclamando.

Era a primeira vez que ela tinha um quarto só para ela, algo totalmente seu e com fechadura na porta.

A única mobília no quarto era a cama e uma velha mesa de cabeceira, já que Anna não tinha nada para trazer quando se transferiu para cá.

A única coisa que ela trouxe foi uma mochila cheia de roupas, e ela tinha que lavá-las quase todos os dias para não ficar sem roupas limpas.

Anna finalmente se levantou da cama e preparou uma xícara de café.

Quem quer que tenha arrumado o quarto para ela estocou café, leite, cereal e até alguns utensílios, xícaras e pratos.

Foi uma boa surpresa, pois essa era sua primeira manhã e Anna não estava pronta para enfrentar todos no refeitório.

Ela queria perguntar pelos corredores quando alguém faria uma viagem para a cidade, para que ela pudesse comprar mais alguns suprimentos.

Ela encostou-se no balcão da cozinha e pensou no que havia acontecido no refeitório na noite anterior.

Após a conversa de Anna com Piper, o segundo em comando da Matilha Rio Prateado se aproximou de sua mesa.

Alex foi quem deu as boas-vindas à Anna quando ela chegou, já que o alfa estava ausente.

Ele era um homem muito sério, e Anna o achou muito intimidador no começo.

Seu cabelo era escuro, quase preto, e curto. Ele era um homem grande, alto e de ombros largos.

Naquele primeiro dia, Anna notou que sua expressão sempre permanecia impassível, como se nada o afetasse... nem mesmo o filhote que tentou agarrá-lo pelas pernas.

Anna tinha certeza de que ele chutaria o filhote para longe, algo que seu alfa anterior teria feito, mas, em vez disso, Alex repreendeu o filhote e disse que ele deveria ter tentado um ataque surpresa se quisesse vencer um oponente muito maior.

Ontem à noite, Alex se aproximou da mesa, sua expressão ainda tão séria quanto naquele dia, mas seus olhos estavam focados apenas em Anna.

Depois de cumprimentar a todos, ele anunciou formalmente que Zach, o alfa, voltaria no dia seguinte e que a cerimônia aconteceria na noite seguinte.

O estômago de Anna imediatamente começou a revirar de nervoso, e não muito tempo depois que Alex saiu, Anna disse boa noite a todos na mesa e se retirou para seus aposentos.

Anna estava dividida. Ela queria muito ser recebida no bando oficialmente, para se sentir mais segura e protegida.

Por outro lado, ela estava nervosa para conhecer o alfa, ficar na frente de toda a matilha e ser julgada.

E se ele decidisse que ela não era digna do Rio Prateado? Anna sabia que não tinha nada a oferecer.

Ela não tinha habilidades ou dinheiro, e seu nível de dominância era bem baixo.

Se fosse mais alto, se ela tivesse sido designada como soldado ou algo em um nível semelhante, talvez toda a sua vida tivesse sido diferente.

Anna sacudiu a cabeça para se livrar desses pensamentos, e focou em terminar seu café e enxaguar sua xícara.

Ela se recusava a passar o dia se preocupando com o que aconteceria naquela noite na cerimônia.

Ela já estava aqui, longe da Asa Cinzenta, e isso já era uma grande vitória para ela.

Anna foi até seu armário, olhando desanimada para as duas peças de roupa penduradas ali.

Ela não tinha ideia do dress code que esta noite exigiria, mas não é como se ela tivesse muitas opções mesmo.

Ela tinha uma blusa de seda creme, que poderia combinar com um jeans bem arrumado, ou um vestido azul com estampa floral na altura do joelho.

Ela fechou os olhos, respirando fundo antes de tirar o vestido do armário.

Ela rapidamente colocou o vestido e foi para a frente do espelho de corpo inteiro pendurado na parte de trás da porta do quarto.

Ela olhou para seu reflexo criticamente, seus olhos observando seu cabelo ruivo ondulado que chegava às omoplatas e depois o vestido.

Era uma silhueta em A, sem mangas e com decote alto.

A saia de tule esvoaçava da cintura de Anna e acariciava seus joelhos, o tecido marinho-escuro coberto por estampas florais de rosas, laranjas e azuis.

Ela queria poder acalmar os nervos que estavam revirando seu estômago enquanto aplicava rapidamente um pouco de delineador e brilho labial rosa.

Ela finalmente se afastou do espelho e pegou a escova da pia do banheiro, passando-a grosseiramente pelo cabelo antes de prender as mechas grossas em um coque bagunçado, com algumas mechas emoldurando seu rosto.

Ela olhou para si mesma uma última vez antes de sair do banheiro.

Anna verificou a hora e viu que eram apenas três da tarde. Ainda faltavam duas horas para a cerimônia começar.

Ela considerou ir para o refeitório, mas seu estômago rejeitou a ideia de comida, e Anna não estava com paciência para conversas fiadas.

Em vez disso, ela decidiu dar uma rápida caminhada lá fora para respirar um pouco de ar fresco.

Feliz com sua decisão, Anna rapidamente calçou suas sandálias pretas de tiras e saiu do quarto.

Descendo o corredor em direção à saída, Anna sorriu para os poucos membros do bando pelos quais ela passou, sentindo-se grata quando eles retribuíram seu sorriso, mas não iniciaram uma conversa.

Ela tinha acabado de chegar ao final do declive quando ouviu alguém chamando seu nome.

Anna pensou brevemente em correr, mas percebeu que suas chances de subir a colina sem cair eram praticamente nulas.

Suspirando, ela endireitou os ombros e se virou, encontrando-se agradavelmente surpreendida por Mitch caminhando em sua direção.

"Oi", ela o cumprimentou calorosamente quando ele a alcançou.

"Oi, Anna. Vai passear? Você se importa se eu te acompanhar?"

Ele sorriu de volta, sua voz alegre, e Anna assentiu, virando-se para subir o declive enquanto Mitch seguia ao lado dela.

Eles não conversaram enquanto saíam do covil, mas era um silêncio confortável. Era um lindo dia, o céu estava azul e claro; o ar estava quente.

Anna saboreou a brisa em sua pele, ciente de que o tempo mudaria em breve devido a frente fria que se espalhava pelo país.

Ela se perguntava se estaria mais frio aqui fora do que na cidade, e tinha esperança que pudesse até nevar.

Ela arriscou lançar um olhar para Mitch com o canto do olho, notando seu cabelo castanho bagunçado e mandíbula forte.

Ele era um homem de aparência bastante atraente, e sua personalidade calorosa realçava seus atributos físicos.

Anna brevemente o comparou com os soldados que ela conheceu na Asa Cinzenta, todos eles arrogantes e grosseiros.

Eles a consideravam muito inferior a eles, e eram mais propensos a empurrá-la para fora do caminho do que cumprimentá-la se ela os encontrasse nos corredores.

Mitch não era assim. Ele não parecia incomodado por sua falta de domínio ou papel dentro do bando. Ele via Anna como... bem, Anna.

"Como você está se sentindo em relação a essa noite?" A voz de Mitch quebrou o silêncio, e Anna olhou para ele, mexendo com os dedos.

"Estou tão nervosa," ela admitiu. "Eu fico imaginando vários cenários em que tudo dá errado."

"Tipo?"

"Ah, o de sempre... eu chego e estou nua. O alfa é um louco que me mata. Eu chego, e na verdade é a Matilha Asa Cinzenta que está esperando por mim lá dentro."

Mitch soltou uma gargalhada que fez Anna sorrir.

"Você tem uma imaginação bem aguçada." Eles passaram pela pedra e Anna esticou um braço, as pontas dos dedos roçando a rocha fria.

Ela já sentia sua mente mais calma ao ouvir os pássaros nas árvores próximas e a brisa farfalhando as folhas secas, que estavam apenas começando a pensar em ficar marrons.

"É só que... que parece bom demais para ser verdade. Nada na minha vida foi entregue a mim de mão beijada e, na verdade, não tenho nada a oferecer para o bando. Para começar, nem entendo por que eles aceitariam minha transferência, então já acho que teve um erro aí."

Quando ela terminou de falar, Mitch parou de andar.

Ela parou ao lado dele, o par de pé no limite da linha de árvores, e Anna olhou para trás, para a clareira e para a montanha que abrigava o Rio Prateado.

"Acho que você subestima seu próprio valor, Anna, mas pelo que você me disse até agora, posso te garantir que o Rio Prateado é completamente diferente."

Mitch tocou o ombro de Anna suavemente, seu tom tranquilizador.

"Zach é um alfa bom e estrategista. Ele não acredita que a força bruta seja tudo. Não sei por que sua transferência foi aceita, mas posso dizer que não foi um erro."

Anna deu a Mitch um sorriso pálido, querendo acreditar nele, mas seu passado a deixava desacreditada.

"Vamos." A voz de Mitch a trouxe de volta para a realidade. "É hora de irmos para o auditório. Zach odeia quando as pessoas chegam atrasadas."

Ele gentilmente agarrou o braço dela, virando os dois de volta para a entrada do covil.

"Alguma chance da cerimônia ser particular?" Anna perguntou meio como brincadeira quando eles entraram.

"Vamos, Anna. Vai ser moleza!" Mitch passou um braço amigável em volta dos ombros dela.

Anna sentiu o calor se espalhar por seu corpo, curtindo a sensação de ter um amigo.

Mitch a levou em uma direção que Anna não havia visitado antes, e não demorou muito para que eles pudessem ouvir vozes.

A cada passo, o som ficava mais alto, e o coração de Anna começou a bater mais rápido, sua mente mais uma vez dominada por todas as coisas que poderiam dar errado.

Finalmente, Mitch a fez parar em frente a duas grandes portas duplas, anunciando desnecessariamente: "Chegamos!"

Ele se virou para olhar para Anna, e ela viu os olhos dele se arregalarem ao notar o rosto pálido dela e o suor que ela podia sentir começando a pingar sua testa.

"Caramba, menina, não é tão ruim assim. Quanto mais cedo você resolver isso, mais cedo a festa começa."

Anna respirou fundo, firmou e passou o braço pela testa.

"Ok", ela murmurou. "Eu consigo fazer isso." Ela ignorou o fato de que sua voz estava falha e suas mãos estavam começando a tremer.

"Com certeza."

Mitch sorriu maliciosamente, mas antes que Anna pudesse perguntar qual era o problema dele, ele abriu as portas e a empurrou para dentro sem cerimônia.

Anna tropeçou, olhando para ele por cima do ombro antes de olhar para frente.

O auditório era uma grande sala com um teto curvo e um piso que se inclinava para baixo em direção a um palco.

O chão estava cheio de assentos forrados de tecido vermelho, e Anna calculou que o local poderia acomodar cerca de duzentas pessoas.

Os membros do bando estavam circulando pela sala, conversando uns com os outros enquanto lentamente encontravam um lugar para sentar.

Anna ficou boquiaberta; era a primeira vez que ela percebia o quanto o Rio Prateado era enorme. A Matilha Asa Cinzenta não teria sido capaz de preencher nem metade da sala.

"Quantas pessoas fazem parte dessa matilha?" Ela se virou para olhar para Mitch enquanto falava. "Todos os membros do bando estarão presentes?"

"Não, alguns vão faltar. Alguns membros moram na cidade, e os soldados vão trabalhar esta noite já que a mídia está cobrindo as idas e vindas de Zach."

Ele olhou ao redor da sala pensativamente.

"É claro que poucas pessoas sabem onde fica nosso esconderijo, mas todo mundo está sempre tentando encontrá-lo. No entanto, não vão conseguir. Podemos ser bastante sorrateiros quando queremos ser."

Mitch sorriu, enganchando os polegares nos passadores de seu jeans azul.

O barulho no auditório rapidamente começou a diminuir e se tornou um zumbido, e Anna observou os presentes começarem a preencher os assentos.

"Vamos" disse Mitch. "Reservaram um lugar para você lá na frente."

Anna seguiu Mitch enquanto ele caminhava por um dos corredores que dividiam as fileiras de assentos, notando que eles atraíam alguns olhares curiosos.

Anna mexeu na barra do vestido, sentindo-se constrangida com a atenção, mas também aliviada por seu vestido se adequar à ocasião, vendo algumas outras roupas semelhantes na multidão.

Eles finalmente chegaram à primeira fila de lugares marcados com placas de "reservado".

Mitch colocou Anna no assento ao lado do corredor e começou a recuar.

"Boa sorte-"

"Espere!" Anna o interrompeu, levantando-se bruscamente. "Onde você vai?" Até ela ficou envergonhada ao ouvir o pânico em sua voz.

"Desculpe, Anna; os outros lugares são para os outros novatos que participarão da cerimônia. Falo com você depois, ok?"

Ele deu a ela um sorriso tranquilizador antes de se virar e caminhar de volta pelo corredor. Anna o observou ir embora, vendo um grupo de pessoas acenando para ele.

Ela voltou a se sentar, sentindo-se mais envergonhada do que nunca. Ela estava agindo como uma criança que precisava que seu pai segurasse sua mão.

Ela respirou fundo, endireitando a coluna. Ninguém jamais segurou sua mão em sua vida; não seria agora que ela precisaria disso.

Alguém sentou ao lado dela, murmurando uma saudação. Anna deu um meio sorriso, mas antes que ela pudesse responder, um homem entrou no palco.

Ele parou no meio do palco, quase bem na frente de Anna, cujos olhos percorreram lentamente todo o seu corpo, observando cada detalhe.

Seus pés estavam envoltos em botas pretas, e seu jeans azul escuro estava enfiado dentro delas.

O jeans estava claramente gasto, com manchas desbotadas nos joelhos e o material abraçando suas coxas grandes e musculosas.

Anna pensou que provavelmente poderia caber todo o seu corpo em uma perna daqueles jeans.

Seus olhos viajaram para uma camisa preta que ele usava.

As mangas foram arregaçadas para expor os antebraços bronzeados, e o tecido estava justo sobre o peito e os ombros largos.

Seu cabelo estava despenteado, como se ele estivesse acostumado a passar as mãos por ele, e era longo o suficiente para enrolar-se ao redor da gola dobrada de sua camisa, embora isso não fosse a coisa mais interessante.

Seu cabelo estava completamente grisalho, e na luz forte que emanava do teto, Anna podia jurar que era quase branco.

A cor contrastava com sua pele bronzeada e rosto jovem, embora Anna acreditasse que sua mandíbula bem definida e quadrada desencorajaria a maioria das pessoas de desafiá-lo.

Sua expressão era acolhedora enquanto ele olhava para a multidão, mas havia algo extremamente intimidador no homem.

Anna decidiu que era uma combinação de seu corpo musculoso e a aura ameaçadora que parecia emanar dele.

Ao terminar sua análise, ela notou curiosamente que ele não estava segurando um microfone.

Esse pensamento foi rapidamente seguido pela percepção de que a sala estava em silêncio total.

Anna olhou ao redor, notando que quase todos os olhos estavam fixos no homem, e ela logo adivinhou sua identidade.

Zach Thomas, o alfa do Rio Prateado.

Ela estava com as pernas cruzadas, o pé balançando nervosamente, mas parou imediatamente quando ele finalmente começou a falar.

"Bem-vindos, membros do Rio Prateado." Sua voz era profunda e rouca, e parecia estar cheia de um poder que fluía por toda a sala, preenchendo todos os cantos.

Anna podia sentir os pelos de sua nuca se arrepiarem e sabia que, se olhasse para os braços, veria arrepios.

Seu coração disparou e ela sentiu uma vontade insana de se aproximar dele, tocá-lo, cheirá-lo ou ambos.

Anna tentou estabilizar sua respiração. Ela nunca tinha sentido nada assim antes, nem perto de seu antigo alfa.

Sua mente estava acelerada, tentando descobrir por que ela estava reagindo dessa maneira quando tudo o que ele fez foi dizer duas palavras que nem sequer foram dirigidas a ela.

"Essas são minhas ocasiões favoritas," ele continuou enquanto Anna tentava se concentrar nele, "em que damos as boas-vindas aos nossos mais novos membros do bando. Todos aqui reunidos para vê-los se juntarem ao bando e à nossa família. Nos tornamos mais fortes com cada membro novo e com o que eles proporcionam. Nós nos tornamos mais fortes contra o que quer que seja, contra quem quer que tente nos prejudicar."

Ele fez uma pausa e a sala vibrou com gritos e palmas. Anna ouviu alguns gritos que soaram suspeitosamente como os de Mitch, fazendo-a sorrir.

Foi uma distração breve e bem-vinda do efeito que a voz do alfa estava causando nela.

Zach se aproximou da beira do palco, seus olhos analisando as pessoas sentadas na primeira fila.

Anna prendeu a respiração enquanto os olhos dele se moviam, mas o olhar do alfa mal parou nela antes de passar para a próxima pessoa.

Ela soltou a respiração, aliviada, mas congelou quando ele voltou a olhar para ela.

Seu olhar parecia uma onda quente de ar que a varreu da cabeça aos pés.

A sala inteira pareceu ficar em silêncio no momento em que Anna encontrou seus olhos azuis, brilhantes e frios.

Seu peito começou a doer com a necessidade de respirar e suas bochechas estavam vermelhas devido ao calor que estava sentindo, mas seus olhos eram incapazes de deixar o olhar dele.

Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, ele passou para o resto das pessoas na fileira.

Os presentes conversavam enquanto Zach avaliava os membros do bando na primeira fila, e ele esperou todos ficarem quietos antes de falar novamente, mais suavemente desta vez.

"Todos aqueles que se juntarão a nós esta noite, subam ao palco."

Anna esperou que todos na fila se levantassem antes de seguir a pessoa que estava sentada ao lado dela, uma mulher de meia-idade.

Havia dez pessoas no total, incluindo seis jovens que pareciam ter cerca de treze anos, que era a idade em que os filhotes eram oficialmente aceitos na matilha Rio Prateado.

Eles entraram no palco em fila, virando-se para encarar o resto da sala.

Anna se sentiu segura no final da fila, feliz por poder ver todos os outros passarem pela cerimônia antes de chegar a sua vez.

Zach se aproximou da primeira pessoa da fila, uma garotinha que sorriu confiante para o alfa, claramente familiarizada com ele.

Ele sorriu de volta e se ajoelhou na frente dela, ainda permanecendo mais alto, e começou a falar.

"Você, Madeline, promete se juntar ao Rio Prateado e proteger o bando e todos os seus membros? Você promete ser leal e honrosa, e que colocará a matilha acima de tudo? E você jura lealdade a mim, Zach Thomas, como seu alfa?"

Suas palavras eram sérias, e Anna se viu hipnotizada por sua voz mais uma vez.

Seu olhar alternava entre ele e Madeline, e ela inclinou o corpo para frente para que pudesse ver melhor.

"Sim, eu juro." A voz de Madeline era confiante e clara, e Anna invejou a garota por isso.

Zach colocou as duas mãos nos ombros de Madeline e fechou os olhos.

Anna quase podia sentir a força dele. Ela ouviu Madeline inalar bruscamente e deduziu que aquele foi o momento em que a mente da menina foi totalmente trazida para o vínculo do bando.

Madeline abriu os olhos, parecendo um pouco atordoada, enquanto Zach se levantava e sorria orgulhosamente para ela.

O processo foi repetido com cada pessoa no palco até que, finalmente, Zach se aproximou de Anna.

Ela olhou para o chão, engolindo em seco quando as botas pretas dele pararam bem na frente dela.

A cabeça dela estava na altura do peito dele, e então ela olhou lentamente para cima até alcançar seu rosto.

Ali de perto, ela podia ver a barba grisalha cobrindo sua mandíbula forte e os lábios que estavam pressionados em uma linha fina e apertada.

Seu nariz era reto, levando a grossas sobrancelhas grisalhas que ficavam acima de olhos profundos.

A sobrancelha esquerda era cortada ao meio por uma grande cicatriz que ia até a têmpora. O ferimento deve ter sido quase fatal.

Se não fosse a expressão séria em seu rosto, a mecha de cabelo que caía sobre sua testa lhe daria uma aparência de menino.

Seus olhos azuis a encaravam, brilhando intensamente.

Era como se Anna quase pudesse ver o poder do alfa pulsando em torno de suas íris, como se seu lobo estivesse logo abaixo da superfície de sua pele humana.

Por um longo momento, ele não falou nada. Todo o seu corpo estava completamente imóvel, embora Anna pudesse jurar que o viu cheirando o ar.

Ela franziu a testa, se perguntando se este era o momento em que ele a declararia indigna de se juntar ao Rio Prateado.

Ela inalou trêmula, esperando... mas então, o momento passou, e ele começou a falar.

"Você, Anna, promete se juntar ao Rio Prateado e proteger o bando e todos os seus membros? Você promete ser leal e honrosa, e que colocará a matilha acima de tudo? E você jura lealdade a mim, Zach Thomas, como seu alfa?"

A voz grave dele fez Anna estremecer, e ela fechou os olhos.

Seu tom parecia muito mais intenso agora que ele estava bem na frente dela, falando diretamente com ela.

"Sim, eu juro."

Sua voz saiu baixa, mas mesmo assim Anna ficou feliz. Sua fala foi clara e calma, e o completo oposto do caos dentro de sua cabeça.

Zach colocou as mãos nos ombros dela, fechando os olhos como fez com todos os outros, e o foco de Anna foi completamente tomado pelo calor de sua pele tocando a dela.

Seu corpo começou a tremer, suas mãos implorando para tocar os antebraços de Zach. Mas de repente, ela começou a sentir uma pulsação em sua cabeça.

Anna fechou os olhos, sentindo uma sensação de puxão, como se estivesse sendo arrastada por uma corrente de água, embora tivesse certeza de que seu corpo não havia se movido um centímetro.

Zach se afastou e Anna olhou para ele, vendo-o sorrir para ela antes de se virar para o auditório.

Anna observou-o mover-se com os olhos embaçados, sentindo os joelhos começarem a tremer.

Ela ouvia ele falar, mas não conseguia entender as palavras. Parecia que ele estava em algum lugar muito distante.

Ele esticou os braços na frente do auditório, e Anna podia ouvir a multidão aplaudindo.

Sua cabeça começou a zumbir, um som que foi ficando cada vez mais alto até que ela não conseguia ouvir mais nada.

A dor começou a se espalhar por sua cabeça, começando em suas têmporas e movendo-se até que tudo estivesse doendo.

Ela fechou os olhos novamente e segurou a cabeça com as mãos, tentando amenizar a dor.

Ela podia sentir seus dedos tremendo, e ela tentou abrir os olhos para procurar alguém para ajudá-la, mas percebeu que mal conseguia fazer isso.

Ela abriu a boca com a intenção de pedir ajuda, mas a única coisa que saiu de seus lábios foi um gemido incompreensível.

Ela sentiu, ao invés de ver, todos no palco se virando para olhar para ela. Ela sentiu uma vibração no chão como se alguém tivesse dado um passo em sua direção.

Anna sentiu a escuridão se aproximando, e ela parou de resistir, querendo que a dor e o barulho parassem.

Seu corpo ficou flácido, caindo lentamente para a frente.

Anna rendeu-se à inconsciência, mas pouco antes de seu corpo atingir o chão, ela sentiu mãos ásperas a agarrarem.

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